— Sabe, os deuses mais poderosos, geralmente são os que parecem mais irrelevantes — a voz de Afrodite se alterava a cada sílaba; era a fala de uma femme fatale, de uma princesa, de uma bad girl, de uma nerd, de uma artista excêntrica. Cada palavra, entretanto, soava como amor feito som, como doce derretendo no ar, como pimenta sexual e chocolate elegante.
A caverna parecia se iluminar com a presença dela, mas a verdade, é que continuava tão obscura e deprimente quanto estava quando Eco a visitara. Para alguém comum, talvez parecesse mágica e exalasse poder. Para a deusa do amor, filha do céu e do mar, era nada além da casa patética de uma deusa menor.
— Poseidon e Zeus — ela soltou uma risadinha — Poderiam até ser os mais poderosos quando os humanos eram obcecados com a natureza. Hoje em dia, humanos procuram desbravar humanos, estudar humanos, entender humanos. E por isso, deuses com poderes como os nosso sobem na hierarquia. — Ela permitiu que seus olhos corressem pelo lugar, estalando a língua em desaprovação — Ou deveríamos, pelo menos.
— Se procuras absolvição para os pecados de seu filho, não vai achar — Nêmesis sorriu amargo, arrumando seu vestido; sem querer, procurava a aprovação da outra em relação a sua aparência — Assinei um contrato. Ei de respeitá-lo.
— Ah, querida. Não peço absolvição de nada. Sou a deusa do amor e da beleza. Acha que não entendo de vingança? Jogamos no mesmo time, amor. Eu só sou mais bonita.
— Não — ela continuou, antes que a outra pudesse manifestar ofensa — peço mais vingança ainda. Vingança da vingança fútil que você ofereceu a aquela vaidosa ninfa. Desejo que permita que alguém possa entrar em jornada para curar meu filho, cuja beleza merece ainda agraciar estas terras por muitos e muito anos.
— Uhm. — Nemesis fingiu desinteresse, mas a proposta de ainda mais vingança aquecia uma fogo dentro de si — Poderia ser interessante, Miss Olimpo.
Ela levantou e alcançou o teto da caverna com uma mão, arrancando uma estalactite de lá, e a jogando em direção à Afrodite, que a apanhou com graciosidade.
— A água que pinga dessas paredes é o suor e as lágrimas da vingança — Afrodite se afastou de uma goteira — Antes que o fruto delas derreta, alguém deve levar a forma nova de seu filho ao submundo, onde deverá ser julgado e purificado. Se isso não acontecer, tanto ele quanto seu salvador estarão para sempre presos lá embaixo.
A deusa do amor sorriu, seus olhos mudando de cor com o movimento.
— Parece uma linda proposta, cara Nêmesis. E acho que conheço o perfeito herói para esta cumprir tal missão.
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Jimin passou algum tempo tremendo depois de sair do pequeno armário. Ele caminhou como se tivesse um caminho já preparado, e nada tivesse acontecido, até que chegou ao seu quarto.
Então, sentou em cima da cama, respirando pesadamente. Choques vibravam em seu corpo, começando no seu pé e escalando até sua cabeça, indo dos seus dedos a suas clavículas, se espalhando dos cotovelo, rasgando uma trilha de dentro de suas costelas para fora.
O sol aquecia seu rosto, e o edredom sentia frio embaixo de si. Ele se viu em um confuso transe, um sentimento esquisito de gripe alterando a realidade. Ele não sabia quando sua mãe havia aparecido, mas de repente, se viu entre os braços dela.
Tinha algo acontecendo com seu corpo, algo realmente físico. As vibrações não sentiam tão psicológicas; sim, o que havia acontecido tinha sido chocante, mas de um jeito bom, aquela reação não fazia sentido. O que seu corpo sofria naquele momento era outra coisa. Sua visão se tornou colorida de amarelo, escurecendo até se tornar nada além de brilho opaco e sombras sem sentido. Sua mãe lhe disse algo por entre a luminosidade, mas suas palavras chegaram aos ouvidos do semideus como apenas mais uma tremulação suave.
Seu corpo agora vibrava mais violentamente. Seus contornos se contraiam, ondeavam, curvavam. Sentiu seus ossos se alterarem e sua pele se transformar. Não havia consistência naquela nova realidade: havia apenas brisa, luz e sombras. Começou a se preocupar: o sol sentia longínquo e a cama na distância de um sonho.
Ele não era mais um ser pensante. Sua mente era tão inconsistente quando seu corpo. Ele se transformou em água corrente, em bolhas de sabão, efêmeras e novas. Em fogo relutante, em tecido leve, em azul celestial, em estrelas violentas, em mármore bruto, em escuridão absoluta, em plantas... espere. Agora ele já sentia como se não fosse nada, ou como se fosse tudo. Já não sabia mais definir o que ele era, ou o que fazia ali. Qual era seu nome mesmo? Achava que tinha um. E onde estava? Tinha se sentido mal antes, mas não lembrava mais por que se preocupava. Alguma outra coisa tinha acontecido aquele dia, algo relevante, mas não conseguia pensar no que poderia ser.
Espera. O que era algo relevante mesmo? Suas memórias esmae... esmaequiam? esmaeciam? A lembrança da língua sumia também.
Então, parou de se perguntar. Sua água corrente virou um lago parado, tão parado que parecia um espelho. Sua consciência já não era mais consciente.
Não havia mais pensamentos, nem preocupações. Não havia luz, nem sombra. Não era um sentimento nem bom nem ruim, pois ele já não mais sentia. Ele era, mas não era. E não era, mas também era. Era, mas já não era algo que era.
TREEEETA
vai começar as coisas doidas em gente se prepara pra ação sofrimento tragédia muito beijo muita treta é muita dor ehnos
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NARCISO | MYG + PJM
Fanfiction"meus lábios suplicam pela morte nos teus" Como uma garrafa jogada ao mar, Yoongi é uma aparição repentina e mística no Olimpo. Filho de Hades e sua mulher, Perséfone, o deus dos artistas, da inspiração e da melancolia carrega uma aura doce e pesaro...