praia de eterno sol

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O pescoço de Jin estava virado em um ângulo que ele nunca soube ser possível antes. Pressionado contra o piso duro, estava dolorido por inteiro, como um boneco de retalhos que foi descosturado vezes demais. Se pudesse, abandonaria o corpo ali e deixaria sua cabeça viajar entre as linhas paralelas de tempo, onde talvez encontrasse mais felicidade.

Ele tinha finalmente acordado. Ou achava que tinha. Sentia sua consciência se esparramando e derramando, sem forças para se manter no corpo. Seu eu transbordava, vazando por seus poros como a luz branca que vinha da janela. Era a sensação fluida de um rio parado, água fria que parecia tremular dentro de si, vazio em um segundo interminável de existência entre estar completamente adormecido e extravagantemente acordado.

Suas pálpebras pareciam ter deixado o corpo, por mais que piscasse sonolentamente, a luz violava suas pupilas, dolorosamente brilhante e agradavelmente morna. Era como o sol dentro da própria cabeça, fora a radiotividade; ou talvez as explosões nucleares fossem responsáveis pelas galáxias que pontuavam a vista.

— Você consegue me ver? — uma voz sussurrou no pé do seu ouvido. Ele sentia o dono da fala clara e doce bem ali, mas continuava afundado no mar branco absoluto, sem noção de qualquer forma.

— Não... eu não consigo ver nada.

— Abra os olhos— o murmuro soou outra vez. Era gentil e familiar, mas não como a canção de uma mãe. Tinha um sarcasmo escondido, um desafio cortês, acidez de outro sentimento que Jin não conseguia reconhecer imediatamente. — Foque em mim.

— Mas eu não consigo focar em nada com toda essa luz — reclamou, atordoado.

— Ah — riu a voz, ainda com o mesmo tom. Era quase um flerte, mas preenchido de saudade e cuidado, como se estivesse encontrando alguém depois de muito tempo. Não poderia ser isso, entretanto. O agricultor tinha certeza que nunca conhecera uma luz cegante. — Não posso evitar que isso às vezes aconteça...

Um estalo baixo e abafado soou e as pálpebras de Jin previam ter retornado ao seu lugar. Uma dor começou a marcar o ponto atras de seus olho, palpitando.

— Agora, abra os olhos.

Antes de ver qualquer coisa, mais luz vazou para seus olhos, pintando sua visão de um dourado pálido. Então, algumas piscadas depois, coisas se tornaram mais óbvias. Tudo continuava levemente opaco, como se um véu de cor amanteigada tivesse sido jogado por cima da cabeça dele, mas agora, podia ver um homem bonito o encarando com um sorriso avassalador.

Não, não um homem bonito.

Simplesmente e completamente, um deus. E por alguma razão, Jin sabia quem ele era.

— A...apolo?

O homem sorriu e se afastou um pouco. A sala onde eles estavam era um quarto pequeno, iluminado por janelas que iam do teto até o chão, mostrando uma praia lá fora. O céu era de um azul forte e o cheiro salgado das ondas enchia as narinas.

— Você me conhece bem, e eu te conheço bem, não é, Seokjin?

— Ninguém me chama assim.

— Eu chamo. Sempre chamei.

— Sempre chamou? Como...

O sorriso do outro se alargou.

— Vamos dizer que suas preces foram ouvidas, e muito claramente. Eu tenho tentado cuidar de vocês a tempos.

Seokjin tinha pensamentos venenosos na ponta da língua sobre as tentativas de cuidado deles, mas preferiam se limitar a uma simples pergunta:

— Onde estamos?

— Onde estamos? — Apólo riu — Olimpo, claro.

O olhar do humano descansou no vidro, encarando a paisagem. A praia deserta e quente, de areia morena e mar escuro não fazia parte do cenário branco, pomposo e angelical que havia construído sobre o monte celestial.

— Não era o que esperava? — o deus parecia ter lido seus pensamentos — Eu entendo. Você deve ter a imagem famosa do centro, o palácio branco, as colinas nevadas e os bosques floridos, não?

— Se este centro é realmente o Olimpo, como aqui também pode ser? Como esse cenário e essa praia coexistem em tão pouco espaço?

— Falas bonito para um agricultor.

— Minha irmã lia muito. Aprendi dela.

A feição clara e animada do deus se fechou, como nuvens escuras.

— Eu preciso que você saiba, Seokjin, que eu fiz tudo que podia. — ele segurou o rosto do humano com sua mãos macias, que tinham um calor extraordinário — Eu implorei a todos os deuses, procurei todas as ninfas, tentei impedir que acontecesse. Mas o destino não está nas minhas mãos.

Jin podia jurar que uma lágrima havia descido de seu olho esquerdo, mas nada havia em seu rosto, como se a água tivesse evaporado.

— Mas então — disse — responda minha pergunta, Apólo.

— Primeiro, meu nome é Hoseok. E respondendo à sua pergunta, lua impaciente, deuses não se curvam aos limites humanos de espaço. O Olimpo é bem maior do que seu mundo.

Jin concordou.

— Lua impaciente?

— Ah, bem — Hoseok riu — sendo eu o sol, costumo me referir a aquele que gosto como a lua. Ártemis sempre se incomoda, mas irmãs são assim, não é mesmo?

— É — Jin respondeu com um sorriso. — Elas são.

Existe o luto depois de mortes. Dura muito tempo, dói e parece que nunca vai cicatrizar, uma ferida de ácido que quando insinua que vai se acalmar, retorna borbulhante. Mas depois de tempo suficiente, isso passa, ou pelo menos é enterrado entre coisas boas. Nesse ponto, o que restam são memórias doces e nostalgia saudável, pensamentos de uma vida com aquela pessoa que trazem gratidão, não raiva.

Mesmo que só tivessem se passado algumas horas,  Jin conseguia se sentir assim sobre Jizi quando na presença do deus do sol — ia durar pouco, ele sabia. Mas isso não o impediria de sair correndo do quarto com os dedos entrelaçados ao de Hoseok e se jogar à mercê das ondas mornas.

Eu até gosto de narciso mas me preocupo se vcs estão gostando por que tem uma quantidade de views okay mas bem poucos votos aí não sei se na vdd essa fic tá uma merda

NARCISO | MYG + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora