cádaver

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A noite foi iluminada por estrelas.

Não deveria ter sido.

Deveria ter chovido. Sim, Jin pensou, poderia ter caído um temporal forte o suficiente para esmagar o telhado, o matando de uma vez por todas. Ou talvez, água transbordasse pelas goteiras numerosas e ele se afogasse. Ou a luz molhasse, explodisse, e ele poderia morrer queimado.

Céus, se Apólo decidisse fazer o sol derreter em cima dele, separando a carne de seu osso e fazendo seu corpo desmantelar como cera, ele estaria feliz.

Mas nada disso aconteceu. E o tempo não parou. O mundo continuava acontecendo, mesmo que tudo que ele quisesse fosse que as coisas parassem e ele pudesse descansar pelo menos uma vez na vida.

A lua continuou brilhando e as estrelas também, por que os cosmos não ficam de luto por ninguém.

Longe dali, em algum ponto da estrada, alguém estava dando uma festa e os ruídos de uma música irreconhecível se esgueiravam até a chácara. Ele amaldiçoou quem quer que estivesse ousando ser feliz naquele momento.

E Jin não tinha a menor ideia do que fazer. Nem do que sentir. Ele não estava triste. Nem raivoso.

Ele não tinha a menor ideia do seu estado.

Ele apenas relaxou, de alguma forma. Seus ombros desceram, o maxilar soltou e a feição perdeu qualquer indício de emoção que se poderia ter.

Jin se sentou contra a parede, sentindo a vibração que vinha por via sonora. Seus joelhos encontraram seu peito e seus olhos vidrados continuaram encarando a mão que pendia da cama.

Naquele dia, ele dormiu junto a um cadáver. Um corpo sem vida. Uma pessoa, morta. E era apenas isso que o pobre agricultor conseguiria pensar, por dias, semanas, meses a vir.

Morta.

Sua irmã estava morta.

-

... Então né.....

Oi gente só sua view me deixa feliz mas vamos clicar na estrelinha, é mt simples

NARCISO | MYG + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora