— Jovem Príncipe! — gritou o fantasma — Pare agora!
Yoongi não parou. Seus pés e os de Apolo, que carregava Seokjin, soavam pesados contra o mármore. Os fantasmas se aproximavam, e ainda faltava para a portinha.
— Yoongi! — gritou seu companheiro — Seokjin está desaparecendo.
Um rápido olhar para trás comprovou seu grito. Nas mãos do deus, o corpo do humano se tornava translúcido. Merda. Então, com um floreio aberto de seu braço, o ar se abriu em um rasgo negro e opaco. O silêncio pingou pelas paredes do salão. Por um efêmero momento, a realidade congelou. E assim que esse momento acabou, o mundo desabou em câmera rápida. De repente, o salão se desfez ao redor dos três.
E de novo, Yoongi estava em casa. Tornado um com o nada e o tudo.
Mas dessa vez, o espaço de transição não foi apenas isso. Não, dessa vez, aquele lugar que deveria ser pura fluidez lhe parecia sólido. No escuro, uma voz o chamou.
— Príncipe? — gritou uma voz feminina.
Yoongi deu um passo para frente. Normalmente, isso seria impossível. Quando se teletransportava, rompia a noção de espaço e tempo: não havia como se mover em um lugar que não existe. Nem mesmo um corpo físico deveria ter. Mas lá estava ele, no escuro, caminhando pelo breu com seu corpo.
Uma luz cobre coloriu o preto, e com o farfalhar de cabelos, uma mulher apareceu.
— Olá — ele disse.
Em sua mão esquerda, estendida, ela carregava uma vela acesa, que suspirava luz amarela em seu rosto. Ela estava completamente nua, mas a maior parte de seu corpo magro era coberta por seus cabelos. As mechas negras escorriam até o chão, densas e brilhantes como se tivessem sido banhadas em óleo, lisas como se tivessem sido passadas a ferro. O negrume de seus fios era tal que parecia se unir aos arredores, e contrastava enormemente com sua pele pálida feito marfim.
A mulher sorriu e jogou a vela para cima, que flutuou no ar. Yoongi então olhou para baixo e percebeu que ele, também, estava nu. De um jeito, sentia que se estivesse vestido, estaria cometendo um pecado. Aquele lugar escuro era apenas para a verdade crua.
— Filho de Hades — disse a mulher. Sua voz doce era pouco mais do que um sussurro — Olá. Meu nome é Nix.
Yoongi fez uma mesura. Um calafrio caminhou por suas costas. O poder primordial que lhe sorria era muito maior do que o de outros deuses.
— É uma honra, senhora.
Nix, deusa primordial da noite, a personificação da própria, sentou-se silenciosamente à frente dele, com as pernas cruzadas e o queixo entre as delicadas mãos. Seu cabelo se espalhou ao seu redor. Ela não parecia ter mais de vinte anos.
— Sente-se, meu caro — ela disse — Vamos bater um papo, hum?
Yoongi se sentou, imitando sua postura, e assim ficaram se encarando por um tempo. Ali, examinou todos os detalhes de sua complexão. Seus olhos era escuros como duas pedras ônix, com cílios de boneca os decorando. Seu nariz arrebitado era decorado por sardas escuras e sua boca pequena e cheia brilhava em um tom de pêssego. Observou o jeito delgado que sua cintura se tornava seu quadril, e o modo como este se moldava para se tornar a pélvis. Ele gostaria de pintar somente a curva de sua cintura pro resto de sua vida eterna, e escrever poemas múltiplos sobre o modo como seus ombros se tornavam seu pescoço. Em uma outra vida, teria flertado com ela — ou pelo menos tentado, porque o poder absoluto que ela tinha e exalava era incomparável a humilde divina pessoa de uma jovem entidade como Yoongi.
Mas naquela vida, não havia tempo para flertar com deusas da noite. Cada segundo que passava ali, era um segundo a menos para salvar Jimin.
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NARCISO | MYG + PJM
Fanfiction"meus lábios suplicam pela morte nos teus" Como uma garrafa jogada ao mar, Yoongi é uma aparição repentina e mística no Olimpo. Filho de Hades e sua mulher, Perséfone, o deus dos artistas, da inspiração e da melancolia carrega uma aura doce e pesaro...