Prólogo

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Ele sabia que o que ele estava fazendo era o pior trabalho do mundo. Não havia outro solar na fortaleza para fazer aquilo. Parecia que o destino estava pregando mais uma peça nele. O destino fazia isso com frequência. Kris era o solar mais baixo que existia na fortaleza. Se o sol não o tivesse escolhido, ele poderia se passar com um humano comum tranquilamente. Primeiro, seus cabelos eram longos e ruivos, uma coisa que era extremamente rara entre os solares, que tinham cabelos ou negros como a noite ou loiros como o dia. Ruivo era algum tipo de anormalidade. E os solares levavam muito a sério isso.
Kris, para piorar, tinha sardas no rosto e seu físico não era um dos mais atléticos, mas ele tinha seus músculos. Todo trabalho duro era ele quem realizava. E com duro, quer dizer dispensável. Os solares o desprezavam, era essa sua realidade. Agora, ele não estava na fortaleza. Foi designada a Kris, a tarefa de cuidar dos cavalos do sol. Pode parecer algo simples, mas cavalos do sol não eram como cavalos normais. Cavalos do sol eram selvagens e perigosos, só obedecendo um solar em toda a vida. Domar um cavalo do sol era o mesmo que domar um leão.
Kris observava eles o encarando em suas baias. Eles relichavam toda vez que ele pisava mais forte, o que o deixava apavorado.
- Tá tudo bem... - Kris disse com a voz baixa. Não aos cavalos, a si mesmo.
O estábulo era enorme. Um grande retângulo que abrigava mais de trezentos cavalos. Metade deles domados. Kris ia colocando o feno nas cocheiras, o que acalmava os cavalos pois eles começavam a comer e se distraíam. Fazia mais de uma hora que ele estava fazendo isso e nada de acabar. Respirou aliviado depois de mais uma hora quando colocou feno na última cocheira. Limpou o feno das suas vestes. Uma túnica amarela com o símbolo do sol a frente. Suas calças pretas estavam molhadas depois de trocar a água dos cavalos. Quando se sentou no chão para respirar melhor, ouviu passos pelo estábulo. Um rapaz da mesma idade de Kris se aproximou. Tinha os cabelos negros longos presos em um rabo. Suas roupas eram diferentes ja que era um solar guerreiro. Vestes douradas eram o sonho de Kris.
- O que ainda está fazendo aqui, ruivinha? - O rapaz disse. Infelizmente, toda a fortaleza se dirigia a Kris com o apelido de ruivinha. Sabia o porque mas não sabia porque dizer isso na forma feminina.
- Estou dando comida aos cavalos. - Kris respondeu na mesma ignorância que lhe foi dirigida a pergunta.
- O sacerdote quer todos os solares no grande salão! - Ele respondeu. - As lunares finalmente vão chegar essa noite.
Lunares. Toda a fortaleza só falava disso. As mulheres da lua. Os solares ficaram animados e esperançosos, já que um bando de mulheres iria chegar e ficar na fortaleza do sol. Kris não se importava com isso. Ele se importava com o porque delas estarem vindo. Boatos rondavam toda a fortaleza.
- Estou indo. - Kris disse se levantando.
- Então não demora, ruivinha. - O outro solar disse e saiu correndo.
Kris respirou fundo. Porquê ele foi escolhido para ser um solar? Uma vida de humilhação não era o que ele queria. Mas ele não tinha escolha. Andando devagar, Kris saiu do estábulo.



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