Conversa privada

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Kris acompanhou as lunares enquanto elas se retiravam do salão, após o jantar. Ayana pediu para que ele ficasse no salão, restando lá só eles, as altas e o sacerdote.
- Aubrey Moon! - Ífar sorriu e se aproximou dela. - Sei que pode estar tarde, mas gostaria muito que você conversasse comigo a sós em minha sala. De sacerdote para sacerdotisa.
- É muita gentileza, Sacerdote. - Aubrey disse simpática. - Mas não conheço a fortaleza e as lunares...
- Deixe disso... - O sacerdote apontou para Kris. - O garoto conhece a fortaleza como qualquer solar. Ele te levará aos meus aposentos e depois de volta as suas lunares.
- Sendo assim... - Aubrey assentiu com a cabeça. Ífar ficou satisfeito.
- Te vejo lá então. - Ele se retirou pela porta, deixando os que ficaram ali sozinhos.
- Vamos então. - Aubrey se virou para Kris.
- Aubrey. - Kelene se aproximou. - Não pode ir vestida assim.
Kris reparou no vestido dela. Não era tão branco quanto pensava. Estava encardido, e os pés dela não iam longe de sujeira.
- É a sacerdotisa agora. - Garva disse. - Peça suas vestes à lua.
- Garva, tantas coisas a se preocupar no momento...
- Peça! - Garva falou em tom autoritário.
Aubrey assentiu com relutância. Com os olhos fechados, ela pareceu ficar mais calma. Kris quase gritou.
Seu vestido branco brilhou intenso. Um brilho branco de quase cegar os olhos. Aubrey Moon estava linda. Um vestido azul escuro adornava suas lindas curvas. Até seus cabelos pareceram escovados. Kris adoraria aprender a fazer isso.
- Muito melhor. - Garva disse séria. - Onde já se viu uma sacerdotisa em trapos?
Ayana chamou ambas as altas e as três se retiraram, deixando Kris e Aubrey sozinhos. Kris imediatamente ficou vermelho.
- Kris? - Ela falou.
- Ah...sim! - Kris começou a andar pelo caminho. - Po... Por aqui, sacerdotisa.
- Me chame de Aubrey. - Ela tinha uma voz serena e tranquila. Aquilo acalmava Kris.
Após andarem escadas acima, finalmente chegaram a uma porta de madeira de carvalho, com o sol estampado em um desenho colorido.
- Pode entrar, sacerdotisa. - Kris não conseguia olhar ela nos olhos. Porque era tão envergonhado? - Ficarei aqui fora aguardando.
- Muito bem. - Aubrey falou e logo em seguida deu três toques na porta.
- Entre! - A voz de Ífar saiu abafada. Aubrey entrou e Kris ficou esperando do lado de fora.

***
Finalmente a porta foi aberta e Aubrey saiu la de dentro. Kris se levantou do chão, onde estava sentado esperando.
- Me desculpe por fazê-lo esperar. - Aubrey disse enquanto desciam as escadas. - Seu sacerdote tem muitas perguntas.
Kris não respondeu nada. Continuou a levando para a área da montanha onde as lunares estavam.
- Você é bem silencioso. - Aubrey disse depois de um tempo. - Não quer conversar?
- Ah... Não é isso. - Kris ficou vermelho novamente. - Eu...
- Não precisa ficar tímido. - Aubrey tinha uma maneira de falar que parecia leve. Não parecia uma sacerdotisa poderosa e sim alguém comum. - Minha amiga Meg daria certo com você, ambos muito tímidos.
Kris deu um sorrisinho fraco e assentiu com a cabeça, torcendo para que chegassem logo no destino. Finalmente chegaram em uma enorme porta de ferro, que estava entreaberta.
Kris esperou Aubrey entrar primeiro, logo após ele a seguiu.
Era um enorme salão empoeirado. Haviam teias de aranha por toda parte, mas as lunares se esforçavam para fazer ali se tornarem seu lar. Fogo branco crepitava nas lareiras, no total cinco, pelo salão. Vários colchões foram espalhados pelo salão, com as lunares prontas para tirar um descanso merecido.
- Aubrey! - Meg veio correndo em sua direção, com Luize ao seu lado. - Como foi?
- Deixa ela respirar, Meg. - Luize disse. - Eu que não queria estar respirando nessa poeira.
- Não está tão ruim assim. - Garva se aproximou com o vestido preto arrastando no chão. - Melhor que ruínas.
Luize deu de ombros e voltou pro seu colchão.
- Depois quero saber tudo. - Meg sorriu para Aubrey, lançando um olhar para Kris e depois indo atrás de Luize.
- O sacerdote reservou um quarto para as altas na Torre Leste. - Ayana se aproximou, dizendo.
- Prefiro ficar aqui junto com todas as lunares. - Aubrey disse rapidamente. - É bom ficarmos unidas nesses tempos.
Ayana assentiu, puxando Kris para a porta.
- Tenham uma boa noite então. - Ela sorriu, fazendo uma reverência. - Devo ir aos meus aposentos e Kris também.
Aubrey assentiu com a cabeça, observando Kris.
Ayana e ele saíram do cômodo.
- Pensei que iria dormir com elas. - Kris disse enquanto andavam.
- Já está muito cheio. - Ayana chegou à porta de seu aposento e deu um beijo na testa de Kris. - Boa noite.
- Boa noite, Ay. - Kris respondeu, vendo a porta se fechar a sua frente. Foi sozinho para seu quarto.

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