Visita

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Todas as luzes foram apagadas. O frio tomou conta de todo o salão. Muitas pessoas olharam para os vidros no chão, assustadas.
- Vocês estão bem? - Ífar se aproximou dos convidados. - Pode ter sido um simples tremor da terra.
- Não foi.
A voz veio do ar. Alta e estridente, fazendo os ouvidos de Kris doerem. Uma risada longa e arrastada se seguiu logo depois. Todos se entreolharam assustados. Outro barulho alto. Uma faísca começou a se formar em frente do trono do sacerdote. Era fogo, sem nenhuma dúvida. A faísca começou a rodar, gerando algo maior. Uma bola de fogo. Aos poucos foi crescendo. Todos ali, lunares e solares, ficaram em posição de luta. O primeiro instinto de defesa, caso aquilo fosse perigoso. Aubrey tomou a frente de todos e ficou mais próxima da chama, junto com o sacerdote Ífar.
Eles afastaram quando o fogo ja estava com o tamanho de uma pessoa. E logo depois, Kris viu que se tratava de uma pessoa. No meio das chamas, uma silhueta se formou. Parecia pertencer a uma mulher. Usando o ar como uma escada, ela desceu do fogo flutuante. Era definitivamente uma mulher. Usava roupas negras e seu rosto estava coberto por um capuz. Grandes botas negras bateram no chão quando ela aterrissou. Ela pareceu sorrir, olhando para todos ali. Kris reparou nas mãos dela, cobertas por luvas. Estavam literalmente pegando fogo. As chamas dançavam em seus dedos.
- Quem é você? - Ífar disse, ainda em posição de luta. Se aquela mulher atacasse, acabaria no chão em questão de instantes.
- Quem sou eu? - A mulher retirou o capuz. Seus cabelos eram negros e era bem bonita. Um tipo de beleza ameaçadora. - A pergunta correta seria... o que eu sou.
- Como conseguiu passar pelos guardas? - Ífar disse. Parecia estar assustado de alguma forma. Ela não parecia ser uma lunar, então como teria magia?
- Os guardas estão... tirando um cochilo. - A mulher disse, descendo do degrau do altar, fazendo todos darem um passo para trás. Ela olhou para Aubrey e sorriu. - Aubrey Moon!
- Como sabe meu nome? - Aubrey deu um passo a frente. Sem medo.
- Eu sei tantas coisas, lunar. - Ela sorriu novamente. - Ficaria chocada com o que eu sei.
- Podemos te ajudar. - Kelene interferiu, falando no fundo. - É uma lunar sem treino. Isso explicaria o fato da magia descontrolada.
- Eu não sou uma lunar. - A mulher disse com uma cara de nojo. Isso pareceu a ofender. - Vocês, lunares e solares, vivendo em seu mundinho e se esquecendo do mundo lá fora. Esquecendo dos outros praticantes.
- Praticantes? - Aubrey se indagou. - Não existem outros praticantes.
- Ah não? - A mulher elevou uma mão, fazendo a bola de fogo atrás dela subir para cima. - Então como explicaria isso, sacerdotisa? Não devo explicações para vocês. Estou aqui somente para dar uma mensagem.
Ela desceu a mão elevada, fazendo a bola de fogo abaixar com força, fazendo um impulso, jogando todos para trás.
- Ysmatiz está voltando. - Ela disse, com a voz alta e ribombando por toda parte. - Ela não estará sozinha. A exclusão de vocês ao mundo exterior lhe deu a oportunidade de unir forças a todos os outros seres de magia...
Aubrey se levantou rapidamente, lançando uma rajada azul na mulher. Dando um tapinha no ar, a rajada foi desviada e bateu na parede com força.
- Não me interrompa enquanto estiver falando, Aubrey. - A mulher levantou a perna e pisou com a bota no chão, fazendo com que Aubrey fosse arremessada para o outro lado do salão. Batendo em cheio com as costas na parede. - Continuando... É questão de tempo até todos vocês serem subjugados pelo verdadeiro poder dos outros seres. Entreguem o grifo do sol e deixem a fortaleza. Se isso for feito até a próxima lua cheia, serão poupados. Se não...
A mulher flutuou no ar, fazendo as mãos se encherem de mais chamas.
- Eis o primeiro recado da tribo do fogo.
Um clarão surgiu, fazendo todos do salão fecharem os olhos devido a luz intensa. Logo após, a mulher havia sumido, junto com a bola de fogo. Mas havia alguma coisa nova ali. Um montinho de cinzas e ao lado, uma armadura de solar chamuscada pelo fogo.

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