Cap 33

6.7K 337 19
                                    

Makaila Narrando:

Acordo lentamente, sentindo o ambiente ao meu redor mergulhar em um silêncio denso. A luz fraca do luar entra pela janela, iluminando o quarto de maneira suave. Ao meu lado, o espaço está vazio; o Hunter não está aqui. A ausência dele é uma lembrança constante da solidão que frequentemente sinto, mesmo cercada por pessoas que amo.

Coloco a mão sobre a barriga e, por um instante, sinto um movimento sutil. Um frio na espinha percorre meu corpo. A ideia de estar grávida flutua em minha mente, misturando-se com a incerteza sobre o futuro. Quatro meses... O pensamento me faz questionar tudo: o que isso significa para mim, para nós, para a minha família?

Levanto-me com cuidado, tentando não fazer barulho. O celular está sobre a mesinha de cabeceira, e ao pegá-lo, vejo que são quase 23h. Uma mensagem do JP brilha na tela, e meu coração acelera ao pensar nele. Quero ouvir sua voz, saber que ele está bem, mesmo que a última conversa tenha sido intensa e cheia de emoções.

Com a luz do celular iluminando meu rosto, sinto a ansiedade se acumular. O que direi a ele? Como vou explicar tudo? O peso da responsabilidade me faz hesitar. A incerteza é como uma sombra, sempre à espreita.

Decido que preciso falar com ele, então discuto em voz baixa, quase como um mantra para reunir coragem. A chamada conecta-se, e um silêncio inquietante preenche o ar. Quando finalmente ouço sua voz, uma mistura de alívio e nervosismo se instala.

— Alô? — Ele pergunta, e sinto a familiaridade da sua preocupação.

— JP? — digo, tentando soar firme, mas a vulnerabilidade escapa em minha voz.

— Oi, tudo bem? — Sua resposta é imediata, mas a ansiedade em sua voz é palpável.

Respiro fundo, o peito apertado com uma mistura de saudade e expectativa. O desejo de partilhar minha descoberta me impulsiona, mas a dúvida ainda me retém.

— Eu... preciso te contar uma coisa importante.

O silêncio no outro lado da linha é tenso. Sinto a necessidade de articular meus pensamentos, mas a verdade é que estou me sentindo um pouco perdida.

— Fala, por favor — ele encoraja, e sua voz me dá um leve impulso.

Uma onda de emoções me invade, e olho pela janela, admirando a lua cheia. As lembranças da nossa infância e da união que compartilhamos são como uma âncora, me lembrando que não estou sozinha nessa jornada.

— Estou grávida — finalmente digo, cada sílaba pesada com significado. As palavras flutuam no ar, e por um momento, tudo parece parar. A realidade da situação me envolve, e sinto que, de alguma forma, a vida já começou a mudar.

— O quê? — O choque na voz dele é evidente, mas não é de desespero. É a surpresa genuína de quem não esperava ouvir essa notícia.

Do outro lado da linha, o silêncio é quebrado por um ruído. Alemão, que estava na sala, ouve a conversa e para para prestar atenção, sentindo seu coração disparar. A última coisa que ele esperava ouvir era que Makaila estava grávida. A inquietação toma conta dele, e ele se aproxima, tentando captar cada palavra.

— JP, calma, só me explica! — diz ele em voz alta, como se estivesse tentando participar da conversa, mesmo sem estar na linha.

Enquanto isso, JP tenta se recompor, a surpresa tomando conta dele.

— Como é possível? — sua voz se eleva em uma mistura de preocupação e confusão. — Quem está grávida?

Alemão, percebendo o tom alarmado, interrompe.

— O QUE?! — grita, fazendo com que alguns objetos na mesa balancem. O seu instinto protetor aflora.

— Calma! — responde JP, tentando conter a situação. — Ela ainda não falou.

— Makaila? — o nome dela soa como um eco em sua mente, e ele se inclina para ouvir melhor.

— Sou eu — digo baixinho, o medo e a insegurança me envolvem.

— Como é possível? — pergunta JP, a incredulidade em sua voz é clara. — Como você pode estar grávida, porra?!

— O QUE?! QUEM FOI O FDP! EU MATO ESSES DOIS, CRLH MANO! — grita Alemão, a raiva e a preocupação misturadas em suas palavras, fazendo com que a tensão aumente no ar.

— Makaila?! — a voz de JP é urgente, quase desesperada, enquanto ele tenta entender a situação. — O que aconteceu? Como você se sente?

A mistura de vozes e emoções se torna um turbilhão, e meu choro começa a surgir, incontrolável. O medo do desconhecido, a preocupação com o que isso significa para todos nós, e a certeza de que, independentemente do que aconteça, preciso ser forte.

— Não! NAO NAO NAO! — grito em desespero, tentando ligar de novo, mas a chamada vai direto para a caixa postal. O pânico cresce, e sou surpreendida por braços envolvendo-me.

Quando olho para o lado, vejo Hunter e Leila, preocupados, mas prontos para me apoiar.

— Shhh, calma — sussurra Leila, enquanto Hunter me abraça apertado. A conexão com eles me traz um pouco de conforto em meio ao caos.


De dois Mundos (antigo No morro sendo reescrito )Onde histórias criam vida. Descubra agora