Acordo ao som de bip bip de algo estranho. Tento me mexer, mas, mesmo de olhos fechados, sinto que estou preso. Forço mais uma vez, e nada. Abro os olhos devagar e vejo que estou numa cama de hospital, com os braços e as pernas amarrados. O que é isso? Merda. Começo a puxar os braços, numa tentativa desesperada de me soltar, mas não adianta. Só consigo esbarrar num controle que estava ao lado da cama, o qual deixo cair no chão. Fod*-se*.
A porta se abre e entra uma enfermeira. Uma mulher incrivelmente atraente, com uma bata branca justa, destacando seus quadris de forma provocante. Meu corpo reage de imediato, o que me irrita ainda mais. Eu preso aqui, e meu pau respondendo a uma situação dessas. Grande merda.
— Até que enfim acordou... e já vejo que tentou se soltar — diz ela, brincando com a ponta da caneta nos lábios e balançando a cabeça em desaprovação.
— E você está me causando dor — murmuro, sorrindo de lado, mas deixando claro que não era uma dor qualquer.
Ela se aproxima, ainda com aquele sorriso malicioso, e seus olhos deslizam para o volume sob a coberta. Com um movimento rápido, puxa-a de leve, expondo minha nudez e minha ereção sem o menor pudor. Ela sorri de novo.
— Já percebi sua dor... — comenta, rindo baixinho. — Vou chamar o médico.
Dá meia-volta, me cobre de novo e sai da sala, me deixando ali, com o corpo pulsando de frustração e a mente repleta de pensamentos desordenados.
Fico sozinho, tentando entender como as coisas chegaram a esse ponto. Droga, droguei-me de novo. Por que, caralho? E por que Makaila tinha que engravidar... e de outro? Essa ideia me atormenta. Eu queria ela só para mim. Fod*-se* tudo. Fod*-se* o CH. Está na hora de fazer as coisas do meu jeito, de trazê-la de volta, seja como for.
Fecho os olhos, tentando afastar os pensamentos. Mas só consigo pensar nela. Nos seus cabelos, no sorriso, nos olhos que sempre me prendiam. Não importa o quanto tente, ela ainda está aqui, na minha mente. Ela é minha, e eu não vou deixá-la escapar.
A porta se abre novamente, interrompendo meus devaneios, e JP entra com a cara de sempre, seguido pela enfermeira. O cheiro do hospital é forte, misturado com o desinfetante que me faz sentir ainda mais preso à situação.
— E aí, cuzão, já acordou, hein? — diz JP, soltando aquele sorriso deboche que sempre me irrita.
Tento sorrir de volta, mas a dor ainda persiste. — Isso não foi nada, tô firme. A minha voz sai arrastada, e mesmo assim, sinto a necessidade de me mostrar forte, mesmo que a realidade grite o contrário.
JP solta uma gargalhada alta, quase escandalosa. — Firme? Tu teve overdose, quase morreu, e ainda fala que tá firme? Hahaha! Ele parece se divertir com a minha desgraça.
Antes que eu pudesse retrucar, CH entra logo atrás, sua expressão é de desaprovação. Ele é sempre o responsável, sempre preocupado, e isso me deixa mais irritado.
— Chega, JP. — Ele cruza os braços, me encarando. — Você não pode se drogar assim, moleque irresponsável. Já pensou na Sofia, como ela ia ficar se o pai dela não tivesse vivo?
A menção da minha filha me acerta em cheio. O meu coração dispara e a responsabilidade que eu evito há tanto tempo volta para me assombrar. A única coisa que consigo pensar é que não posso falhar com ela. A lembrança da sua risadinha, a forma como ela se ilumina ao me ver... tudo isso me dá um nó na garganta.
JP continua, desta vez com um tom mais grave. — Imagina o susto que a pirralha teve... teve que ir pro hospital também.
Num impulso, me esforço para levantar da cama, mas as amarras me seguram com força. — O QUE ACONTECEU COM A MINHA FILHA, CARALHO? A pergunta explode dos meus lábios, um misto de preocupação e raiva.
CH levanta a mão, me pedindo calma. — Para de gritar. A Sofia tá bem. Foi a Makaila que passou mal. Mas ela e o bebê estão fora de perigo.
Bebê. A palavra reverbera na minha cabeça, um eco que não consigo ignorar. Tentei controlar a respiração, mas a pressão no meu peito aumenta. O que eu fiz? Minha mente começa a girar, me torturando com a ideia de que, por causa da minha irresponsabilidade, ela pode ter passado por algo grave.
JP parece notar minha mudança de expressão e tenta ser mais conciliador. — Eu falei com ela uns cinco minutos atrás. Disse que o bebê tá forte e ela também. Perguntei de quanto tempo ela tá, e ela disse 16 semanas... mas eu nem entendo dessas coisas.
O silêncio que se segue é pesado. Fico em estado de choque, absorvendo o que acabei de ouvir. Quase sinto o chão se abrir sob meus pés. — Quatro meses. A frase da enfermeira se repete na minha mente como uma maldição. O que isso significa? Estava com ela uma vez... Não me lembro de ter sentido alguma coisa diferente, mas e se? E se...?
A enfermeira, que parece já estar acostumada com o caos emocional dos pacientes, tira a agulha do meu braço com uma calma quase irritante. — Eu quero mais é que se foda esse bastardo de outro... O desespero me faz falar sem pensar.
Ela se limita a balançar a cabeça, como se já estivesse ouvido essa história antes. — 16 semanas são quatro meses. Sua voz é neutra, mas a verdade dela me atinge como um soco no estômago.
— Quatro meses? — CH diz alto, sua expressão uma mistura de espanto e confusão. O que ele não entende é que, para mim, isso não é apenas uma questão matemática; é uma bomba prestes a explodir na minha vida.
JP, agora mais calado, olha para CH, e os dois trocam um olhar significativo. — Quatro meses... isso quer dizer que... A realização parece surgir lentamente em suas mentes, e eles se viram para mim, olhos arregalados, como se a verdade estivesse diante deles.
O que tem ela ter quatro meses? A verdade bate com força. Eu só estive com ela uma vez. Devo ter usado camisinha, mas e se não? Ou será que ela fodeu com outro logo depois? Minha mente está num caos absoluto. Uma série de perguntas, de incertezas. O que isso significa para nós? Para a Sofia? O medo e a raiva se misturam, e a única coisa que consigo pensar é que, se ela estiver esperando um filho de outro, a dor vai me consumir.
A enfermeira se afasta, deixando espaço para o médico entrar. O olhar dele é sério, e a pressão sobre mim só aumenta. O que eu vou fazer agora? Essa situação é um pesadelo do qual não consigo acordar, e a única certeza que tenho é que preciso saber a verdade, custe o que custar.
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De dois Mundos (antigo No morro sendo reescrito )
RandomA vida dela nunca foi fácil, e ele está longe de torná-la mais simples. Dois mundos completamente diferentes colidem, e ambos terão que descobrir o que realmente significa amar. Ela, uma estudante comum. Ele, um mafioso perigoso. Prepare-se para uma...