Makaila Narrando
Já se passaram cerca de seis horas desde que a chamada caiu. Tentei contatar o JP e o papai, mas nenhum deles respondeu. Sinto que já não tenho mais lágrimas para chorar. Tomei um calmante para não estressar, afinal, agora não sou mais só eu; uma nova vida dentro de mim depende de mim. O Hunter e a Leila tentaram me confortar, mas não consigo falar com ninguém. Só consigo pensar no Brian. O que foi que eu fiz? Por que contei tudo? Não deveria ter contado...
Olho para o celular, na esperança de ver alguma chamada, mas não há nada. Então, uma lembrança me surge: a Clara. Desbloqueio o celular e ligo para o número dela.
Chamada On:
— Maya: Olá!
— Makaila: Maya! A mamãe?
— Maya: Ela foi levar os papéis para o papai, que está na porta. — Ela fala com dificuldade.
— Makaila: Vai chamar ela para mim, por favor. — A dor no meu peito arde intensamente.
— Maya: Ah... tá bom. — Após uma pausa, ouço ela chamar: — Mamãe!
Escuto vozes ao fundo, mas não consigo entender o que falam.
— Clara: Agora não, Maya, estou falando com o JP! — A voz da minha mãe soa distante.
— Maya: Mas é a mana que está no celular.
Ouvindo isso, uma onda de esperança me invade. Então, finalmente ouço a Clara pegar o celular.
— Clara: Makaila! — Sua surpresa é clara.
— Makaila: Eu preciso falar com o JP, Clara! O celular dele está desligado. — Falo rápido, esquecendo de respirar.
— Clara: O celular dele quebrou, ele não pode falar agora. Sinto muito.
— Makaila: Por que não pode? — A impaciência transparece na minha voz. — Por que ele não pode falar, Clara?!
— Clara: Ele não pode, porque...
— Makaila: O que está acontecendo? — Um aperto no estômago me faz quase perder a calma.
— Clara: O seu pai não vai gostar nada disso... — Ouço um suspiro dela. — É que o Alemão teve uma overdose e chegou ao postinho sem pulso.
As palavras dela caem como um peso sobre mim. Deixo o celular escorregar da minha mão, e ao mesmo tempo, caio de joelhos. As lágrimas que pensei que não tinha mais começam a fluir, e a culpa me consome. Eu matei ele, eu matei o pai da minha filha. O soluço alto escapa de mim, e a Leila entra no quarto, correndo para me abraçar.
— Leila: Maki, o que aconteceu? — Ela me segura no chão.
— Makaila: E... Eu... Ma... Matei... ele. — As palavras saem entrecortadas por choro.
— Leila: O que?! — Ela se assusta, sem entender. — Como assim? Não é possível, você está aqui.
— Makaila: Ele... droga... teve... overdose. — Tento me explicar, mas começo a hiperventilar, sentindo o oxigênio faltar.
Leila olha para mim, e a preocupação em seu olhar é palpável. Ela grita pelo Hunter, mas não consigo parar de hiperventilar.
Ele aparece com a Sofia no colo, e assim que vê meu estado, seus olhos se arregalam. Sinto algo quente e molhado nas minhas pernas e percebo que estou sangrando.
Hunter rapidamente pega a Sofia e me leva para o carro. Ele me coloca no banco de trás, e sinto a cabeça pesar. Coloco a mão na barriga, pensando que, além do Brian, agora posso estar perdendo o meu filho.
Vejo Hunter olhar para mim, e o desespero nos olhos dele é claro. Ele murmura para não dormir, mas minha mente é um turbilhão de pensamentos. Por que voltei? Se tivesse ficado e aguentado, o Brian estaria vivo e eu não estaria assim. Por que tudo tem que ser assim?
Não sei quanto tempo se passa, mas sinto o carro parar e Hunter me pegar de novo. Ele me deita em algo confortável, e quando abro os olhos, vejo luzes brilhantes. As vozes soam distantes, e logo fecho os olhos novamente, exausta, adormecendo.
(...)
Hunter Narrando
Já se passaram cerca de duas horas desde que a Makaila está lá dentro, e eu ainda não sei como ela está. Liguei para a Leila para descobrir o que havia acontecido, mas nunca imaginei que ela estaria tão afetada por aquele desgraçado. Se soubesse tudo o que ele faz, ela não estaria assim...
Levanto a cabeça ao ouvir passos se aproximando e vejo um médico vindo em minha direção.
— Doutor: Você é parente de... — Ele faz uma pausa e olha para os papéis que tem na mão. — Makaila Jefferson?
— Hunter: Sim, sou o namorado. Como ela está? E o bebê? — Pergunto, a preocupação transparecendo na minha voz.
— Doutor: Ela está estável. As enfermeiras deram um calmante para ela descansar, estava muito inquieta. Quanto ao bebê, ele é forte, mas não sei como ela entrou em princípio de aborto com 16 semanas...
As palavras "16 semanas" ecoam na minha mente, e eu fico paralisado. Não posso ser o pai, só estive com ela neste último mês. Como ela não sabia disso?
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De dois Mundos (antigo No morro sendo reescrito )
RandomA vida dela nunca foi fácil, e ele está longe de torná-la mais simples. Dois mundos completamente diferentes colidem, e ambos terão que descobrir o que realmente significa amar. Ela, uma estudante comum. Ele, um mafioso perigoso. Prepare-se para uma...