Prólogo

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Acordo com os raios de sol iluminando meu quarto, o irritante som do despertador me causa uma dor de cabeça incomoda, vasculho sob o colchão procurando o aparelho eletrônico, acabo encontrando-o no meio dos travesseiro, observo a tela do celular e vejo a data de hoje. Solto um longo suspiro

Talvez hoje não seja tão ruim. Talvez hoje fosse um daqueles dias especiais onde coisas boas acontecem, talvez por apenas hoje ele abrisse os olhos e soubesse o meu nome. talvez.

Me desvencilho das cobertas e pulo da cama, com o pensamento positivo e meu ânimo  as alturas. Hoje seria aquele dia especial. Caminho até o banheiro e me encaro no espelho, meus olhos verdes eram acompanhados por longas olheiras arroxeadas, as bochechas ainda estavam num tom avermelhado de chorar na noite anterior, meus cabelos loiros amarrados em um coque bagunçado no topo da cabeça, parecia mais um ninho de rato.


Joguei a água gelada no rosto


"Hoje será melhor"


Eu disse olhando para minha imagem refletida


"Hoje será um dia ótimo"


Sorri fraco para a figura no espelho. Troquei de roupa e conferi o horário mais uma vez. Eram exatamente seis e meia da manhã. Desci as escadas correndo, encontro com minha mãe na cozinha, ela me dá um singelo sorriso e eu retribuo.


"Já está indo?" Ela deposita uma vasilha cheia de bolinhos em cima da mesa e posso ver que se tratava de bolinhos de chuva.


"Sim" respondo calçando meus tênis


"Não vá se atrasar pra aula" concordo com a cabeça "Leve alguns bolinhos para ele"


Ela sorri fraco, esticando os braços para mim. Pego o pequeno pote de sua mão e encontro um lugar para ele dentro de minha mochila bagunçada.

Caminho até imposto de ônibus que havia à uns 100 metros da minha casa, colocou os fones de ouvido e espero. Espero que ônibus venha rápido, espero que hoje ele esteja melhor, espero que ele se lembre de mim, espero por semanas, espero por meses, eu espero por anos.

Cada dia que passa a única coisa que posso fazer é esperar.

E então eu espero.

Quando eu chego no hospital, apenas aceno com a cabeça e pego o meu ticket de visita. Subo três andares de elevador e por fim chego na área de oncologia. Eu praticamente corro até o quarto dele, a ansiedade me consumia, a esperança dele estar melhor preenchia meu corpo de euforia. Abro a porta lentamente e vejo-o deitado na cama. Sua cabeça vira e percebo que ele está acordado, seus olhos verdes - de quem puxei os meus - estão abertos e sua boca se abre em um leve sorriso.


"Alexis" sua voz rouca enche meus olhos de lágrimas, mas me contenho para não estragar o momento que eu esperei por dias seguidos.


Meu corpo estremece com a agitação, mas não deixo me levar, me recomponho e caminho até sua cama, senti perto de seus pés e sorrio para ele.


"Bom dia pai"


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