Capitulo 24

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Finn Wolfhard |POV|

Éramos muitos.

Éramos muitos reunidos ali, agrupados em volta do corpo pequeno da garota loira. Amigos e familiares, todos juntos observando a dor de Alexis e de sua mãe. Me doía, corroía meu peito ver Alexis sofrendo daquele jeito. Mas eu jamais sairia do seu lado.

Alexis merecia muito mais do que um adolescente problemático. Mas eu agradecia aos céus por ela me querer ao seu lado. Eu era extremamente grato por isso.

Estávamos todos ali, rodeando o caixão bem centralizado no salão da igreja. Havia muitas flores espalhadas para enfeitar o local. A cada minuto chegava algum parente distante, ou algum amigo para abraçar e consolar. Estavam todos ali agora, mas onde estavam quando o pai de Alexis foi internado? Quantos deles o visitaram? Quantos desses procuraram Alexis e sua mãe para saber se precisavam de algo?

Me causava repulsa, cada olhar de pena que Alexis recebia. Lembranças do velório de Millie passavam como um filme na minha cabeça. Todos estavam lá para vê-la morta, mas ninguém estava quando ela precisava de ajuda. Onde estavam todos?

Minha pequena Alexis apenas soluçava baixinho, segurando forte minha mão. Suas lágrimas não escorriam mais por seu rosto cansado, ela apenas sofria em silêncio. Seus dedos entrelaçados com os meus me transmitiam calma. Ela precisava de mim ali e eu precisava dela para continuar.

Sadie e Samantha haviam chegado poucos minutos antes de Caleb e Gaten. Os quatro estavam sentados próximos, fungando baixinho. Eles não ficavam em cima de Alexis, por que sabiam que nesse momento a loira precisava de espaço.

Eu gostaria de pega-lá no colo, como uma donzela em perigo. Aninha-lá em meus braços e carregá-la para longe de todo o sofrimento que ela estava passando. Eu queria ser tudo para Alexis.

O dia passou lentamente, despedaçando nossas esperanças pouco a pouco. Quando o por do sol chegou, Alexis começou a ficar agitada. Ela sabia que o momento de enterrar seu pai estava se aproximando. Sua mão pequena suava em contato com a minha.

Ela desliza a mão para fora da minha e esfrega na roupa.

"Estou suando" sua voz saiu baixinha "Não sei, se consigo continuar aqui"

Afago seus ombros e penso rapidamente no que poderia fazer. Vejo sua mãe rodeada de parentes e aparentemente confortável no meio da família. 

Resolvo tirar Alexis daquele clima horrível. Encaixo minha mão na sua cintura e me abaixo para falar no seu ouvido.

"Vamos esperar sua mãe em casa então. Ela vai compreender" Alexis me olha apreensiva, pensa por um momento e então caminha até sua mãe. Espero elas conversarem e logo Alexis volta caminhando na minha direção.

Ela desvia para o lado e caminha até o caixão de madeira. Sua mão desliza até as pétalas de flores que estavam postas delicadamente sobre o corpo sem vida. Fazendo o caminho com seus dedos finos até as mãos cruzadas do seu pai. Ela se abaixa e vejo seus lábios mexerem, não entendo o que ela diz, mas provavelmente algo de pai e filha. Talvez eu nunca descobrisse.

E então ela sorri.

Seu sorriso não ilumina o local como fazia dias atrás, mas ele é capaz de me atingir. Mesmo fraco e mal iluminado, ele ainda conseguia por uma fagulha de amor e carinho dentro do meu coração. Esse era um dos motivos que me fazia amar Alexis, pra ela sempre haveria motivos para sorrir.

- * -

Nos apertamos no banco de trás do carro do pai de Sadie. Ele nos deixou na frente da casa de Alexis e foi quase impossível sair todos do carro. Por que Sadie acabou descobrindo nossa suposta fuga e simplesmente se auto convidou para vir junto, isso resultou em mais três pessoas entrando no carro também. Sem nenhuma ser convidada.

Alexis mesmo desconfortável, sentada com as pernas apertadas, com mais cinco pessoas em sua volta, ainda assim ela conseguia rir da situação.

Quando chegamos em casa, ela parecia feliz. O que me causava certa preocupação devido a todos os acontecimentos do dia anterior e de hoje. Nos apressamos para entrar em casa e fomos seguidos por Caleb, Gaten, Samantha e Sadie. Que se sentaram um a um no sofá da sala. A ruiva já estava procurando canais na televisão.

Observei a loira subir as escadas sorrateiramente. Deixei que nossa visita não convidada ficasse a vontade na sala e segui minha garota escada acima. Passo pela porta do quarto e vejo seu corpo encolhido na cama. Seus olhos estão fechados com força e ela está com a cabeça enfiada contra o travesseiro.

"Alexis?" Chamo apreensivo

A garota se vira na cama de barriga para baixo, enfia mais o rosto contra o travesseiro e grita. Dou um pulo com o primeiro grito, mas no segundo já estou preparado passando a mão carinhosamente sobre suas costas.

Ela grita seguidamente contra o travesseiro, deixando o som abafado. Continuo ali do seu lado, até que ela para de gritar e se vira para mim ofegante.

"Obrigada" encaro-a sem entender "Obrigada por ser a luz que ilumina meu caminho. Por ser a esperança de uma noite tranquila, em meio aos meus dias de caos"  a loira segura minha mão e entrelaça seus dedos nos meus " Obrigada por ficar sem eu nem mesmo pedir, por não desistir de mim"

"Eu..." tento formular uma frase mas Alexis coloca o indicador em meus lábios me impedindo de continuar

"A verdade é que você é meu porto seguro, quando as ondas da vida tentam me afogar"

Ela sorri fraco

"Obrigada por me permitir te amar Finn Wolfhard"

E então seus lábios macios encostam nos meus.

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* capítulo não revisado, me desculpem pelos erros ortográficos.

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