Capitulo 23

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Alexis Ren |POV|

Tudo passava como um flash, as imagens se formavam na minha cabeça uma atrás da outra, sem um pensamento concreto. Eu não conseguia pensar. Apenas sentir.

A sensação era de que meu mundo havia se acabado, meu coração quebrado em milhões de pedaços e espalhados tão longe uns dos outros, que seria impossível juntá-los novamente. Eu estava quebrada.

E as imagens não paravam de passar, como um filme que repetia sem parar dentro da minha cabeça. Meu pai sorrindo para mim enquanto segurava a bicicleta para que eu não caísse, seus abraços calorosos envolvendo meu corpo e a casual sensação de proteção quando ele me pegava no colo. Meu pai era o melhor do mundo. Meu pai foi o melhor do mundo.

Foi.

Ele se foi

E com ele minha vontade de viver.

Uma dor aguda preenche meu peito, apoio à palma da mão no coração como se ele estivesse saindo para fora do corpo. O que estava acontecendo? Tudo estava girando, os pontos pretos se formavam embaçando minha visão. Puxo o ar mais forte, minhas pernas bambeiam e meu joelhos cedem.

Eu não tinha mais pai

Vejo os cachos negros balançando na minha frente, mas antes que ele chegasse até mim, estou caída no chão. Sem sentido. Sem propósito. Sem vida.

O que seria de mim a partir de agora? Existia tantas coisas que ainda não havia feito com meu pai e agora isso jamais poderia ser mudado. Eu andei tão ocupada com coisas pequenas e tão menos importantes que acabei deixando-o de lado e nem pude me despedir. As lágrimas agora escorriam por todo meu rosto, mas isso já não era um problema.

Nada mais era um problema. Eu estava vazia.

"Alexis! Alexis!" A vos terna do garoto que me fazia companhia chamava meu nome, queria poder levantar e falar que tudo estava bem, mas meu corpo não respondia aos meus comandos.

Levanto a cabeça para olhar o garoto, seus olhos estão marejados e vê-lo desse modo só aumentava a minha dor. Apenas desvio o olhar para o lado, eu não conseguia mais.

"Alexis!" Sua mão puxou meu rosto para frente, me obrigando a encara-lo. É quase impossível focar em seu rosto com as lágrimas invadindo meus olhos "Vamos"

Vamos? Onde iríamos?

Sou levantada do chão, como uma donzela em perigo sendo salva. O garoto me ajeita em seus braços magros, encosto o rosto em sei peito e inalo seu perfume. As lembranças começam a voltar preenchendo cada parte do meu corpo. Me seguro fortemente em seu pescoço e deixo que o sentimento tome conta de mim.

"Alexis querida venha" ele sorria para mim, os braços abertos me esperando. Ajeitei meu pequeno corpo sobre a bicicleta cor de rosa. Dessa vez eu chegaria até o outro lado da rua, eu estava certa disso. Impulsionando os pés contra os pedais começo a sair do lugar, a bicicleta anda, me desespero quando vacilo e esqueço de me equilibrar. O objeto despenca para o lado, caindo sobre mim.

"Pai!" Grito chorosa e ele já estava correndo na minha direção. Observo o filete de sangue escorrer pelos joelhos ralados. Começo a chorar.

"Minha pequena, não chore" sua mão afaga meu cabelo e a outra retira a bicicleta de cima de mim como se ele fosse a pessoa mais forte do mundo. "Precisa cair para aprender"

"Mas tá doendo" resmungo passando a mão pelos olhos molhados

Seus braços fortes me levantam do chão e me aconchegam em seu colo. Era tão quente.

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