HOPE

Capitulo 3

Finn Wolfhard |POV|

Era sábado. Um sábado ensolarado. Os passarinhos resolveram fazer uma festa na minha sacada e eu acabei acordando mais cedo do que eu queria. Eram exatamente oito horas da manhã.

Levanto preguiçosamente e me arrasto até o banheiro, encaro meu reflexo no espelho e constato que tenho que cortar o cabelo urgentemente. Jogo uma água na cara e vou rumo à cozinha.

Um vulto laranja passa correndo por entre minhas pernas, tento desviar da pequena criatura felina, mas acabo topando o dedão do pé na quina da porta. Xingo alto, olho feio para o gato que agora estava sentado no corredor se lambendo como se aquilo não tivesse sido culpa dele.

"George você está muito mal educado" pego o gato no colo e tento fazer carinho em sua cabeça, mas o animal começa a se espernear e pula bruscamente do meu colo "Por que você não gosta do meu amor George" choramingo e sou completamente ignorado pelo meu animal de estimação.

Desço as escadas e já vejo o corpo pequeno de Dona Clarice dançando pela cozinha. Minha mãe estava com um prato de torradas na mão, rebolando de um lado para o outro. Balanço a cabeça e solto um riso baixo.

"Você já acordou Finn" Ela deposita o prato sobre a mesa e corre até mim "Dance comigo" seus braços envolvem meu corpo magro e logo ela está me arrastando para sala contra a minha vontade, fazendo com que eu balançasse desengonçado.

"Mãe!" Resmungo. Mas nada adianta. Acabo por fim dançando com ela, no meio da sala de estar, sem música, as oito da manhã de um sábado ensolarado.

"Finnie você tem que ser mais animado" abro um sorriso forçado mostrando todos os dentes "Não é pra tanto querido"

Rio com sua expressão facial. Sentamos à mesa para tomar nosso pequeno café da manhã. Minha mãe praticamente me obriga a sair de casa e explorar o novo ambiente. Foi o que ela disse.

Quando finalmente saio de casa, estou devidamente vestido de bermuda e camiseta. Usando um cadarço de cinto para que a bermuda não caísse até meus joelhos. Ando até a pracinha mais próxima, que por acaso ficava em frente à casa de Alexis.

Espero que ela não pense que eu estou vigiando-a ou algo do gênero. Sento em um dos banquinhos e apoio os cotovelos nos joelhos. Observo os pais com seus filhos brincarem nos balanços.

"Quem diria que Finn Wolfhard é madrugador" a voz feminina soou e eu sabia quem era. Viro para trás com um sorriso. Talvez eu tenha sorrido demais.

"E aí Alexis" cumprimento simplesmente

Alexis estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo, sem maquiagem nenhuma, vestindo uma calça leg e um casaco de moletom. Segurava uma sacola de supermercado.

"Esta me vigiando ou algo assim" ela pergunta erguendo uma das sobrancelhas

"É claro que não" desvio o olhar "Minha mãe me obrigou a sair de casa e caminhar" me explico