-// capitulo dedicado à rubylecter e a onlyskys minhas primeiras leitoras 💕
Finn Wolfhard |POV|
Abro as janelas do meu quarto e observo da sacada o tempo fechado de Detroit. As nuvens pretas avisavam que uma tempestade estava por vim. Não só no clima, mas na minha vida também. O primeiro dia de escola em um novo estado nunca é fácil para ninguém.
Passo a mão pelos cabelos e ela quase fica presa no embaraço dos meus cachos bagunçados. Ouço barulho no andar de baixo, provavelmente minha mãe arrumando o café da manhã. Ela estava animada com o meu primeiro dia no terceiro ano do ensino médio.
Desço as escadas, já com a mochila pendurada no ombro por uma das alças. Vejo os olhos castanhos da minha mãe brilharem quando encontraram meu corpo desengonçado parado no fim da escada. Me preparei psicologicamente para uma chuva de informações.
"Finn" ela praticamente gritou e se jogou nos meus braços, abracei-a por impulso e medo de que ela se estabanasse de cara no chão "Ah Finn querido" ela depositou beijos molhados pela minha testa e minhas bochechas " eu estou tão feliz que você está indo para a escola"
"É" concordo tentando me soltar de seu aperto
"Estou tão animada com seu último ano" ela me empurra para sentar à mesa
"É, eu também" respondo simplesmente e sento. Começo a preparar um pão enquanto ouço minha mãe tagarelar sem parar.
"Tomara que você arrume uma namorada logo" paro o pão no meio do caminho entre minha boca "eu não aguento mais ficar sozinha nessa casa com você enfiado no quarto" ela pega uma mecha do cabelo e começa a enrolar no dedo "espero que ela seja bonita"
Percebo que sua mente está longe da realidade
"Vocês vão ter três filhos" engasgo com o pão
"Mãe calma" falo entre uma tosse e outra "calma ok?" Ela faz um beicinho manhoso e eu solto um longo suspiro "Talvez eu arrume uma namorada esse ano"
Seu rosto se ilumina como se a vida voltasse para seu corpo. Reviro os olhos
"Eu disse talvez dona Clarice"
"Já é alguma coisa Finnie" ela me chama pelo apelido de criança que eu odiava, mas relevo por ela estar tão animada.
Levanto e pego a mochila do chão. Deixo um leve beijo no topo de sua cabeça e a abraço brevemente. Ela era minha única família, eu até gostava de toda a animação dela, isso trazia vida para nossa casa vazia. Murmuro um "tchau" e saio sorrateiro antes que minha mãe começasse com mais alguns de seus ataques.
Dona Clarice era uma pessoa completamente diferente de mim. Eu sempre achei que fosse adotado. Minha mãe sempre fora absurdamente animada e histérica com tudo que acontecesse na minha vida. Qualquer coisa era sempre motivo de festa e elogios vindos dela. Eu cresci assim, sem meu pai, mas com Dona Clarice surtando com cada pedacinho de momento em que eu Finn Wolfhard fazia parte.
Meu pai nos deixou quando eu era muito novo, então eu não tive uma figura paternal. Só uma mãe muito louca, mas eu a amava demais. Por que eu sabia que ela fazia de tudo só pra me ver feliz.
Minha mãe havia conseguido uma casa a poucos quarteirões da minha nova escola. Então eu poderia ir andando e nós economizaríamos com passe de ônibus, foi o que ela disse quando nos mudamos. E aqui estou eu caminhando para a minha nova escola.
Por incrível que pareça muitas pessoas também iam andando, o que me deixou menos desconfortável. Assim que passei pelos portões me deparei com inúmeros grupos de alunos, andando de um lado para o outro muito ocupados para ajudar um novato. Respirei fundo me preparando para pedir informação para qualquer pessoa, mas desisti quando percebi que ninguém levantaria a cabeça dos seus celulares pra me dar atenção.
Resolvi encontrar minha sala sozinho. Revirei na mochila atrás do papel com o cronograma das minhas aulas. Minha primeira aula seria Filosofia. Caminhei pelo longo corretor olhando sala por sala.
"Ei" uma voz feminina soou atrás de mim, me virei lentamente "Você precisa de ajuda?" Ela sorriu pra mim, fiquei parado encarando-a até que meu cérebro processou que uma pessoa realmente estava falando comigo e era uma menina.
"Eu...Bom" me enrolei com as palavras. Sua mão direita tirou o cronograma de mim, seus olhos passearam pelo papel e então ela me devolveu.
"Filosofia é na sala 07 do bloco B" fiquei parado sem entender o que significava aquilo "Você está no bloco D, aqui só tem armários e laboratórios" ela explicou calmamente
"Desculpe, sou novo aqui e não faço ideia de pra onde ir" passos a mão pelos cabelos puxando-os para trás, um costume que peguei quando começava a ficar nervoso.
"Vem" ela chamou " Eu vou com você, também tenho Filosofia agora" seu sorriso aumentou enquanto falava " Alias, meu nome é Alexis" ela ofereceu a mão como um cumprimento.
Segurei sua mão, macia demais em contato com a minha mão calejada e áspera.
"Sou Finn"
E então ela sorriu de novo e eu já havia perdido a conta de quantos sorrisos ela já tinha me dado. E seus cabelos eram loiros, amarelos mas não aquele amarelo feio, opaco e artificial. Eles eram como o sol, e enquanto ela andava seus cabelos balançavam e brilhavam, traziam vida pelos corredores brancos da escola.
E seus olhos eram verdes, tão verdes que eu quase me perdi na imensidão deles, como o mar.
E nesse momento eu soube que Alexis era especial.
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HOPE
Novela JuvenilSão uns olhos verdes, Uns olhos de verde-mar Uns olhos cor de esperança Uns olhos por que morri Que aí de mim Nem já sei qual fiquei sendo Depois que os vi Como duas esmeraldas Iguais na forma e na cor Tem luz mais branda e mais forte Diz uma - vi...