Capítulo 38

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Raphaella

Há uma semana, nenhuma notícia de Giulie, nenhuma ligação, mensagem, sinal de fumaça, ou qualquer informação, que me deixe ao menos com esperança. É difícil me conformar com essa ausência física, com a intensa saudade, com o vazio instalado dentro de mim e com a dura realidade de não saber quando ela voltará para casa. Rafael disse que isso poderia acontecer, eu só não quis acreditar.

Estou tentando voltar às atividades, ir para a faculdade já foi um começo e por um milagre, chamado Miguel, não perdi o emprego e não estou pedindo moedinhas na rua. Bella vem com frequência aqui e me sinto mal por continuar omitindo as coisas dela, já com Talles é mais tranquilo, pois suas visitas são eventuais desde que um indivíduo com asas decidiu morar aqui. Obviamente porque os dois não são melhores amigos, rola uma briga de testosterona pra ver quem conquista mais território.

Me viro bem com as mentiras sobre o "sumiço" de Giulie, por ter sob o mesmo teto um bruxinho que faz feitiços e manipula a mente da minha amiga ou de qualquer pessoa. Rafael já está avisado, se usar essas habilidades comigo, a varinha mágica dele não vai mais ser manuseada por mim. Um varão, diga-se de passagem.

— O que? — arregalei os olhos com o que Rafael disse e também pela sua súbita aparição na porta da minha sala de aula.

— Pega suas coisas, a gente vai sair da cidade hoje — repetiu baixo e em tom autoritário.

— É brincadeira, não é? A aula não acabou ainda, não posso sair. E como assim, sair de Nova Iorque?

Encaro confusa o homem à minha frente, olho para os lados e o corredor está vazio, exceto pelos matadores de aula.

— Você faz perguntas demais, Raphaella — estreitou os olhos. — Não estou brincando, pega suas coisas agora ou vou te jogar no meu ombro e te levar à força daqui!

— Ok, já entendi — sussurrei. Não esperava que esse momento fosse chegar e que seria agora.

Juntei minhas coisas e joguei na mochila, saí da sala praticamente correndo e ignorando as perguntas de Talles.

— A propósito, você fica muito sexy quando está bravo! — sorri de lado, sendo guiada por seu braço protetor sobre meus ombros.

— Não estou bravo, mas posso ficar — disse em tom brincalhão, beijou minha testa e passou a andar mais rápido. Quase não consigo acompanhar seus passos, por motivos óbvios: Dois metros de pernas contra um!

legal, vendo que o negócio é sério mesmo. Vocês vão buscar a Giulie hoje? É por isso que você veio aqui?

— Sim.

Meus lábios se estendem num sorriso que faz meu corpo vibrar de euforia.

— Por isso que você tava todo esse tempo estranho e preocupado, não é?

Desde que voltou da casa dos irmãos, Rafael ficou mais quieto, pensativo e não quis me contar nada sobre o que conversaram. Sua justificativa foi que será melhor para minha segurança se eu não souber de nada.

— Sim.

— Para de me dar respostas curtas — empurrei meu cotovelo contra sua costela, ele sequer reclamou. Ah, claro, ele não deve nem sentir dor com uma simples cotovelada dessas.

— Não faça perguntas! Haja naturalmente até chegarmos em casa — diz em tom baixo e olha ao redor.

— Você tá muito grosso comigo — choramingo. — Tem gente atrás de nós? — olho para as escadas que ficaram para trás e não vejo nada além do que as mesmas pessoas que frequentam a universidade desde o início do ano.

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