Capítulo 9

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Raphaella

Ficar aguardando numa fila para pegar o lanche quando se está com uma fome de dois mendigos dentro de sua barriga não é nada legal. Bella atrás de mim resmungava sobre suas aulas de genética humana e o quanto ela quer mandar a professora de embriologia se foder. É, eu dou razão para minha amiga, também queria mandar metade dos meus professores se lascarem. Contudo, porém, todavia, meu foco principal nesse momento se encontra em comer.

― Amanhã eu vou sair da sala antes do sinal tocar ― murmurei com um sorriso de lado.

― Acho uma ótima ideia, farei o mesmo ― Bel riu.

Quando chegou nossa vez enfim abasteci minha bandeja com um sanduíche de presunto e uma caixinha de achocolatado e outra com suco de maçã. Enquanto Bel se servia foquei minha visão de lince pelo enorme refeitório, buscando uma mesa vazia.

― Aquela perto dos meninos da odontologia está vaga ― falei seguindo para lá.

O refeitório da universidade é enorme, todo branco do teto até o piso e as mesas também.

― Estou morrendo de fome ― Bel suspirou assim que sentamos.

― Esse refeitório é tão grande que às vezes me sinto em Hogwarts ― falei rindo.

― E nossa carta nada de chegar ― ela gargalhou.

― Já passamos da idade ― lamentei mordendo meu sanduíche.

― Ok, chega de besteira agora ― riu. ― Começa contar como foi o passeio com o gato lá da agência, domingo não deu para conversar direito, mas hoje você não escapa.

― Foi muito legal, apresentei o famoso cookie do Senhor Nicolas, tomamos sorvete, e o mais engraçado é que ele nunca tinha experimentado ― ri levando o achocolatado à boca.

― Como assim? Nunca comeu cookie e tomou sorvete? ― indagou como se eu estivesse falando uma mentira.

― Estou falando sério, Rafael é um pouco esquisito e fala umas coisas bem estranhas ― falei fazendo uma careta ―, mas ele tem um jeito que me faz sentir em paz, sabe?! Não sei explicar.

― Ele deve ser de outro mundo, quem sabe ele não veio de Hogwarts ― gargalhou.

Revirei os olhos.

― Você é muito ridícula!

― Amiga, nunca te vi falando de ninguém assim, não vai me dizer que está apaixonada? ― arqueou as sobrancelhas.

― Bem menos, Bel ― bati a mão na mesa em protesto. ― O Rafael é lindo, meigo, tem um sorriso fofo e o principal é que ele adorou a Giulie e ela não para de falar dele.

― Isso é verdade, inclusive estou com ciúmes ― cerrou os olhos. ― Hoje de tarde o caminho todo para a escola ela falava: "O Rafael é isso, o Rafael é aquilo, aí eu quero que chegue logo o fim de semana para eu ver o Rafael" ― falou com a voz fina.

― Ela é só uma criança e se apega fácil às pessoas ― suspirei. ― Eu já achava o Rafael fofo e depois que conheceu a Giulie e o modo como a tratou eu passei a achar mais ainda. Eu sou uma manteiga derretida, você sabe.

― Por isso mesmo, você já está toda encantada com ele, já pensou se ele for um maníaco sequestrador de crianças? Ou um tarado que na primeira oportunidade vai te atacar?

― Seria bom se ele me atacasse ― falei baixinho com um sorriso malicioso.

― Estou falando sério ― encarou-me. ― Lembra que você ficou doida quando a Giulie falou com um estranho no parque e disse que ele se chamava Rafael?

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