Capítulo 21

516 68 8
                                    

Raphaella

— Rafael — ouvi a voz eufórica de Giulie, ecoando por meus ouvidos.

Meus olhos se recusaram a abrir, mas quando senti, de supetão, o vazio dos braços de Rafael, abri meus olhos de imediato e me sentei. Giulie nos olhava com um sorriso e já tinha pulado nos braços de Rafael, que me encarava muito sem graça. Passei a mão pela testa respirando pausadamente. Ela não podia ter presenciado isso.

— Senti tanta saudade Rafael, não sabia que você vinha dormir aqui em casa — ela abraçou-o fortemente.

— Cheguei tarde, não quis te acordar — disse afagando seus cabelos.

Olhei as horas no relógio de parede ao lado da TV e já passa das seis, ainda é cedo e estou com muito sono. Arrumei a blusa do meu pijama que estava quase descobrindo uma parte de meus seios, e como um flash me vieram lembranças de horas atrás. Ainda não acredito que quase transamos nesse sofá, eu sou muito irresponsável, Giulie poderia ter aparecido a qualquer momento. Estava tão envolvida que nada além de nós dois, passou por minha cabeça.

Foi muito bom e surreal o que aconteceu, agora refletindo melhor percebo o quanto fui ousada. Mas faria tudo de novo. A maneira gostosa como ele percorreu meu corpo, seus dedos são tão suaves, ele tem um toque diferente, um jeito único de me causar sensações. Esse homem está acabando comigo, com meus pensamentos, tomando conta da minha vida de um modo que não imaginava.

— Rapha, acorda, foi para o mundo da lua de novo — Giulie me cutucou no braço.

— Desculpa, o que você disse? — sorri fraco. Preciso parar de pensar.

— Perguntei por que você estava dormindo com o Rafael, ele estava abraçando você muito forte — ela disse. Rafael me olhava implorando por ajuda.

E agora? Raphaella, você deveria se comportar melhor, você não mora sozinha, não pode deixar que a libertinagem te domine — meu consciente me alertava.

A libertinagem é tão prazerosa e Rafael é gostoso, não dê ouvidos a falsos moralismos — meu lado devassa protestava.

— Eu acabei pegando no sono aqui na sala, foi isso — falei sacudindo a cabeça, numa tentativa de afastar as paranoias da minha mente.

Giulie engoliu o que eu disse, e era melhor que ela não me fizesse mais perguntas. Rafael ficou muito desconfortável com a situação, mas tranquilizei-o, Giulie é uma criança curiosa, porém não é insistente. Eles ficaram sozinhos e eu fui me arrumar, só ouvia os murmúrios deles falando sem parar na sala.

Rafael iria vestir uma camisa toda amassada pra ir trabalhar, e precisei passar. Não sei se já estava nos planos dele vir pra cá, mas tem de tudo na mochila que ele trouxe. Depois do café da manhã deixei Giulie na Bella e fomos para a estação de trem.

A mão de Rafael segurou a minha a viagem inteira, porém quando chegamos em Manhattan ele a soltou. Fiquei um pouco chateada, afinal já andamos de mãos dadas na rua, mas também compreendo que não temos nada. Preciso parar de criar tantas expectativas, mas é impossível e elas só aumentam na medida em que Rafael me surpreende.

No elevador fiquei sem graça ao cubo, os três irmãos e eu no meio de Rafael e Gabriel, Miguel nem me olhou, mas já era de se esperar. Já aceitei que agora ele apenas me suporta. Com Gabriel falei poucas vezes, mas ele é bem diferente, nunca me olhou com desprezo, muito menos superioridade como o irmão fez. Eles sabem que Rafael dormiu na minha casa e é isso que me deixa bem desconfortável.

Antes de entrar na cozinha ouvi Gabriel dizer baixo para os irmãos:

— É muito estranho ver o Rafael nessa situação, ainda não me acostumei.

Acima do Céu | COMPLETO |Onde histórias criam vida. Descubra agora