Capítulo 32

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Rafael

Às vezes você só precisa de um pouco de calma para lidar com determinadas situações, mas nesse caso minha calmaria não está ajudando, preciso ser firme com Giulie. Tem uma vida aqui, essa criança não faz ideia do que está acontecendo, vejo e sinto o pânico em seus olhos e não posso deixar que nada de mal lhe aconteça, mesmo que não seja sua intenção, Giulie está machucando a menina. Do mesmo modo que protejo a Giulie, é meu dever zelar pela segurança de qualquer outro ser que esteja em situação de perigo.

Raphaella está apavorada e isso não é bom, não é um momento para lidar com emoções, precisamos agir com racionalidade. Mas eu a entendo, a Pequena é sua irmã e isso é motivo suficiente para seu estado emocional ficar abalado.

— Rafael, faz alguma coisa — Raphaella suplicou.

— Giulie, olha pra mim — pedi tentando ter sua atenção.

Ela me olhou e seus olhos que antes eram escuros, agora estavam a ponto de se prender em fogo. Assim como os do seu pai.

— Solta o braço da sua amiguinha, você está a machucando — alertei-a. — Você quer machucar alguém no dia do seu aniversário? Quer magoar sua irmã?

— Tá doendo muito... Desculpa Giu, eu não queria fazer aquilo — a menina soluçou.

— Solta, Giulie — falei mais uma vez, com a voz grave e apertei seu pulso com um pouco mais de força.

Giulie balançou a cabeça parecendo perdida e enfim soltou-a. Suspirei aliviado, mas assim que coloquei os olhos no braço da menina, vi que temos mais um problema.

— Minha nossa, o braço dela — Raphaella falou assustada.

— Eu não queria, desculpa Micaela — Giulie saiu correndo para fora do quarto.

— Vai atrás da Giulie, eu cuido da menina, não precisa se preocupar — falei para Raphaella que rapidamente saiu apressada. — Micaela seu nome, não é?

— Eu juro que não queria fazer aquilo com a boneca, eu só queria pintar a boquinha dela de rosa — disse rápido entre soluços.

— Eu sei, não é culpa sua. Vai ficar tudo bem!

Ela somente balançou a cabeça, está assustada e com a mão sobre seu braço.

— Não vou te machucar, posso ver seu braço?

— Quero minha mãe — ela não parava de chorar e preciso acalmá-la.

Sei que não devo fazer isso aqui com a casa cheia de gente e com risco de alguém ver, mas é necessário. Fui até a porta e tranquei-a.

— Vamos chamar sua mãe, mas antes vamos fazer uma coisa? Prometo que não vai doer e você não vai lembrar depois — sorri passando a mão por seus cabelos loiros e encaracolados.

Ela me olhou confusa, peguei em seu braço que está bem vermelho e com a marca dos dedos de Giulie. Isso seria difícil de explicar caso a mãe dela aparecesse para buscá-la. Coloquei minha mão sobre o hematoma e Micaela arregalou os olhos quando viu a luz esquentar sua pele.

— Está tudo bem — sorri.

— O que é isso que...

Antes que ela terminasse a frase, pus a mão em sua testa absorvendo de sua mente o episódio de minutos atrás.

— Você ainda quer ir ao banheiro? — perguntei pegando em sua mão.

Ela franziu a testa, olhou para os lados um pouco confusa e negou.

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