Capítulo 29

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Obs: Como se trata de uma ficção, peço que relevem os termos e explicações sobre a intersexualidade. Sei que as vezes essa condição é retratada erroneamente em fic's G!p, só que eu estou fazendo pela consistência da obra. Obrigada)  

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Desde que a brinquedoteca foi inaugurada, o hospital ganhou um lugar alegre em que os pacientes mirins poderiam se entreter. Um refúgio que também era buscado pelos pais e alguns médicos. Justamente naquele momento e indo na direção desse lugar especial, Camila empurrava a cadeira de rodas de uma de suas pacientes mais querida e conhecida por todos. 

A menina Katherine sempre mantinha o espírito elevado e uma empolgação refletida no brilho dos olhos, que nunca se apagava. Mesmo depois de todo o sofrimento que vem passando por um pouco mais de seis meses. 

Camila conheceu a adolescente quando a viu se aventurando pelos corredores frios do hospital. A menina usava seu pijama branco de bolinhas cor de rosas e uma toca de pinguim repousava em cima dos cabelos castanhos claros curtinhos. Naquele dia ao invés de reprende-la por estar andando sozinha por ali, Camila decidiu observa-la de longe. De algum modo ela sentiu que aquela foi a melhor escolha que poderia ter feito, pois seu gesto a fez descobrir um novo mundo dentro do hospital que ela tanto gostava.

Inconscientemente a garota a levou direto para um jardim escondido, onde anteriormente ficava a sala e a varanda dos fumantes, mas que fora extinguida por conta de um baixo assinado. Nenhum médico do hospital podia ser fumante e isso foi uma exigência do reitor por ter um neto que sofre de problemas pulmonares desde que nasceu.

Camila viu ela caminhar por um corredor vazio e de luzes apagadas, logo alcançando uma porta com uma placa restritiva em vermelho. As mãos finas e pálidas da garota abriram a maçaneta em antecipação e desta vez ela se esqueceu de fechar a porta, a deixando encostada apenas. Saindo de trás da parede em que espreitava toda a situação de longe, Camila se apressou em seguir os passos de Katherine.

Entrou em algum tipo de sala com um amontoado de cadeiras e outros móveis quebrados. Não estava tão escuro quanto o corredor por conta de uma extensa porta de correr, que tinha na parede lateral do quarto. A luz de fora entrava por ela dando uma tonalidade azul-acinzentada para a sala.

No entanto outra coisa chamou a atenção dela e foi por não ter encontrado a garota por ali. Ela se alertou para isso, mas o fato da porta de correr está aberta lhe indicou aonde poderia encontra-la e lá foi ela passar pelo caminho estreito entre e acima das tranqueiras do quarto. Se perguntou como a outra garota havia passado por ali tão rápido.

Se apoiou no vidro da porta e olhou pra fora, se encantando com oque encontrou ali naquela pequena varanda arborizada. O lugar não tinha muros, uma planície ingrime fazia um tipo de demarcação, além de arbustos altos intercalados com amontoados de flores coloridas. O mais impressionante era um pequeno lago de carpas cercados por pedras.

 Foi ali que ela encontrou não só a garota fugitiva, mas um homem de costas e agachado perto de um conjunto de flores violetas, que rodeavam o laguinho. Colocou os dois pés para fora do quarto saindo na varanda e ficou a olhar parar eles intrigada. Falavam sobre os próximos planos dos dois para aquele lugar. "Um cachorro poderia conviver junto dos peixes talvez..." A garota diz sonhadora e o homem ri de seu entusiasmo e imaginação.

Os dois levaram um susto quando Camila se pronunciou e pensaram realmente que estavam encrencados. O mais velho temeu pelo seu emprego e Katherine pensou que ficaria proibida de voltar naquele lugar que tanto gostava e que foi feito pra ela pelas mãos daquele homem. Um jardim para que ela pudesse apreciar o ar livre sem que seus pais ficassem no seu pé cada vez que ela se mexia.

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