Já era de noite e Camila ainda não tinha despertado completamente. Quando Lauren pensava que ela finalmente acordaria, seus olhos voltavam a se fechar e seu corpo ficava mole. O quarto delas tinha as cortinas totalmente abertas e as luzes de fora, da cidade, eram as que traziam um pouco de claridade junto do pequeno abajur na mesinha de estudo.
A morena não tinha saído de seu lado em momento algum e quando ligou para Maia vir correndo até o apartamento delas, sua voz estava quebrada. A doutora chegou o mais rápido que conseguiu e examinou Camila, ali deitada na cama do casal. Tranquilizou Lauren e pediu apenas que esperasse ela acordar. Então se foi pedindo para ligar se precisasse.
Naquele momento estava pensando se fez a coisa certa ao contar, estava arrependida, achava que honestidade bruta livraria da dor na consciência que tinha. Voltou a olhar para a amada e levou sua mão lentamente até a dela. Olhou para o local e deixou um carinho esfregando seu polegar nas costas da mão dela.
Ficou ali em silêncio por mais uns minutos até que Camila dá o primeiro sinal de que estava acordando. Seus dedos se fecharam nos de Lauren e ao olhar pra cima, a maior percebeu que as pálpebras dela tremiam. Se aproximou mais para o meio da cama e ficou aguardando o momento em que finalmente veria as duas avelãs de novo.
- Camila...acorda amor... - Lauren sussurra e sorri o mínimo quando a amada vira o rosto em sua direção. Então ela abre os olhos finalmente e espera a sua visão se ajustar ao ambiente. Ela reconhece Lauren ali ao seu lado e a olha confusa - como...como você está?
- Oque aconteceu? - ela tentou levantar, mas Lauren pediu que ela não o fizesse. Respirou fundo e sua expressão se tornou pesarosa.
- Você desmaiou Camz. - ela olhou pra baixo, ainda segurando a mão da namorada, que olhava pra ela, mas sua mente estava tentando relembrar oque tinha acontecido. Não passou nem alguns segundos e os flashs cortados do que acontecera lhe vieram a mente. O parque, as duas e as palavras que saíram da boca de Lauren. Então ela se lembrou.
Seu reflexo foi recolher sua mão e desvia o olhar. Sua respiração foi ficando irregular e ela se sentou na cama rápido demais, oque lhe fez ficar zonza e a levar uma mão ao lado da cabeça. Lauren se aproximou rápido, mas Camila negou com a cabeça, por isso a maior se afastou e se levantou da cama.
A morena estava angustiada com o coração pesado, levou as mãos a cintura, sem ideia de como agir naquela situação. Achava que qualquer coisa a faria perder Camila pra sempre. A menor recolheu as pernas contra o peito e escondeu a cabeça, a cobrindo com os braços. Murmúrios incompreensíveis saíam abafados de sua boca.
- Camila, fala comigo pelo amor de Deus. - Lauren diz inquieta, mas não obteve resposta - diz qualquer coisa, grita, me xinga, faz oque você quiser. Só diz alguma coisa. - Camila levantou a cabeça e cruzou os braços em cima dos joelhos. Estava em pedaços e querendo acreditar que aquilo era invenção da cabeça da outra.
- Me diz que é mentira... - Lauren suspirou e levou a mão aos cabelos em desespero - por favor, me diz que ele não foi capaz de algo assim... - sua voz quebrou e ela não conseguiu continuar pois um choro forte a tomou. Lauren se aproximou correndo e subiu na cama, ficando de frente pra Camila e segurando ela pelos braços.
- Escuta, já foi passado...muitos anos atrás. - Lauren parou de falar e se sentiu impotente quando depois de minutos seus esforços não foram o suficientes para acalentar a sua mulher. Decidiu a trazer pra perto e se deitaram abraçadas.
A cada soluço de Camila, o coração de Lauren afundava e chegou a um ponto que as duas choraram juntas. No começo da madrugada, suas respirações estavam regulares e seus braços não deixaram de envolver uma a outra. Sem palavras, só presença e absorção dos fatos, elas conseguiram se acalmar.
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Firebird - fogo que cura.
FanficSegunda temporada de Firebird / Leia a primeira temporada, Firebird - nascida das cinzas, que se encontra no meu perfil. Os anos se passam para Camila e Lauren, cada uma em seu próprio caminho cresceram e seguiram em frente. Mesmo com o medo e a ins...