Capítulo VIII

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♦AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO.♦

Frederico

Ao abrir a porta do escritório, vi meu pai sentado, enquanto degustava alguma bebida. Seu olhar estava perdido em algum canto da sala, porém assim que entrei no ambiente, me tornei seu objeto de observação. Sua expressão era dura, e mesmo sem que ele tivesse pronunciado uma só palavra, eu sabia que estava me julgando.

— Sente-se, Frederico. — mandou. Seu tom de voz não deixava para discordâncias. Me aproximei da poltrona, e sentei. Não pronunciei nada, até então. Esperei pacientemente que ele começasse.  — Que história é essa que está zanzando por aí, e que chegou aos meus ouvidos? — perguntou me olhando rigorosamente.

— Que história? — perguntei apoiando minhas costas confortavelmente na cadeira.

— Não se faça de tolo, Frederico! — ele bradou, apertando o copo em suas mãos. Mantive-me impassível, mediante sua ira. — Por que ajudou aquela negra? — ele perguntou.

— Então é isso? — ri sem humor. — Está questionando o motivo de eu ter agido humanamente, meu pai? — questionei.

— O que acham que estão falando de ti agora? Ajudar uma escrava? Que ideia, Frederico! Continuas o mesmo inconsequente. Achei que todos esses anos o tivessem mudado. — vociferou. Respirei fundo, tentando conter os insultos que minha boca queria pronunciar.

— Se o senhor realmente achou, ao pedir pra eu voltar para casa, que eu retornaria apoiando toda essa desumanidade que promove, se enganou completamente. — proclamei, me erguendo da poltrona. — Já que estou aqui agora, quero deixar bem claro que irei sim ajudar o senhor com as finanças, porém, não irei compactuar com tais injurias. — avisei, o encarando.

— O que tu estas querendo dizer com isso? — perguntou, me olhando questionador.

— Quero dizer que estamos no final do século XIX. Até quando pretendem continuar explorando estas pessoas de forma tão vil? — perguntei exasperado.

— Até quando Deus permitir. — o barão disse nervoso.

— Deus? Que belo Deus que tens! Como um Ser tão bom como dizem por aí pode permitir que pessoas inocentes vivam deste jeito? — perguntei passando a mão nervosamente por meu cabelo, e bagunçando os fios, antes alinhados.

— Não blasfeme contra Deus, garoto tolo! — meu pai esbravejou. — Tu estas em minha casa, terá que se submeter as minhas ordens. — o olhei debochadamente, e tive vontade de rir.

— Não, não irei! Não estou aqui a força, e sim porque me pedistes educadamente para que viesse. Dito isso, posso ir embora a qualquer momento. E é o que farei, se não cumprir minhas exigências. Não preciso do senhor, mas o senhor precisa de mim. — falei apoiando as mãos na grande mesa de madeira. O observei respirar fundo, e trincar o maxilar.

— Quais exigências?

— Sei que não deixará de ter escravos em suas terras, no entanto, enquanto eu estiver aqui, exijo que algumas coisas sejam feitas. — comecei — Não quero ver nenhum negro indo para o tronco; eles não são animais, entenda isso de uma vez por todas. Não permito, em hipótese alguma, o estupro destas escravas, se isso tornar a acontecer, com qualquer uma delas, não respondo por mim. Sei o quão pobre é a alimentação destas pessoas, por isso, quero que melhore a qualidade e quantidade de alimentos que dá para eles. — disse ziguezagueando pela sala.

— Enlouquecestes de vez? — meu pai perguntou, batendo as mãos na mesa, assim como eu havia feito antes. — Não posso, e não vou fazer isso. — vociferou. Parei de andar, e o encarei com tranquilidade.

Adinkra: O Poder do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora