Capítulo VII

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♦AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO♦

Frederico

Raiva.

Indignação.

Nojo.

Insanidade.

Mal posso denominar o que senti quando vi aquele homem em cima dela. Creio que nunca senti meu sangue ferver de tal forma em minhas veias. Foi como se eu entrasse em um torpor, e fosse guiado apenas por minhas emoções destrutivas.

Talvez o efeito da cachaça que havia tomado, tenha influenciado em minhas ações.

Mas, a pergunta que me perturba é: Como um homem podia fazer algo tão terrível e perturbador à uma mulher?

Eu estava andando pela fazenda no momento do ocorrido. Precisava respirar um pouco de ar puro. O jantar havia sido sufocante para mim. Reencontrar meu pai, depois de tantos anos, e de todo nosso desentendimento, foi algo que me deixou atônito e desconfortável.

Ele agia como se nada tivesse acontecido, como se o tempo não houvesse passado, como se nossa relação de pai e filho ainda existisse.

O barão, para minha agonia, havia ficado encantado com Katherine e sua família. Mais precisamente com Katherine.

Quando a viu, seu semblante se iluminou, e em todo o jantar, sua atenção foi voltada apara ela, que adorou todo o interesse recebido.

Percebi o quão desconfortável minha mãe havia ficado. D. Áurea havia tentado disfarçar, contudo, apesar da nossa distância, eu a conhecia por completo. Conhecia aquele seu olhar. Já o havia visto muitas vezes antes.

Meus pais nunca tiveram uma relação perfeita. Eles se gostavam, eu sabia, mas não havia amor, pelo menos não o bastante. E depois de tudo que ouvi de minha mãe hoje, soube definitivamente que ela não foi, e não era feliz. Não como deveria ter sido.

O barão não era o melhor exemplo de marido. Não era o mais carinhoso, muito menos o mais fiel. Ele sempre tentou esconder seus casos, mas obviamente, não tivera muito sucesso. Minha mãe, apesar de fingir não dar importância, quando chorava pelos cantos, demonstrava que para ela, ser traída não era algo banal.

Para quem seria, afinal?

Sempre o odiei por isso. D. Áurea era a melhor mulher que eu já havia conhecido na vida. Não merecia, nem de longe, ter sua dignidade atingida daquela maneira.

Por isso, assim que acabamos a refeição, praticamente saí correndo da sala de jantar, expressando minhas desculpas por não ter ficado para tomar o típico café e conversar. Deus me livre de mais conversas. Estava farto delas.

Vaguei por muito tempo pela fazenda, observando os locais que não via há muito, e que permaneciam exatamente da mesma forma. Era estranho voltar aqui. No dia em que fui embora, tinha em mente que minha volta não aconteceria tão cedo. De fato, não ocorreu. Porém, sendo sincero, eu não tinha pretensão de voltar. Nunca, para ser mais exato.

Sentia falta do meu país, de Alícia e minha mãe. Contudo, estar aqui agora, olhado estes imensos terreiros, e a senzala perto, me lembrava do porquê havia partido.

Estava distraído com meus pensamentos, quando ouvi passos apressados, em algum lugar próximo dali.

Virei o rosto em direção ao barulho, e vi dois vultos correndo. O primeiro, depois de uns segundos, reconheci como sendo a filha de Berenice, Maisha. Me lembrava perfeitamente de seu nome. Não havia como não se lembrar, na verdade. O segundo vulto, era de um homem alto e corpulento. Era um estranho para mim.

Adinkra: O Poder do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora