Capítulo VI

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♦ AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO. ♦

Maisha

Há uma antiga lenda africana, referente à Lua.  Está lenda diz que Ela, antes de ser o que é hoje, era uma bela mulher. Bondosa, corajosa, e inacreditavelmente bonita. Seu nome era Daluan.

Daluan era a filha de um faraó do Egito Antigo. Como princesa, um mundo de luxo, fartura, e muito ouro lhe fora concedido. Porém, Daluan não queria nada daquilo, pois para ela, todos esses bens materiais, significavam prisão, e prisão era algo que a mulher abominava.

Daluan sempre abominou o casamento, pois nunca quis estar presa a alguém, mesmo que o amasse. Amor não lhe era problema, ela gostava de se sentir amada, por quem quer que fosse, porque o amor, para Daluan, era o princípio da liberdade.

Contudo, casamento não. Casamento era uma gaiola, e ela, era um pássaro livre. E pássaros em gaiolas, entristecem, e passam os restos de seus dias definhando enclausurados, enquanto esperam que, por ventura, a porta seja aberta, e eles possam voar para longe.

Contudo, ela tinha que casar. Era uma princesa, e gerar descendentes era sua obrigação. Ela sabia disso.

No entanto, quando seu pai lhe deu a notícia de que estava noiva, sua reação não foi menos desesperada.

Daluan passou dias trancada em seu quarto, somente olhando o dia e noite por sua janela. Ela amava a noite, pois na escuridão, havia a liberdade.

Com a aproximação de seu casamento, ela não sabia mais o que poderia fazer. Estava noiva, e nada faria seu pai mudar de ideia à respeito disso.

Por isso, decidiu pedir ajuda aos deuses. Fez oferendas a deusa Oyá*, poderosa feiticeira, implorando clemência. Pediu para não se casar, pediu por liberdade; em troca, daria à ela qualquer coisa.

Mais tarde, Oyá apareceu para a mulher, em um sonho. A mensagem foi clara: ela não se casaria.

Oyá disse também que, a noite era muito escura. Não havia nada nos céus para iluminá-la. E Daluan, com o brilho grandioso de sua alma, iluminaria até os confins da Terra.

Ela só teria que esperar até a véspera de seu casamento, e quando a noite estivesse mais escura, deveria estar sobre a duna mais alta de areia do deserto.

Daluan assim o fez, e quando estava sobre a duna, sentiu a presença reconfortante dos deuses a quem era tão devota. Levou as mãos aos céus, e fechou os olhos. Não sabia porquê, mas sentia que deveria fazer isso.

Ouviu cânticos sendo entoados ao seu redor. Não entendia o que falavam. O dialeto parecia antigo e sagrado.

Permaneceu todo o tempo de olhos fechados, sentindo aos poucos, seu corpo se tornar mais leve.

Quando abriu seus olhos, não estava mais sobre as dunas de areia. Estava num lugar escuro, frio, e infinito. Não tinha pontas, nem laterais. Era enorme.

Daluan sentiu vontade de chorar. O que estava acontecendo, afinal?
Foi quando ela olhou para baixo, e viu, bem pequeninho, porém nítido, todos os cantos da Terra.

Via a água dos mares, as matas verdes, as areias dos desertos, a vastidão das plantações. Caso se concentrasse, podia até ouvir o cantar dos pássaros e o bater de suas asas.

Daluan tinha sua liberdade. Não era como ela imaginava, mas era igualmente bom.

Era intenso, quente.

Adinkra: O Poder do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora