Capítulo V

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♦AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO. ♦

Frederico

— Frederico Afonso de Castro!! — minha mãe bradou. Seu rosto, antes sereno e alvo, agora estava carrancudo, e eu senti em meu íntimo que viria chumbo grosso pela frente.

Desde o momento que pisei nesta casa, estou trancado nesta biblioteca. Não me julguem, passei inúmeros dias confinado em um navio em alto mar, condenado as mesmas companhias e conversas. Tudo o que desejo agora é um pouco de paz e tranquilidade.

Contudo, Dona Áurea não parecia querer fornecer a mim tal coisa.
Virei o resto da aguardente que estava em meu copo, e senti o líquido ardido queimar minha garganta.

Tenho plena consciência que me alcoolizar não é a melhor escolha no momento, não obstante, meu humor não era dos melhores, e travar uma batalha com minha mãe agora, não está nos meus planos.

— Sim, mãe! — respondi apertando o copo de vidro em minha mão. Relaxei meu corpo na poltrona confortável, e abri o botão do meu colete, me livrando do aperto incômodo das vestes formais.

— Por que estas fugindo? — encarei a mulher à minha frente, e me senti novamente com nove anos de idade. Tempos estes em que eu, devido a minha personalidade leviana, era vítima de inúmeros sermões.

— De onde tirastes que estou fugindo? — perguntei simplesmente.

— Estas tentando troçar de mim, meu filho? Desde o momento que chegastes, praticamente correu para cá, deixando teus convidados à mercê da vergonha e inconveniência. -a medida que falava, minha mãe caminhava em minha direção. Havia uma cadeira livre, em frente ao assento em que eu estava, e foi neste mesmo que ela se acomodou.

— Me perdoe, apenas precisava espairecer um pouco. — respondi sincero.

— Por que? — Dona Áurea me perguntou sucintamente. Seus belos olhos negros estavam inquisidores, mas ainda possuíam a generosidade a qual lhe era natural.

— Estou demasiadamente cansado. Exausto. Precisava de um tempo sozinho. — respondi a olhando de esguelha.

— Não é a isto que me refiro. — ela disse impaciente. Franzi as sobrancelhas, e tentei adivinhar a quê ela se referia.

Sem sucesso, porém.

— Lamento, minha mãe. Não sei do que estas falando. — minha resposta foi sincera, afinal de contas, eu realmente não sabia. Contudo, creio que ela não acreditava em minhas palavras, pois bateu com força as mãos no joelho, me assustando com tal ato. A olhei assombrado, e aparentemente isso a perturbou mais.

— Não se finja de bobo, Frederico. Sabes que estou falando do fato de estares noivo.

Frustado, devido a inquisição de sua parte, enchi meu copo de cachaça novamente, e bebi o máximo que minha entranhas puderam aguentar.

— É tão ruim assim para a senhora eu ter assumido este compromisso? — perguntei a olhando.

— O problema, meu filho, não é tu se casares. O problema é noivar com uma moça que não amas. — minha mãe respondeu complacente. Franzi a testa, confuso e ela sorrio fraco, continuando a falar. — Não tente me enganar, menino. Eu vi no momento em que chegaram aqui, que não existe amor neste relacionamento. O que me surpreende é tu,  que sempre odiou o fato de quase todos se casarem sem sentimento, estar fazendo isso agora.

Respirei fundo, me encostando na poltrona, e encarei o teto decorado. As palavras de minha mãe dançavam em minha cabeça, causando mais confusão do que já estava ali.

Adinkra: O Poder do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora