♦AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO.♦Maisha
Rodolfo estava parado há alguns metros de mim, e me encarava furioso. Desde que o Senhor Frederico havia saído, ele não se mexeu e não disse absolutamente nada. Ainda me sentia envergonhada por suas insinuações. Mal podia acreditar que Rodolfo havia sugerido que o Senhor e eu estávamos fazendo algo nefasto, pela segunda vez.
Depois do dia em que me tratou de forma tão cruel, Rodolfo havia tentando me procurar algumas vezes. Contudo não lhe dei atenção. Não estava preparada para perdoá-lo, e não lhe concederia minhas desculpas, se elas não fossem sinceras. Por isso, o evitei até meu coração dizer que já podia desculpá-lo. Não gosto de guardar rancor e nem mágoas. Sentimentos tão ruins acumulados não me acrescentam nada além de obscuridade e desconforto.
E agora ele estava ali, novamente me instigando a sentir raiva.
— Tu ficarás me olhando até quando sem dizer nada? — questionei irritada. Precisava terminar o almoço, já havia perdido tempo demais.
— O que tanto falava com ele? — Rodolfo perguntou. Sua voz soava rouca e ameaçadora, porém não tinha medo. Não gostava da situação na qual ele me colocava. Como se eu fosse culpada e vil por me aproximar do Senhor.
— Perdão, porém isso não lhe diz respeito.
Rodolfo rosnou como um animal, e avançou sobre mim. Me encolhi um pouco contra o fogão. Ele era um homem alto e largo, e eu pequena e magra. Claramente estava em desvantagem. Não o reconhecia mais. A cada dia que passava, ele se portava como um bruto. Prova disso foi o fato de tomar meu braço com força, e apertá-lo com raiva.
— Fiz uma pergunta e quero a resposta. — exigiu. Seu rosto estava próximo demais do meu; podia sentir seu hálito quente contra minha face. Eu estava tremendo de medo agora.
— Estas me machucando. — disse tentando puxar meu braço. Seu aperto se tornou mais forte, e logo senti as lágrimas se formando no canto de meus olhos.
— Me diga logo.
— Não tenho nada para dizer-lhe. — o encarei. Olhos vermelhos, rosto raivoso, lábios contraídos. Parecia uma besta-fera. — Não devo-lhe satisfação.
— Não percebes, não é? — dessa vez sua voz soou mais baixa, quase murmurada. Rodolfo soltou meu braço, e se afastou, passando freneticamente as mãos pelos cabelos.
— Do que estas falando? — perguntei confusa, alisando meu braço dolorido. Rodolfo riu, e balançou a cabeça. Se aproximou novamente de mim, mas dessa vez não parecia estar com raiva. Seu olhar era doce, mas ao mesmo tempo triste. Franzi a testa sem entender a rápida mudança de humor. Ele ergueu sua mão, e tocou levemente meu rosto. Esticou o pescoço em direção ao meu rosto, e instantaneamente fechei os olhos. Gelei ao sentir seu hálito quente próximo ao meu pescoço, e seu nariz aspirando de forma desavergonhada meu perfume. Imediatamente senti vertigens, e quis vomitar.
— Afasta-te. — o empurrei, porém ele não se mexeu, nem ao menos me olhou. — Pare com isso, Rodolfo! — bradei me remexendo, mas isso apenas fez com que o homem colasse mais seu corpo ao meu. Comecei a sentir o pânico se alastrando, a mesma sensação que tive quando Matias estava por cima de mim me beijando.
— Shh. — murmurou, beijando minha pele. — Vosmecê é minha. — dito isso ele ergueu bruscamente a cabeça, e colou seus lábios violentamente nos meus. Arregalei os olhos assustada, e o empurrei com mais força. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo de novo. O que eu faria? Ele não me soltava, e não havia ninguém para me ajudar. Me debati freneticamente em seus braços, mas estava presa entre aquele corpo forte. Senti lágrimas escorrendo por meu rosto, queimando minha pele.
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Adinkra: O Poder do Amor
Ficción históricaSão Paulo, Brasil. Século XIX. O império brasileiro apostava suas fichas no cultivo de café. Grandes fazendas cafeeiras marcavam o território do país. Fazendas cheias de escravos. Escravidão era uma realidade no Brasil há mais de trezentos anos. Mai...