First

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Milene Delilah Blanche

Seattle, 22 de fevereiro de 2017. 19h02min.

Mansão dos Blanche.

A mesa de jantar estava, como sempre, muito bem posta. Sempre com as melhores comidas de toda a Seattle, palavras essas usadas por Drenne, minha cozinheira. Drenne, assim como todos nessa casa, sabia muito bem o horror que era minha vida, as horas de tortura que eu passava quando meu maldito irmão chegava a casa, e mesmo assim fingiam como se nada vissem naquela casa. Todos medrosos. Mas quem sou eu para criticá-los? Também sou uma fraca medrosa, sou outra nessa casa que vive com medo do meu irmão. Mas também sou a que mais sofre, sou a mais quebrada, literalmente e psicologicamente, sou a que mais precisa ser salva do monstro de olhos vermelhos sangue que até anos atrás eu me orgulhava chamar de irmão.

– Menina Milene, a senhora tem que comer ou o senhor Kit irá ficar furioso. – Drenne tentava, sem muito sucesso, me fazer comer aquela comida. Mas eu não queria aquilo, era nojento, nunca gostei de caracóis e kit sabia, mas como sempre, me fazia comer coisas insuportáveis de propósito. – Por favor, senhora, coma.

– Já disse que odeio caracóis!

– São ordens do senhor Kit.

– Foda-se o Kit! Não irei comer essa porcaria nojenta. – Fiz uma careta ao notar o cheiro horrível dos caracóis entrarem nas minhas narinas. Aquilo fedia. – Me coloque uma língua de boi pra comer, mas caracóis não. – Podia estar parecendo um tanto mimada ou dramática, mas aquilo era nojento demais. Não sei como pessoas comem aquilo.

– Tudo bem, senhora Milene. Vou ligar para o seu irmão e...

– Não o chame de meu irmão! – A cortei antes que eu vomitasse com aquilo em vez do cheiro dos caracóis. – Ele não é mais meu irmão. Todos vocês sabem disso! – Odiava que o chamassem de meu irmão, era repugnante.

– Desculpe senhora. – Ela abaixou a cabeça envergonhada. Como todos sempre fazem. Antes de tudo isso acontecer, todo esse terror que é minha vida, eu era como uma Barbie da vida. Mimada, mandona, e estupidamente sentia-me a "rainha da porra toda". E quando meu irmão surtou, finalmente eu acordei do meu sonho de princesa para viver o pesadelo da vida real. – Com licença, senhora. Irei ligar para o senhor Kit e perguntar se a senhora pode comer outra coisa.

– Faça o que quiser, mas eu não vou comer esses malditos caracóis. – Dito isso bufei enquanto olhava Drenne se dirigir ao telefone, ligando para o secretário do Kit. Tal secretário que deveria ser meu e não dele. 15 minutos se passaram até que finalmente Drenne voltasse.

– Ele deixou a senhora comer, mas só se for purê de batata com bife, apenas isso.

– Tudo bem, assim está bem melhor. Obrigada Drenne. – Purê de batata com bife era o prato preferido de minha mãe, e por tempos comer aquilo me causava tristes lembranças. Hoje em dia é uma das memórias que tenho dela que me fazem sorrir, mas lógico que Kit não sabe disso. Eu sempre fingi odiar quando como, assim ele pensa que é uma tortura quando na verdade é quase um alívio para mim. – Drenne?

– Pois não senhora Milene?

– E a June? – Não via minha filha a mais de três dias, tudo isso porque meu querido irmão não estava a fim de me deixar vê-la. Como eu o odeio.

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