Capítulo V

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A piscina da minha casa tem um tamanho até que razoável, pois meus pais sempre incentivaram que Simon e eu praticássemos algum tipo de esporte e, enquanto meu irmão e o "gêmeo" dele sempre foram aficionados por futebol eu adorava, e adoro até hoje, estar dentro d'água.

Depois de algumas braçadas na piscina, já nem me lembro do motivo de ter ficado tão inquieto lá na sala. A água sempre teve esse efeito sobre mim. Acalma os meus pensamentos e me relaxa. Nunca gostei muito de academia, mas sempre pratiquei natação. Tenho até algumas medalhas de campeonatos que ganhei na equipe de natação do colégio.

— Mas é um peixe mesmo — escuto a voz de Simon entre uma braçada e outra.

Interrompo minha "terapia aquática" e me apoio na borda da piscina, próximo de onde estão Simon e Alexandre, parados me encarando, cada um com um sorriso maior do que o outro.

— Que foi? — pergunto um tanto quanto desconcertado.

— Não reparou em nada não? — meu irmão pergunta.

Encaro os dois e, só então, me dou conta de que estão usando os presentes que eu lhes dei. Como eu sempre os vi como a extensão um do outro, comprei basicamente a mesma coisa para os dois. Agora eles estão vestidos, cada um, com uma camisa e um boné oficiais do Manchester United.

Uma vez que meu irmão e eu nos afastamos bastante nos últimos anos, eu não conheço muito sobre os seus gostos. Por isso, optei por comprar a camisa e o boné do time. Se tem uma coisa que nunca mudou no Simon foi a sua fixação por futebol. O Manchester United é o seu time do coração, talvez por influência do nosso pai que é outro obcecado por esse time. Aliás eu comprei a mesma coisa para ele também. Não sou muito criativo para presentes, confesso.

Quando comprei os presentes para meu o meu pai e meu irmão, por impulso, acabei comprando para o paspalho também. Acho que sou um pouco compulsivo com um cartão de crédito na mão. O único cuidado que eu tive foi o de escolher modelos diferentes para que os dois juntos não ficassem parecendo um par de jarros. Se bem que eles são tão sem noção que era capaz de nem repararem nisso.

— Ah tá — digo me impulsionando para trás, dentro d'água — pelo visto gostaram.

— Se nós gostamos? — Simon pergunta empolgado. — Nós adoramos! Valeu mesmo, irmãozinho. Eu sabia que você ainda me amava — disse um falso tom de convencimento e eu não pude evitar de dar uma gargalhada.

— E você? Não vai dizer nada? — pergunto ao amigo do meu irmão.

— Ah eu gostei também — ele coça a nuca. — Valeu aí pirralho. Eu nem sabia que tu me amava também.

— A gente pode entrar na água também? — Simon pergunta rápido, numa clara tentativa de impedir que eu retruque o que o amigo disse. Eu apenas dei de ombros e voltei a nadar. — Tu tá de sunga, Alê? — perguntou ao amigo que confirmou com um aceno de cabeça. — Beleza, então. Vou lá em cima botar uma sunga e já venho — disse e entrou em casa em seguida.

Paro na outra borda da piscina a tempo de ver Alexandre se despindo ali mesmo onde está. Ele tira o boné, seguido da camisa e, por fim a bermuda. Coloca tudo sobre uma das mesas do jardim e, por algum motivo, toda essa cena parece se passar em câmera lenta.

— Tá gostando da vista — ele pergunta ao notar que o estou encarando.

Droga! Pensa rápido, Noah! Cara de paisagem "mode on".

— Eu tava aqui pensando que tu tá precisando mesmo pegar uma corzinha. Principalmente nessa tua bunda branca — um sorriso safado, porém, involuntário se forma em meus lábios.

Eu Sempre Te AmeiOnde histórias criam vida. Descubra agora