Eu Sempre Te Amei

Capítulo XII

Será possível mesmo que o Alexandre goste de mim... desse jeito? Simon parece desconfiar de algo, aliás, ele mesmo disse isso. Mas parece ser apenas uma desconfiança mesmo. Mas Alexandre é uma pessoa um tanto quando... exótica. Talvez ele apenas tenha dado os sinais errados e, inadvertidamente, confundido a mim e, até mesmo, o seu melhor amigo.

— Tudo isso é muito estranho, Simon — digo incrédulo. — Por que ele não tentou falar comigo depois disso? — olho para ele e tento fazer com que minha voz não assuma um tom de acusação — E, se até o Alexandre tentou se aproximar de mim, como você mesmo disse, porque não você não fez o mesmo?

— Como eu disse, eu fui um babaca — ele dá um sorriso triste e olha para mim —, me acomodei com as coisas do jeito que estavam — ele fica com o olhar perdido, como se tentasse lembrar de algo. — A gente sempre acha que pode deixar pra resolver as coisas depois... E quanto ao Alê, até pra mim, é difícil entender ele, às vezes — ele ri. — Acho que eu sou a única pessoa que percebeu o jeito estranho que ele passou a te olhar desde aquela época... é como se ele quisesse se aproximar, mas tivesse medo ou sei lá o quê — eu não disse nada, apenas continuei olhando para ele com atenção. — Me diz uma coisa — ele me encara com um sorriso um tanto quanto debochado no rosto —, quem é o teu cantor preferido?

— James Blunt. Porquê? — não entendi o motivo da pergunta.

— E você já gostava dele, antes do Alexandre te dá aquele CD? — onde ele quer chegar com isso?

— Não sei — penso um pouco —, acho que não. Eu só conhecia umas duas músicas dele, na época...

— E como é que, hoje, você tem todos os CDs dele se, até onde eu sei, nunca comprou nenhum? — ele me pergunta rindo.

— Não sei... — penso um pouco — Acho que eu ganhei os outros no natal do mesmo ano... — não entendo porque ele está rindo.

— Não conta pra ele que eu te falei, tá? Mas o Alexandre comprou todos e me fez colocar em baixo da árvore com o teu nome, naquele ano — ele parece se divertir com a lembrança. — Ele jurava que não era nada demais e me fez prometer que nunca contaria pra ninguém.

Não sei o que dizer sobre isso. Cada vez me surpreendo mais com essa história. O Alexandre saiu do patamar dos simplesmente estranhos para os totalmente bizarros. Como pode uma pessoa ser tão controversa?

— Depois disso eu realmente achei que ele fosse tentar se aproximar de ti, mas não foi o que aconteceu — ele diz dando de ombros.

— Agora pensando bem, no meu aniversário de 17 anos, ele me deu um ipod com todas as músicas do James Blunt... — digo mais para mim mesmo.

— Eu sei... — Simom me interrompe — virou meio que uma tradição, né? — ele ri alto.

— Mas ele não me deu nada esse ano...

— Acho que ele ficou com vergonha de chegar e te dar um presente, já que não teve festa —, mas tu precisava ver o desespero dele pra chegar no aeroporto no dia da tua viagem — eu ergo uma sobrancelha, não acreditando no que acabei de ouvir. — Sério, o Alexandre é muito estranho, às vezes — ele ri. — Eu tava tirando o carro da garagem quando ele me parou e perguntou onde eu ia. Quando eu falei que tu viajava naquela tarde e que eu tava indo pro aeroporto ele me fez descer do carro e esperar ele se arrumar pra ir comigo — ele ri, novamente, da lembrança —, por isso chegamos tão tarde lá — ele dá um sorriso triste, agora — Foi quando a gente se abraçou ali que caiu de vez a ficha pra mim... — ele me olha um pouco abatido — e eu percebi que não queria mais ficar afastado do meu irmãozinho...