Capítulo XVI

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Namorar com ele? É isso mesmo, produção? Eu só posso estar tendo alucinações. O Alexandre não pode estar no meu quarto, deitado comigo na minha cama, dizendo que me ama e, ainda, me pedindo em namoro. Isso é loucura demais até para mim.

Eu já tive meus rolos por aí. Muito discretamente, claro. Ainda vivia em Nárnia. Mas, namorar? Eu nunca tive um namorado de verdade. Meu lance com o Samuel era mais uma coisa de brotheragem do que um namoro propriamente dito.

Alexandre me encara com expectativa e eu não faço a menor ideia do que devo responder a ele. Que eu sinto alguma coisa por ele isso é inegável, mas...

— Amor? — ele me chama e eu só consigo arregalar os olhos.

Ai meu deus, eu falei em voz alta? Não. Espera. Ele já está me chamando de amor? E essa carinha de cachorro pidão? Oh céus! Eu não aguento esse homenzarrão me olhando desse jeito todo fofo.

Num gesto desesperado, levanto-me da cama, num pulo, e corro em direção ao banheiro, trancando a porta atrás de mim. Meu coração está tão acelerado e minha respiração tão ofegante que qualquer um poderia achar que eu estou tendo um ataque de pânico. Ai meu Deus! Será que eu to tendo um ataque de pânico?

— Noah? — ele me chama e bate na porta — Amor, abre essa porta — porque ele fica me chamando de amor? Ele não percebe o quanto isso é assustador? Nós mal nos beijamos, pelo amor de Deus! — Noah? — ele chama um pouco mais alto. Parece preocupado.

— Que houve? — é a voz do Simon.

— Acho que ele tá passando mal — Alexandre responde.

— Eu vou chamar o meu pai — meu irmão diz.

— Me chamar pra quê? — ai meu Deus! É sério isso?

— O Alê disse que o Noah tá passando mal — meu irmão responde ao nosso pai.

— Filho? Tá sentindo o quê, meu amor? Abre a porta que a mamãe vai te examinar — mas isso é o quê? A Grande Família?

Olho para a banheira vazia e penso seriamente em enche-la e me afogar dentro dela. E gora? Como é que eu saio dessa? O Alexandre me paga! Pensa, Noah, pensa! Vou até a banheira, a coloco para encher e tiro minha roupa em seguida. Enrolo-me numa toalha, respiro fundo e abro a porta.

— Eu estou ótimo, gente! — olha só. Eu ainda consigo fazer minha cara de paisagem. Acho que só precisava fazer ela pegar "no tranco". — Pra quê essa confusão toda? — fuzilo Alexandre com o olhar. — Será que eu posso tomar meu banho em paz?

Depois de uns dez minutos convencendo meus pais de que eu não estou passando mal, eles, finalmente, saem do meu quarto e levam o meu irmão junto com eles. Alexandre, que não tirou os olhos do meu corpo um minuto sequer, não faz qualquer menção de sair de onde está. E o mais estranho é que nem meus pais nem meu irmão sequer o chamam para ir com eles e, simplesmente, o deixam no meu quarto.

— Agora eu vou tomar meu banho — digo entrando novamente no banheiro e vejo quando ele se move todo animado em minha direção. — Sozinho! — Digo, enfático, e ele para onde está, fazendo um bico engraçado.

☼☼☼☼☼

Quando abro a porta do banheiro, surpreendo-me ao encontrar Alexandre ainda dentro do meu quarto. Persistente, pelo menos, ele é, eu tenho que admitir. Ele está muito bem deitado sobre a minha cama, como se fosse a sua própria. Seus olhos, que antes olhavam para o celular em suas mãos, agora estão vidrados no meu corpo, que está coberto apenas pela toalha enrolada em minha cintura.

Eu Sempre Te AmeiOnde histórias criam vida. Descubra agora