Capítulo VII

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Aline e Alexandre. Poderiam fazer uma dupla sertaneja. Não consigo deixar de rir com esse pensamento e vejo o olhar curioso de Samuel em minha direção. Não posso negar que eles fazem um bonito casal, mas confesso que não contava com a presença dela aqui hoje.

— Cara, eu não entendo o que os héterozinhos veem em tipinhos como essa Aline — Samuel resmunga para mim.

— Como não, Samuel? — olho para ele com uma sobrancelha erguida. — Tudo bem que você não gosta da fruta, mas cego você também não é — ele solta um suspiro aborrecido — A mulher parece uma modelo, de tão linda que é.

— Noah... querido... — ele me puxa para que fiquemos de frente um para o outro e segura em meus ombros — Quando um amigo está falando mal da tua rival, o que tu tem que fazer e concordar e falar mal também — ele diz e eu reviro os olhos. — Assim fica difícil te ajudar, amigo — Eu não resisto e dou uma sonora gargalhada, chamando a atenção de todos em volta.

— Que rival, Samuel? — digo rindo. — De onde você tira essas loucuras?

— Ah vai negar agora? — pergunta indignado.

— Eu não vou negar nem afirmar nada, meu amigo — ainda estou rindo —, primeiro porque ainda não rolou nada entre nós e eu nem sei se vai — agora é ele quem revira os olhos. — Segundo que pra essa... pessoa... poder ser considerar minha rival ela ainda vai ter que comer muito caviar, meu amor — agora é ele quem dá uma gargalhada e todos olham para nós, novamente.

— Disfarça que eles estão vindo pra cá — Samuel diz rápido, entredentes.

O que eles poderiam estar querendo? Sempre nesses "eventos" o comum era eu ficar sozinho na piscina ou conversando com meus pais. Simon e Alexandre faziam questão de me ignorar, sempre. Ainda não consegui assimilar essa proximidade repentina deles. Tanto que, às vezes, não sei como reagir.

— Nô, tu lembra da Aline, né? — Nô? Olho, de relance, para Samuel e o vejo com uma expressão de "eu ouvi isso mesmo?"

— Lembro sim — respondo enquanto me levanto. — Como vai? — cumprimento-a com dois beijos no rosto.

— O Alê não para de falar de você — sinto certa ironia em sua voz. Olho para Alexandre e o vejo corar. — Soube que você acabou de voltar da Europa. O Alê e eu estamos combinando de ir nas férias de julho, né amor? — ele apenas confirma com um sorriso constrangido.

— Que bom pra vocês — eu não pretendia soar tão desinteressado, mas foi inevitável. — Ah esse é meu amigo, Samuel — Aline olha para ele com cara de nojo e se volta para o namorado, ignorando meu amigo.

— Amor, tô com sede — diz com uma voz manhosa e tenho que me controlar para não pegar ela pelos cabelos e arremessar para fora da minha casa.

Samuel apenas observa, sem nenhuma expressão no rosto, aquela cena patética, enquanto o paspalho assente para a namorada com a cabeça e os dois se afastam de nós em direção a onde estão os outros membros da família.

— Isso aconteceu mesmo? — Samuel me pergunta, incrédulo, depois de nos sentarmos novamente na grama. Eu não respondo nada. Meus olhos ainda estão fixos no casal de embustes. Acho que nunca senti tanto ódio na vida — Ei, calma — Samuel segura minha mão, fazendo minha atenção se voltar para ele — Não precisa ficar assim, Nô. Eu já to mais do que acostumado a lidar com esse tipo de situação.

— Mas não deveria! — interrompo-o. — Quem essa ridícula pensa que é? — digo sem esconder a irritação.

— Alguém que, certamente, não teve aula de história, do contrário, saberia que a lei áurea já tem mais de um século de existência — ele diz tentando fazer graça.

Eu Sempre Te AmeiOnde histórias criam vida. Descubra agora