T r i n t a e Q u a t r o

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-Josh soltou Damon quando me viu caída no chão. A situação estava tão barra pesada, Giulia que o céu pareceu ter ficado nublado de repente. -Ela parou um minuto e, pelo barulho, imaginei que tivesse trocado o celular para a outra orelha -Foi tudo muito rápido. Louis tirou uma lâmina do bolso e tentou acertar Damon. Conseguiu arranha-lo no braço e, depois que o Damon lançou a lâmina pra longe, simplesmente deu seu rosto para que o, me desculpe o palavreado, para que o desgraçado do seu namorado socasse... Ele só parou de golpeá-lo depois que Damon já estava inconsciente e que Josh usou toda a força que teve para separa-lo.

Eu tentava imaginar a cena de ver Damon caído no chão, sem vontade de reagir enquanto apanhava de Louis. Era uma maldita cena horrível que me fazia chorar. Oque eu não entendia, era o fato de que Damon nem havia tentado reagir. Logo ele, com todo aquele egocentrismo e orgulho... Eu precisava juntar as minhas migalhas e encarar o homem que eu dormia ao lado todos os dias. Não conseguiria olhá-lo com os mesmos olhos nunca mais.

-E onde é que ele está agora? -Funguei, enquanto tentava não odiar o meu namorado, apesar de ser quase impossível.

-Eu não acho que ele iria querer que eu dissesse -suspirou -não nessas circunstâncias.

Apertei os olhos com força. Mas é claro que não. Nem sei porque ainda pensava que Damon pudesse sentir algo por mim. Mas eu sentia por ele e sabia que o amava o bastante para não me sentir bem sem ter uma noção de como ele poderia estar.

-Ao menos pode dizer se ele está bem?

Apertei o lanche que eu segurava, mas ainda nem tinha tocado, e olhei para o grama verde a minha frente.

-O que você acha, Giulia? -Sua voz era baixa e por um momento me pareceu distante.

Balancei a cabeça, mesmo sabendo que ela não podia me ver, e limpei as lágrimas que, com todo esse sentimento agoniante, eu tinha desistido de para-las.

-Sinto tanto que tudo tenha acabado assim... Eu amo você, Giulia. É como uma irmã pra mim, então por favor, me prometa uma coisa.

-Oque? -Solucei.

-Que decida o que for melhor pra você. Não pense nos outros, Giulia. Pense em você e ouça o seu coração.

Notei que os alunos que passavam por mim, já tinham percebido meu estado. Só não queria que se aproximassem.. Eu não queria que ninguém me perguntasse o motivo, porque não queria ter que mentir.

-Eu vou fazer o que é certo, Kiara. Mesmo que isso acabe comigo. -Minha voz falhou na última palavra e, sabendo muito bem o que eu faria dali em diante, me despedi.

Quando desliguei, afundei o rosto nas mãos e chorei. Não conseguiria me levantar para correr até um banheiro e me esconder das pessoas.

E nem queria.

Só precisava falar com Louis e foi por isso que liguei para ele quinze minutos depois.

***

Louis evitou me perguntar o motivo de eu ter ligado para que me buscasse mais cedo. Eu sentia seu desconforto enquanto ele dirigia de volta pra casa. Aumentou o volume do rádio no carro e começou a cantarolar enquanto eu olhava pela janela. Ainda sentia meus olhos ardendo e o tremor passar pelo meu corpo. Sabia lá no fundo que a noite não ia acabar bem... Sabia que teria muito mais pra chorar.

Aquele dia foi um dos que mais ficaram gravados em minha cabeça. Isso porque aconteceu algo que nunca havia acontecido antes e eu nunca pensei que pudesse acontecer.

Louis estava assistindo TV quando sai do banho. Eu tinha conversado com ele na minha cabeça várias vezes e de varias formas. Respirei fundo e me sentei ao seu lado. Ele fingiu não me notar. Acho que no fundo já sabia o que estava acontecendo.

-Louis, precisamos conversar. -Falei, tomando a coragem de uma vez.

Eu não conseguiria viver com ele por muito tempo, depois do que Kiara me disse ao telefone. A cena de Damon ensanguentado não deixava minha cabeça. Eu também não podia viver com ele sabendo que havia batido na minha amiga!

-Espera um pouco, o jogo já vai terminar. -Ele resmungou, sem olhar para mim.

Sorri. Se nem estávamos casados ainda, imagine só depois.

Olhei seu peito nú e um aperto se fez no meu coração. A tinta ali me fez lembrar de quem éramos antes de tudo isso. Se não fossem meus pais me induzindo a estudar algo que não gosto, não entraria para aquela faculdade, não conheceria Damon e estaria com minha vida no lugar. Teria prima, melhor amigo e um noivo... Um noivo que eu também não conheceria a verdadeira face se não fosse por meus pais me obrigando a estudar algo que não gosto.

Me levantei e, sem ao menos avisar, tirei a tomada da TV.

-Mas oque...? Porra, Giulia! -Ele se levantou, passando as mãos pelos cabelos -Qual a parte do, o jogo já vai terminar, você não entendeu?

-E qual a parte do, precisamos conversar, você não ouviu? - Fui aumentando o tom a medida que eu saia do sério.

-Você deve estar maluca em fazer isso comigo! Logo comigo? -Ele soltou uma risada sinistra e colocou as mãos na cintura.

Era a primeira vez que o via assim.

-O que foi? Vai me bater Também?

No momento em que disse aquilo, me senti completamente aliviada.

Louis por outro lado pareceu um pouco longe do nosso planeta. Vi muitas coisas passando diante de seus olhos e seu corpo pareceu ter ficado mais tenso. Então ele me olhou e abriu um sorriso intimidador.

Tudo o que pude fazer foi me encolher.

***

Sei que você sabe que cometi aqueles erros
Talvez uma ou duas vezes
Uma ou duas vezes, quero dizer, talvez milhares de vezes
Então permita eu me redimir hoje à noite-Justin Bieber

Todas as suas ChancesOnde histórias criam vida. Descubra agora