-Você não pode simplesmente me obrigar, Kiara.Eu estava deitada, Kiara me ligava mais eu não queria atender. Na verdade, muitas pessoas me ligaram e eu simplesmente não queria ter que conversar. Acho que se o mundo estivesse desmoronando lá fora, eu simplesmente nem ia perceber. Era domingo e eu podia ficar deitada até tarde.
E era exatamente esse o meu plano, já que a festa tinha sido um fiasco e eu estava sem paciência para qualquer tipo de programa. Mas então Kiara apareceu no meu apartamento praticamente me obrigando a "vê- la jogar tennis" no clube onde seu pai era um dos sócios.
-Não sabia que convidar uma amiga para me ver jogar era obrigar. -Ela olhava suas unhas decoradas com uma carranca dramática enquanto falava -É uma decepção. Se fosse Melanie...
Rolei os olhos. A garota era persistente e eu já não aguentava mais aquele discurso de "amigas são para tudo". Então, bufando de raiva, me levantei e fui para o banheiro. Escutei ela soltando um risinho da vitória antes que eu trancasse porta.
Vesti um short-saia de academia e calcei meu tênis. Estava com uma regata branca e os cabelos presos em um rabo de cavalo. Sem maquiagem, sem ânimo, sem vontade de sair.
Mas percebi que se tratando de Kiara, eu simplesmente não tinha opções.
***
O clube não era muito longe. Ao menos aquilo me deu oportunidade de conhecer os pais daquela garota chata, pois me levaram de carro.
A mãe dela me adorou, eu também gostei bastante de sua personalidade. Seu pai era mais reservado, porém engraçado. Eles amavam sua filha, dava pra perceber. Me senti bem em estar ali, certamente eu precisava mesmo respirar.
Estava calor. Não, calor nem descrevia aquele clima. Digamos que a qualquer momento uma gota do sol fosse cair entre nós e acabar com a humanidade.
A quadra de tennis era ao lado da piscina. Se eu tivesse pensado com clareza, talvez me lembrasse de colocar um biquíni.
-O jogo vai ser daqui a uns trinta minutos. Pega uma raquete dessas ai na bolsa e joga comigo. -Kiara disse.
Arregalei os olhos e balancei a cabeça.
-O que? Não, nem pensar.
-Você só vai ajuda-la a treinar, Giulia. Vamos lá, é só uma mãozinha. -Jessica, a mãe de Kiara, disse.
Eu amava tennis, de paixão. Amava qualquer esporte... só que eu não era do tipo que me sentia bem em jogar qualquer coisa perto de alguém. Acho que o nome daquilo era timidez.
-Acredite, eu não sou boa nisso. -Senti meu rosto corar.
-Eu também não era, até descobrir que tenho talento. Agora vamos, o tempo está passando.
Respirei fundo e não pensei muito antes de pegar a raquete. Seria mico na certa, mas talvez assim acreditassem.
-Pronta? -Kiara perguntou. Balancei a cabeça, ela sorriu e começou a rebater.
Acertei uma, duas, três vezes e a quarta deixei passar.
-Viu só? Você só precisa pegar jeito.
Assenti, enquanto ela começava o jogo novamente. Dessa vez eu conseguir acertar a bola mais vezes do que antes. Era viciante. Eu me senti livre de qualquer problema, ou de qualquer outra pessoa. Jogar aquilo só me fez pensar nisso e em mais nada. Eu podia simplesmente ficar ali o resto da tarde, mesmo com o sol quente querendo me derreter.
Quando acabamos, nos sentamos em uma cadeira grande, de baixo de um guarda-sol. Eu estava soada, precisava voltar e tomar um banho.
-Você é boa. -sorriu.
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Todas as suas Chances
CasualeEu tinha tudo. Um namorado. Um melhor amigo fantástico. Uma prima doidinha e a minha liberdade. Mas você chegou, Damon, e de uma forma absurdamente intensa, você me tirou tudo. E mesmo depois de transformar meu mundo em um inferno perfeito, eu consi...