Eu só queria me vestir, sair e comer. Damon sempre era o culpado de tudo. No momento, seria o culpado se eu caísse desmaiada de tanta fome.-Não vem com esse papo. -Eu rolei os olhos e fui até a porta, abrindo-a e a segurando assim -Só vai.
Ele, ainda com seu sorriso estupidamente absurdo, apenas se virou e se sentou na minha cama.
-Damon, eu estou com tanta fome que sou capaz de cair morta na sua frente. Será que você é capaz de ao menos ir embora para que eu possa comer alguma coisa?
Sua sobrancelha se arqueou e ele deu de ombros.
-Se fome é o problema, eu te levo em algum lugar.
-Am? -Fiz uma careta só de pensar em sair com Damon -O problema não é a fome, criatura, o problema é você!
-Como eu disse coração, tudo tem o seu preço. -Ele me ignorou -Sai comigo e eu te deixo em paz.
O problema não estava em ser ele. O problema estava nos fatos de que, primeiro, eu tinha um namorado que obviamente não foi muito com a cara de Damon e, segundo, eu tinha absoluta certeza do que ele realmente queria.
E também tinha certeza de que eu não daria.
-Nem fodendo, Damon. Vai logo! -Gritei, apontando para a porta.
-Só saio daqui com você. -Ele se estiou sobre a minha cama e deu uma piscadela.
Bufei e, depois de alguns segundos parada olhando para ele e seu sorriso absurdo, bati a porta com força. Peguei uma muda de roupa e calcinha no closet e entrei no banheiro.
Eu tinha certeza de que Damon ria do lado de fora enquanto eu murmurava palavrões e reclamações em um tom alto o suficiente para que ele ouvisse.
Vesti uma saia jeans e uma camiseta preta, sem sutiã. Eu não tinha seios fartos, mas não me incomodava o fato de que eu saísse assim. Soltei os cabelos e passei os dedos por eles.
Abri a porta do banheiro e calcei meus chinelos, depois peguei a minha bolsa.
-Venha logo antes que eu me arrependa!
Sai em disparada pela porta sem ao menos o olhar. Mas quando cheguei na rua, ele já estava ao meu lado.
***
E aquela foi outra chance que lhe dei, além de deixa-lo entrar na minha vida desde quando o conheci. Não acho que fosse como se eu tivesse uma escolha. Aquilo estava fadado a acontecer. Nós estávamos fadados a acontecer.
Damon fez questão de que fossemos em uma lanchonete no subúrbio da cidade. Eu fiquei um pouco confusa com o tanto de voltas que demos, mas Damon parecia conhecer bem aquele lugar e se eu voltasse com ele, estava de boa.
O lugar era pequeno, mas aconchegante e movimentado. Não deixei de perceber que a maioria da população era negra e alegre. Eles riam e conversavam muito mais do que eu vi no campus da faculdade na semana inteira. E eu amava alegrias contagiantes.
Foi por isso que não consegui conter o sorriso desde o momento em que cheguei no lugar e uma garçonete de cabelos curtos nos atendeu com toda a atenção e animação do mundo. Eu pedi um suco de manga e um x-egg-bacon-mega-grande. Damon pediu coca-cola e um x-egg-bacon-com-tudo-dentro. Ele se virou para mim e ficou me observando enquanto esperávamos nossos lanches. No começo eu decidi ficar séria e focar só naquele cheiro maravilhoso de ovos, enquanto meu estômago se contorcia de fome. Mas isso não durou muito.
Eu nunca fui muito boa para ignorar alguns caras. Não que eu estivesse interessada nesses muitos casos. É só que minhas bochechas puxavam meus lábios de propósito e por vontade própria.
-Dá pra parar? -Enfiei o rosto nas mãos e respirei fundo, enquanto tentava não rir.
-Com o quê? -Perguntou. Senti um pontada de humor em sua voz.
Respirei fundo e levantei a cabeça. Tinha certeza que eu não ia rir, pois eu estava com fome e desconfortável com o tempo que ele conseguia me encarar.
Mas aí eu ri.
Dei daquelas gargalhadas que você balança todo o corpo e joga a cabeça para trás. Devia ter a ver com o lugar.
Quando terminei, enxuguei o canto dos olhos e olhei para ele. Havia um pequeno sorriso nos seus lábios. Não era seu sorriso absurdo. Era um novo sorriso, talvez aquela fosse a primeira vez que ele sorria assim.
-Não pense que estou te dando mole, Damon -Por mais que eu tentasse não rir, ainda estava rindo -Eu só tenho algum tipo de distúrbio que não consigo parar de rir quando preciso.
-Eu percebi.
Estreitei os olhos.
-Eu estou falando sério. Eu não sei o que acontece comigo que eu fico rindo nas piores situações. Tipo em um lugar fechado, lotado e que não tem absolutamente ninguém conversando. durante uma prova, eu lembro de algo e fico rindo igual uma bocó ou tipo agora.
Ele balançou a cabela e sorriu. Agora usou seu sorriso absurdo e confesso que assistir aquilo tão perto causava um efeito bem maior.
-Espero que se lembre disso durante uma prova ou alguma apresentação. -Sua sobrancelhas se ergueram.
-Não, você não pode me desejar isso. -Ainda rindo, me senti faminta quando nossos lanches chegaram.
Damon era sim um idiota, galinha, irritante, absurdamente intrigante e todos os piores pecaminosos defeitos possíveis, mas era melhor do que eu imaginava que realmente fosse.
Eu sabia que era errado. Sabia também que aquela não seria uma última vez porque, por mais que eu soubesse que ele era tudo o que eu não podia ter contato, aquilo só me faria querer outras vezes.
***
Eu cheguei em casa cheia, aquele hambúrguer era sem dúvida o melhor que eu já tinha comido em toda a minha vida.
Assim que entrei, o sorriso que eu tanto sustentava desapareceu do meu rosto.
-Merda. -Praguejei, quando deixei as chaves da porta em cima da mesa e fui para o quarto -Eu tô fodida.
***
É como se eu estivesse despertando
Todas as regras que eu tinha você está quebrando -Beyoncé
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Todas as suas Chances
De TodoEu tinha tudo. Um namorado. Um melhor amigo fantástico. Uma prima doidinha e a minha liberdade. Mas você chegou, Damon, e de uma forma absurdamente intensa, você me tirou tudo. E mesmo depois de transformar meu mundo em um inferno perfeito, eu consi...