Todas as suas Chances

V i n t e e N o v e

Passei o resto do dia e noite sem ver Damon. Mas aquilo não nos empediu de trocar mensagen, depois de conseguir convencê-lo que eu não ia a nenhum lugar, muito menos um lugar que se chamava clodsine . Conversar com ele assim me deixava incomodada, porque ao mesmo tempo que eu trocava mensagens com Damon, Louis também me mandava. Eu não queria responder os dois e nem ter que escolher entre um deles. Mas Damon era uma novidade, então eu queria explorar um pouco mais.

Eu não sou o tipo de garota que ao fazer o errado fica se culpando, se autodestruindo e essas coisas. Mas também não era o tipo que gostava de trair e de ter os homens aos seus pés. É só que eu gostava de Damon, porém amava Louis.

Aí é a hora em que você revira os olhos e resmunga um "mas quem ama, não traí, idiota!" para mim.

É. Isso é mais complicado do que eu ou você possamos imaginar. Acho que outro no meu lugar saberia lidar com a situação perfeitamente. Acontece que eu não. Tinha medo de arriscar escolher Damon e acabar sendo traída descaradamente. Mas também tinha medo de arriscar um futuro ao lado de Louis e no fim descobrir que não era ele quem eu realmente amava. Sabia que devia, mas eu simplesmente não conseguia escolher um dos dois, se é que eu estava em posição para escolher. Confesso que aquela situação me lembrou Melanie no relacionamento com Josh e aquilo me deu um pouco de náusea. É que quando eu via essas coisas que Melanie aprontava eu não achava isso justo e acabou que eu estava exatamente na mesma pele que aquela vadia.

Me encolhi no sofá para assistir Netflix e disposta a empurrar todo esse fardo para trás da minha mente, quando meu celular vibrou e o nome de Louis apareceu na tela. Eu estava tentando ignorar suas ligações desde o dia da festa, mas aquilo simplesmente não podia ficar assim. Atendi ao celular antes que a ligação caísse e, com um suspiro um pouco cansado, o ouvi. Não era de propósito, eu simplesmente não estava a fim de falar com ele. Talvez pelo fato de que eu temia que Louis, como me conhecia muito bem, sentisse a mentira em minha voz.

Depois de alguns minutos de conversa, ele pareceu notar. Foi quando eu me levantei e comecei a andar de um lado pro outro, um pouco perdida e o escutei atentamente enquanto me questionava. Coisas como: "Está com raiva? "Falei algo que te chateou?" "O que houve?".

-Não é nada. Só estou um pouco sobrecarregada demais com os trabalhos da faculdade. -Foi a primeira coisa que apareceu na minha cabeça.

Ele soltou um longo suspiro e ficou calado. Comecei a pensar que ele não estava mais na linha, até que mudou subitamente o assunto e o tom de voz.

-Eu vou em uma reunião importantíssima, com alguns sócios para um novo patrocinador, daqui a três dias. Isso vai ajudar muito no desempenho da minha carreira e podemos casar mais depressa.

Eu sentia que o sangue estava fugindo do meu rosto.

Casar com Louis? Aquilo não parecia soar tão bem quanto soava a alguns meses... Me deixou um pouco nostálgica. Eu só tinha dezoito anos, era nova e tinha mais coisa na vida para conhecer. Mais coisas para descobrir, fazer, explorar... Casar com dezoito anos com um cara que tinha vinte e três...?

Não, questão de idade não tinha nada haver. Meu raciocínio já estava ficando fora de controle. Depois dessa notícia eu só precisava dormir... Ou ver Damon. Talvez a segunda opção, já que casar com Louis significava parar com aquilo, seja qual fosse aquele lance entre eu e Damon, de uma vez por todas.

-Princesa, você ainda está aí?

Engoli em seco e balancei a cabeça, mesmo sabendo que ele não podia me ver.

-Sim, estou. Mas eu preciso desligar, Louis... am... a gente se fala depois?

-Já, amor? Mas nem estamos nos falando ultimamente e só tivemos cinco minutos de chamada depois que finalmente você me atendeu. Está com raiva, não é mesmo? Me diz o que posso fazer para concertar essa situação e prometo que farei.

Respirei fundo. Queria dizer a ele que o problema não era esse. Tudo parecia mais complicado quando eu tinha que lhe dar com esses dois caras ao mesmo tempo.

Alguém bateu na porta do meu apartamento. Três vezes seguidas e duas vezes com intervalo de um segundo.

Significava que era Damon.

Agora sim eu precisava desligar.

-Não é nada. Eu te ligo amanhã, tenho que ir agora. Beijo.

Desliguei, colocando o celular em baixo das almofadas do sofá e arrumei os cabelos antes de abrir a porta. Quase revirei os olhos. Porque eu me preocupava tanto com a aparência, afinal?

-O que está fazendo aqui?

Damon segurava um pacote marrom do McDonalds na mão e na outra, uma sacola transparente com duas latas de coca-cola dentro.

-Você parou de me responder, coração e eu estava aqui perto, então comprei esse lanche para nós. -Ele disse, simplesmente -Não vai me convidar pra entrar?

Não pude conter o sorriso, oque fez que ele sorrise também.

Deixei a porta aberta enquanto ele entrava e, antes de passar por mim, depositou um pequeno beijo nos meus lábios.

Seja o que fosse, eu gostava daquela sensação.

***

Então vamos aproveitar o nosso tempo
Para falar o que quisermos
Use o que nós temos
Antes que tudo isso acabe
Não, não nos é prometido o amanhã - Meghan Trainor (Feat. John Legend)