T r i n t a e S e i s

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Acordei antes que todo mundo da casa.

Noite passada eu havia contado à Kiara meus planos para hoje, e fiquei feliz por ela ter me garantido que Damon estava na cidade. Tinha medo de como ele reagiria a mim ou como eu reagiria a ele. Mesmo assim, depois de um banho rápido e de repetir milhares de vezes para mim mesma que tudo daria certo, sai em direção a casa dele. Quanto mais perto eu chegava, mais pensamentos amedrontares me invadiam.

E se ele e Isabella tivessem começado algo novo juntos? Ou então se ele estivesse naquele momento dormindo de cueca na sala junto com alguma garota da faculdade? Infelizmente Kiara não quis me contar os detalhes... Não sabia como ou com quem eu o encontraria, mas precisava encontra-lo de uma vez e pedir perdão por Louis e por eu ter simplesmente me mudado para o outro lado do mundo sem ao menos dizer a ele.

Quando cheguei, a primeira coisa que notei foi sua moto estacionada ao lado da casa. Tinha várias lembranças com isso, o que me fez hesitar um pouco para pensar. Parei de frente a porta e encostei na campainha, mas não a apertei. Sentia meu coração pulsando forte e meus nervos me fazerem Hesitar. Não ouvia música, ou se quer um ruído vindo da casa. Talvez ele também não estivesse... Ele já dormiu em meu apartamento antes e isso queria dizer que ele pudesse estar dormindo no apartamento de Isabella ou alguma das garotas da faculdade.

Balancei a cabeça, já sentindo meus olhos arderem. Depois de todos esses meses eu não acreditava que finalmente estava ali de novo. Talvez Damon estivesse logo atrás da porta e isso me fez ficar inquieta. Se eu pensasse de mais iria desistir, então decidi apertar de vez a campainha, mas antes que eu pudesse fazê-lo o meu celular começou a vibrar. Olhei as letras no visor e ignorei a ligação. Numa hora dessas é claro que a minha mãe já sabia sobre Louis.

Mas eu não iria voltar nessa questão. Não agora.

Apertei a campainha depois de desligar o celular e guarda-lo de volta na bolsa. Não tive resposta, então voltei a aperta-la e a cada tentativa de resposta, eu murchava um pouco por dentro. Toquei a campainha pela décima primeira vez, já desistindo.

-Eu deixei bem claro que não quero falar com ninguém! -A voz de Damon estava arrastada, como se estivesse bêbado. Mas eu o conhecia o bastante para saber que estava apenas com sono.

Sua voz vinha detrás da porta. Encostei a testa nela e fiquei em silêncio. Tinha medo de que ele não quisesse me ver... mas depois de enxugar uma lágrima que insistiu em cair, finalmente consegui dizer alguma coisa.

-Será que você pode abrir pra mim?

Minha voz falhou mais vezes do que eu queria.

Um silencio imenso se alastrou entre eu, a porta e Damon e, depois do que pareceram horas, quando eu já achava que ele não fosse abrir, ouvi o barulho da chave.

Tentei me manter de pé enquanto olhava para ele. Eu senti tanta falta. Falta da sua voz, de ver seus olhos pratas... Eu sentia falta de seus beijos e de agarrar seu abdômen enquanto andávamos de moto pela cidade.

Mas ele não parecia ele.

Damon estava com olheiras. Parecia alguns quilos mais magro e havia deixado que sua barba crescesse. Mas apesar de tudo isso, seus olhos prateados tinham a mesma intensidade que sempre tiveram sobre mim e suas tatuagens estavam do mesmo modo e uma a mais. Uma menina minúscula e um coração perto do cadeado sobre o peito esquerdo. O mesmo desenho que ele fizera para mim na biblioteca quando eu ainda tentava não cair em seus encantos. Afastei outra lágrima e sorri. O sentimento era tão forte que meu coração parecia estar sendo contorcido dentro do peito. Me contive para não abraça-lo... eu ainda não sabia o que estava por vir.

-Giulia? -Sua voz fez cócegas em meus ouvidos ao pronunciar meu nome -o que... oque está fazendo aqui?

Ele não estava nervoso quanto eu temia. Estava apreensivo, machucado. Comecei a me convencer que ele podia sim nutrir algo por mim e, só por Damon ser todo egocêntrico e mulherengo desde que o conheci, acreditei que ele não poderia mudar. Mas talvez ele houvesse mudado sim.

Não deixei de reparar, já que ele estava sem camisa, alguns cortes cicatrizados ao longo da costela que iam até a parte de trás, onde não era possível eu enxergar. Louis... Aquele filho da puta!

-Preciso conversar com você. -Minha voz falhou novamente -Eu posso... entrar?

Ficamos por um tempo apenas nos olhando. Ele parecia não acreditar no que via e eu parecia uma boba enquanto olhava cada pedaço do seu corpo. A vontade de toca-lo fazia com que minha palma coçasse.

-Claro, entra. -Ele deu um passo para trás e eu entrei.

Era a mesma casa, porém de um modo diferente. Garrafas de cerveja vazias, caixas de pizzas e algumas de suas peças de roupas eapalhadas pela sala. Seja o que for, ele não parecia ter seguido sua vida e isso me fez compreender que o motivo era eu. Afastei outra lágrima antes que ele visse e respirei fundo.

-Quer tomar alguma coisa? Uma água... am... desculpe a bagunça eu... A última pessoa que eu esperava ver era você. -Deu de ombros, agarrando uma camiseta amassada e a vestindo.

-Eu estou bem, obrigada. -Sussurrei, mais para convencer a mim mesma do que a ele.

O cheiro de Damon ainda era o mesmo, o que me fez rir.

Damon correu e afastou algumas caixas vazias para que eu me sentasse. Respirei fundo e me sentei no sofá. Ele se sentou na minha frente.

Eu não tinha ideia de por onde começar. Sabia que seria difícil uma vez que estivesse na sua frente, mas não sabia que me sentiria assim. Era algo intenso, como se a nossa energia tivesse se mantido no lugar desde o momento em que nos olhamos pela primeira vez, ele entre o grupo de amigos e eu sentada na grama verde do Campus.

Não restava dúvidas na minha cabeça. Damon era o meu primeiro e único amor verdadeiro e seria para sempre.

***

Não sei se eu poderia ficar
Sem você, porque garoto, você me completa -Beyonce

Todas as suas ChancesOnde histórias criam vida. Descubra agora