T r i n t a

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A primeira noite que Damon dormiu no meu apart. foi aquela. No dia seguinte, eu dormi em sua casa.

Era mais intenso do que parecia. Seus toques, seus beijos, olhares, Deus! A voz de Damon... tudo era um conjunto de sonho que, se eu pudesse, guardaria em um potinho para sempre.

Mas eu imaginei que não duraria, ou devia ter imaginado. Eu e Damon nos acertamos a bem pouco tempo e era de se estranhar que nada ainda tivesse estragado isso. Até que eu estava indo embora, depois que Damon mandou uma mensagem dizendo que se atrasaria e por isso iria até o meu apartamento depois para que a gente saísse, e notei que algo estava diferente. Tudo calmo, tudo quieto, tudo muito parado.

Eu lembro como se fosse ontem. Lembro da legue marrom e jaqueta de couro que eu usava junto com a luvas que tinha comprado justamente por causa de Damon e sua moto maluca. Me lembro que havia prendido meus cabelos de moto simples, justamente por causa de Damon e sua moto maluca. Me lembro também de não ter feito uma maquiagem trabalhada por causa de Damon e sua moto maluca e, principalmente, me lembro de ver Isabella me olhando durante todo o dia na faculdade. No gramado, biblioteca... todos os lugares podia sentir seus olhos me incendiando. Até que ela decidiu aparecer.

Isabella estava um pouco vermelha e seus lábios franzidos. Parecia ter chorado, mas duvidei que alguém que nem ela tivesse qualquer tipo de sentimento para chorar.

Ah, Giulia sua bobinha. Raiva era um sentimento. Isabella era movida pela raiva.

-Vai sair da frente ou quer que eu te tire dai? -Arqueei uma sobrancelha.

De qualquer forma, queria mesmo entrar em uma briga só por gosto, mesmo.

Graças a Damon, minha paciência com pessoas que eu não gosto eram de zero a zero por cento.

-Muito esperta você, não é? -ela deu um passo para frente como se fosse me atacar. Apenas cruzei os braços abaixo dos seios e a encarei - está namorando o coitado do Louis e transando com o galinha do Damon.

Senti minha alma deixar o meu corpo. Eu sabia! Sabia que a intenção de Damon, no fundo, nunca foi ter algo além de sexo para que pudesse sair contando por ai. Ah, mas é claro! Alguém como ele queria contar as histórias de sua conquista. Ninguém melhor para dividir isso do que a Isabella. Como eu fui burra! Uma completa idiota por achar que o conhecia quando na verdade, eu apenas me deixei levar. Lhe dei a chance de me fazer ter motivo para ficar com ele.

O mais engraçado, é que eu até cogitei a ideia de me separar de Louis. Mas pra quê? Pra quê jogar um futuro brilhante fora? Só por uma paixonite? Parabéns Giulia, ganhou o troféu de a puta mais burra da história!

Eu tentei, sei que tínhamos acabado de nos acertar, outra vez, mas acontece que não ia dar certo. Eu só estava cega de mais para aceitar isso.

-O que foi, Giulia? Viu um fantasma? -Ela provocou.

Eu não conseguia me mexer. Estava com raiva dele e com medo por Louis descobrir.

-Pois é. Guarda esse espanto pra quando a Melanie contar para o corno do seu namorado. Ah, ou será que ele já tinha te pedido em casamento? Transar com o Damon tinha sido uma despedida de solteiro?

Eu estava paralisada por ter visto a verdadeira face de Damon, mas isso e, garanto, nenhuma outra coisa me fez ou me faria parar o que eu estava prestes a fazer.

Com um único passo, fechei a distância que me separava de Isabella e acertei um soco bem no seu nariz. O sangue jorrou na mesma hora e isso não me aliviou, muito menos me satisfez. Só alimentou a minha raiva. Eu estava pronta para continuar, quando fui puxada para trás pelos cabelos. Nem fez cócegas porque a minha ira não me deixou processar aquilo. Só tive tempo de ver alguns fios Rosas serem soprados pelo vento antes de eu conseguir segura-la pelo braço e acertar um tapa em seu rosto. Melanie praguejou, indo para trás cambaleante e então se jogou para cima de mim.

Eu nem via direito, estava sendo movida por algo que não fazia parte de mim. Segundos depois eu estava em cima de seus ombros, batendo em seu rosto frequentemente e, no outro instante, estava sendo puxada de cima dela.

A única coisa que conseguiu realmente me acalmar, foi ouvir a voz de Grant.

-Ei, vamos daqui. Está tudo bem. -Me acalmou, acariciando meus ombros enquanto me levava para longe dali.

Sentia as lágrimas quentes escorrendo dos meus olhos enquanto, ainda andando, via as duas caídas no chão. Não foi nada muito alarmante, mas no fundo eu esperava que elas sangrassem até ficarem transparentes.

***

-Obrigada, Grant. -Sussurrei enquanto evitava olhar ele segurando o gelo em meus dedos, sentado na cadeira a minha frente.

-As duas é quem deverinham me agradecer por eu ter te tirado de lá. -Sorriu.

Apenas assenti, feliz por ter conhecido ele. No final das contas, essa faculdade não tinha acabado com tudo na minha vida. Apenas minha sanidade, respeito, relacionamento, prima, melhor amigo... suspirei abaixando a cabeça. No que eu fui me meter?

-Eu vou falar com ela e ponto! -Ouvir aquela voz me fez apertar os olhos e prometer para mim mesma que eu não choraria.

Não na frente dele.

Eu e Grant olhamos para a porta. Damon, um pouco desesperado e irritado, entrava praticamente arrombando a porta enquanto Kiara tentava segura-lo e Josh falava algumas coisas para acalmar o amigo.

Vê-lo ali não foi o foco do meu ódio. Vê-lo agarrando Grant pela camisa e o tirando de perto de mim que me fez ficar irada.

-Logo com a minha garota? -Damon gritou, enquanto segurava Grant sem dificuldade, quase que o suspendendo no ar.

Me levantei. Que porra ele achava que estava fazendo?

Vi seus olhos vermelhos e soube no mesmo instante o que aquilo significava: significava que Damon era cretino o suficiente para aparecer ali chapado depois de toda aquela merda.

***

Podemos sempre olhar para trás, o que fizemos
Todas essas lembranças de você e eu bebê -Dave Matthews Band

Todas as suas ChancesOnde histórias criam vida. Descubra agora