9 de novembroNaquela tarde eu estava mais ansiosa que o normal. Eu ia passar a tarde com o Louis, meu namorado. Não seria uma tarde qualquer, era seu aniversário. Eu, junto com Antonella minha prima, e Guto meu melhor amigo, montamos uma pequena surpresa para Louis.
O plano era simples; eu o mantinha ocupado até as seis da noite, hora em que o levaria até seu apartamento e o pegaria de surpresa. Haveria algumas cabeças além de minha prima e meu amigo. Mas poucas pessoas. Entre elas papai e mamãe que me ajudaram com o que precisei comprar.
Ser filha única de uma pediatra e um cirurgião tinha lá suas vantagens.
Eu tinha acabado de terminar os estudos. Ia seguir esse rumo de medicina como meus pais, só não sabia ainda o que. Eles me pediram e, como são o poço de tudo que peço, o mínimo que podia fazer era seguir suas vontades. Isso quer dizer, fazer medicina, mesmo querendo fazer teatro. Bom, isso é outro ponto da história, um ponto que ainda voltarei a contar.
Mais tarde, depois de montar na sala do meu condomínio uma sessão de cinema, era a hora em que o levaria até a surpresa. Antonella tinha me mandado uma mensagem confirmando se tudo estava sob controle. Eu respondi rapidamente que sim e depois me virei para ele.
-O que acha se formos para o seu ap. agora? -Perguntei, inocentemente.
Louis fez uma careta engraçada e franziu as sobrancelhas.
-O que? Mas Estamos bem aqui, princesa.
Eu suspirei e me aconcheguei entre suas pernas.
Um fato sobre nós:
Eu e Louis namorávamos desde quando eu fazia o primeiro ano do ensino médio. Exatamente dois anos e três meses. Apesar disso, eu sou virgem. É claro que parece um absurdo namorar por dois anos e nunca ter chegado lá. Mas Louis me satisfazia com quem ele era. Um amor de pessoa, atencioso e que acrescentava muito na minha vida. E sobre tudo, ele nunca, em hipótese alguma, forçou algo que eu não quisesse.
Mas de vez em quando nos satisfaziamos com as mãos, ou os lábios um no outro. Não era algo em que estava focada naquele momento, então isso também ficaria para depois.
O fato é que Louis aceitou ir para seu apartamento depois de eu enche-lo com beijos e mordidinhas. Era muito fácil convencê-lo de algo quando eu agia assim.
Ele era pervertido quando queria.
Meia hora depois estávamos estacionando em frente ao seu apartamento. Louis trabalhava com construção Civil. Tinha carro e moradia boa o suficiente para meus pais o aprovarem. Ele desceu antes de mim, mas corri para fora do carro antes de deixa-lo abrir o portão do prédio.
-Eu estou apertado, princesa. Será que eu posso entrar logo?
Aquilo era engraçado. Apesar de eu saber que precisava manter a seriedade, era impossível não rir com aquela cena. Mal sabia ele que ir ao banheiro seria a última coisa que Faria quando entrasse.
-É só que eu quero entrar com você.
Ele franziu as sobrancelhas e estreitou os olhos, mas por fim deu de ombros.
O elevador nos levou ao quarto andar com rapidez. Ele me empurrou para fora gentilmente e me beijou, antes de pegar a chave do bolso.
E quando a porta foi aberta, havia apenas escuridão.
Louis xingou e isso também me fez rir, pois eu sabia que minha mãe o repreenderia se tivesse ouvido e se não fosse estragar a surpresa.
-Não me lembro de morar em um buraco negro. -Resmungou, tropeçando no carpete a caminho do projetor de luz.
Permaneci na porta e observei, sorridente, quando ele acendeu as luzes.
Primeiro ele estava zangado, depois assustado e no momento seguinte surpreso. Havia meia dúzia a mais de pessoas do que eu imaginava. Logo encontrei o olhar de Antonella. Obviamente ela havia convidado amigos de amigos. Ela sempre era responsável por esse topo de coisa.
Estava dentro de um vestido azul bebê que tinha um laço enorme perto dos seios. Na verdade, todos estavam bem arrumados. Todos de classe média alta. Todos filhos de médicos, advogados e bancários.
Não me deixava desconfortável o fato de que eu vivia em meio a uma rotina com pessoas engomadas e robóticas. Me deixava desconfortável o fato de eu saber que aquela rotina duraria para sempre assim que eu entrasse em uma boa faculdade de medicina.
Não posso deixar de dizer que aquele dia foi um dia muito bom. Foi um presente tanto pra ele, quanto para mim. Foi um dia que não poderia me esquecer e isso porque as pessoas são feitas de passados. E seus passados que formam os seus presentes. Seus medos te fortalecem, suas investidas te dão coragem e a sua coragem que te dar a força que você precisa para continuar.
***
Tênis, não preciso nem comprar um vestido novo
Se você não está lá, não tenho quem impressionar (Beyoncé)
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Todas as suas Chances
De TodoEu tinha tudo. Um namorado. Um melhor amigo fantástico. Uma prima doidinha e a minha liberdade. Mas você chegou, Damon, e de uma forma absurdamente intensa, você me tirou tudo. E mesmo depois de transformar meu mundo em um inferno perfeito, eu consi...