-O que trouxe você de volta?Senti uma grande hesitação enquanto ele perguntava. Eu sabia que ele tinha medo. Eu também tinha. Mas acontece que se eu não fosse procura-lo, simplesmente não conseguiria seguir com a minha vida.
-Fiquei sabendo sobre o que aconteceu com você no dia em que... -Respirei fundo, reformulando as palavras. Ainda era difícil vê-lo na minha frente sem poder toca-lo -Quero pedir perdão por Louis ter aparecido naquele dia e...
-Eu tive o que merecia, coração. -Olhei no fundo de seus olhos . Senti tanta falta desse apelido que chegava a doer.
Afastei as lágrimas antes que ele percebesse a minha vulnerabilidade e balancei a cabeça.
-Você não errou mais do que eu, Damon, e Louis não tinha esse direito.
Um sorriso sem humor apareceu em seu rosto e meu coração se apertou. Saber que nós dois fomos um grande erro era tão doloroso quanto levar um tiro.
-Isso já não importa mais, importa?
E na verdade não importava. Mas eu não ia me sentir bem sem me desculpar.
-Você está bem? -Perguntei, enquanto o analisava.
Aquela pergunta tinha mais de um sentido e ele pareceu compreender.
Damon suspirou e deu de ombros, como se aquilo respondesse.
-O seu... noivo sabe que está aqui? Quero dizer... da última vez ele não me pareceu muito compreensivo.
-Eu e Louis não estamos mais juntos. Eu... Ele não é quem eu amo de verdade.
Ao dizer isso, Damon que antes olhava para o chão, me olhou intensamente. Vi ali muito mais que luxúria ou saudade. Vi esperança.
Só que eu não fui até ali esperando que tudo ficasse bem. Eu e Damon éramos duas pessoas que agora não teriam mais do que algumas lembranças. E eu precisava me acostumar com isso.
-Giulia, você nunca me deixou explicar o que houve naquele dia. Eu nunca realmente contei nada sobre nós. Eu não queria te perder, eu me sentia bem, me sentia inteiro quando eu estava com você e não faria nada que pudesse colocar um fim entre nós dois.
Respirei fundo e me ajeitei no sofá.
-Isso já não importa mais, importa?
Ele abaixou o olhar e suspirou. Talvez no fundo também sentisse que nós não poderíamos ficar juntos. Seria um futuro duvidoso, incerto e imprevisível. Nós juntos éramos imprevisíveis.
-Eu estou indo para Hollywood. Vou fazer cinema e não poderia ir sem antes te ver de novo e saber que está seguindo em frente.
Era verdade. Eu havia decidido fazer algo que realmente gostasse. Não seguiria os sonhos de outras pessoas já que seria eu quem o viveria.
Damon me encarou por um tempo e, depois de respirar profundamente, assentiu.
-Não posso te impedir, coração, então te desejo sorte e felicidade. -Susurrou enquanto fitava o chão.
Balancei a cabeça e me levantei, indo até a porta. Damon estava logo atrás. Quando segurei a maçaneta, uma mão quente e aconchegante cobriu a minha. Senti meu corpo estremecer e meus olhos, pela milésima vez desde que cheguei, se encheram de água.
-Adiantaria eu pedir para ficar comigo? -Sua voz era baixa e hesitante.
Se eu dissesse sim, poderia me arrepender, porque eu estaria abrindo mão de tudo por algo que eu nem sabia se era possível. Então antes que eu decidisse por impulso, me virei e o beijei.
Gemi em seus lábios enquanto chorava, tentando saciar de alguma forma aquela saudade que senti de cada movimento seu. A barba dele tocou de leve meus lábios enquanto suas mãos envolviam o meu corpo de modo delicado. Era como se estivéssemos tentando parar aquele tempo. Como se quiséssemos que durasse para sempre.
Ele me agarrou e me levantou, até que passei as pernas ao redor de sua cintura e agarrei seus ombros com força. As lágrimas foram parando aos poucos enquanto eu fechava os olhos para apreciar.
-Eu senti falta, muita falta. -Murmurava ele, incontáveis vezes, enquanto me carregava para o quarto no andar de cima.
Ele me deixou sobre a cama e tirou as roupas, enquanto eu tirava as minhas. Seu corpo cobriu o meu de modo lento e suave. Era quase como se ele estivesse gravando cada parte de mim, enquanto eu acariciava sua pele, beijando seus lábios e cada parte em que eu alcançava.
Logo Damon estocou dentro de mim. Cada investida eu chamava seu nome. Queria deixar a minha marca e aproveitar cada sensação já que era a última vez. No final, as lágrimas me invadiram novamente enquanto ele aumentava o ritmo e agarrava com força o lençol em volta da minha cabeça. Mordi seu ombro, cravando as unhas em suas costas e fechando os olhos, enquanto sentia a última sensação de êxtase tomar conta.
-Eu te amo, Giulia. Eu te amo, você é o meu coração. -Repetia ele, enquanto tomava meus lábios e ambos sentíamos o gosto misturado ao salgado das lágrimas.
Então o nosso ritmo diminuiu e ele se deixou cair sobre mim. O apertei forte e tentei respirar normalmente. Saber que ele me amava, saber que havia dito isso de forma tão sincera me abalou.
O empurrei levemente até que ele me olhasse.
-Eu sinto muito que tenha que ser assim, mas acho que não estamos prontos. -passei a mão ao redor de seu rosto e o beijei levemente -Eu te amo e quero que saiba que eu nunca vou te esquecer.
-Você sempre vai estar no meu coração.
Sorri, mesmo que ainda chorasse, e beijei seu peito esquerdo, por cima da tatuagem. Eu nunca o esqueceria.
Mas acontece que eu precisava ir. Precisava me despedir de Kiara e Grant e voar para Hollywood, onde teria uma nova vida e novos planos.
Então eu me levantei e me vesti, enquanto Damon me fitava. Seus olhos vermelhos e lacrimejantes me observavam. Olhei para ele uma última vez e, antes de pensar muito, fui embora.
***
Se eu ficar
Eu apenas estarei em seu caminho
Então eu vou, mas eu sei
Que eu pensarei em você em cada passo do caminho -Whitney Houston
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Todas as suas Chances
CasualeEu tinha tudo. Um namorado. Um melhor amigo fantástico. Uma prima doidinha e a minha liberdade. Mas você chegou, Damon, e de uma forma absurdamente intensa, você me tirou tudo. E mesmo depois de transformar meu mundo em um inferno perfeito, eu consi...