T r i n t a e S e t e

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-O que trouxe você de volta?

Senti uma grande hesitação enquanto ele perguntava. Eu sabia que ele tinha medo. Eu também tinha. Mas acontece que se eu não fosse procura-lo, simplesmente não conseguiria seguir com a minha vida.

-Fiquei sabendo sobre o que aconteceu com você no dia em que... -Respirei fundo, reformulando as palavras. Ainda era difícil vê-lo na minha frente sem poder toca-lo -Quero pedir perdão por Louis ter aparecido naquele dia e...

-Eu tive o que merecia, coração. -Olhei no fundo de seus olhos . Senti tanta falta desse apelido que chegava a doer.

Afastei as lágrimas antes que ele percebesse a minha vulnerabilidade e balancei a cabeça.

-Você não errou mais do que eu, Damon, e Louis não tinha esse direito.

Um sorriso sem humor apareceu em seu rosto e meu coração se apertou. Saber que nós dois fomos um grande erro era tão doloroso quanto levar um tiro.

-Isso já não importa mais, importa?

E na verdade não importava. Mas eu não ia me sentir bem sem me desculpar.

-Você está bem? -Perguntei, enquanto o analisava.

Aquela pergunta tinha mais de um sentido e ele pareceu compreender.

Damon suspirou e deu de ombros, como se aquilo respondesse.

-O seu... noivo sabe que está aqui? Quero dizer... da última vez ele não me pareceu muito compreensivo.

-Eu e Louis não estamos mais juntos. Eu... Ele não é quem eu amo de verdade.

Ao dizer isso, Damon que antes olhava para o chão, me olhou intensamente. Vi ali muito mais que luxúria ou saudade. Vi esperança.

Só que eu não fui até ali esperando que tudo ficasse bem. Eu e Damon éramos duas pessoas que agora não teriam mais do que algumas lembranças. E eu precisava me acostumar com isso.

-Giulia, você nunca me deixou explicar o que houve naquele dia. Eu nunca realmente contei nada sobre nós. Eu não queria te perder, eu me sentia bem, me sentia inteiro quando eu estava com você e não faria nada que pudesse colocar um fim entre nós dois.

Respirei fundo e me ajeitei no sofá.

-Isso já não importa mais, importa?

Ele abaixou o olhar e suspirou. Talvez no fundo também sentisse que nós não poderíamos ficar juntos. Seria um futuro duvidoso, incerto e imprevisível. Nós juntos éramos imprevisíveis.

-Eu estou indo para Hollywood. Vou fazer cinema e não poderia ir sem antes te ver de novo e saber que está seguindo em frente.

Era verdade. Eu havia decidido fazer algo que realmente gostasse. Não seguiria os sonhos de outras pessoas já que seria eu quem o viveria.

Damon me encarou por um tempo e, depois de respirar profundamente, assentiu.

-Não posso te impedir, coração, então te desejo sorte e felicidade. -Susurrou enquanto fitava o chão.

Balancei a cabeça e me levantei, indo até a porta. Damon estava logo atrás. Quando segurei a maçaneta, uma mão quente e aconchegante cobriu a minha. Senti meu corpo estremecer e meus olhos, pela milésima vez desde que cheguei, se encheram de água.

-Adiantaria eu pedir para ficar comigo? -Sua voz era baixa e hesitante.

Se eu dissesse sim, poderia me arrepender, porque eu estaria abrindo mão de tudo por algo que eu nem sabia se era possível. Então antes que eu decidisse por impulso, me virei e o beijei.

Gemi em seus lábios enquanto chorava, tentando saciar de alguma forma aquela saudade que senti de cada movimento seu. A barba dele tocou de leve meus lábios enquanto suas mãos envolviam o meu corpo de modo delicado. Era como se estivéssemos tentando parar aquele tempo. Como se quiséssemos que durasse para sempre.

Ele me agarrou e me levantou, até que passei as pernas ao redor de sua cintura e agarrei seus ombros com força. As lágrimas foram parando aos poucos enquanto eu fechava os olhos para apreciar.

-Eu senti falta, muita falta. -Murmurava ele, incontáveis vezes, enquanto me carregava para o quarto no andar de cima.

Ele me deixou sobre a cama e tirou as roupas, enquanto eu tirava as minhas. Seu corpo cobriu o meu de modo lento e suave. Era quase como se ele estivesse gravando cada parte de mim, enquanto eu acariciava sua pele, beijando seus lábios e cada parte em que eu alcançava.

Logo Damon estocou dentro de mim. Cada investida eu chamava seu nome. Queria deixar a minha marca e aproveitar cada sensação já que era a última vez. No final, as lágrimas me invadiram novamente enquanto ele aumentava o ritmo e agarrava com força o lençol em volta da minha cabeça. Mordi seu ombro, cravando as unhas em suas costas e fechando os olhos, enquanto sentia a última sensação de êxtase tomar conta.

-Eu te amo, Giulia. Eu te amo, você é o meu coração. -Repetia ele, enquanto tomava meus lábios e ambos sentíamos o gosto misturado ao salgado das lágrimas.

Então o nosso ritmo diminuiu e ele se deixou cair sobre mim. O apertei forte e tentei respirar normalmente. Saber que ele me amava, saber que havia dito isso de forma tão sincera me abalou.

O empurrei levemente até que ele me olhasse.

-Eu sinto muito que tenha que ser assim, mas acho que não estamos prontos. -passei a mão ao redor de seu rosto e o beijei levemente -Eu te amo e quero que saiba que eu nunca vou te esquecer.

-Você sempre vai estar no meu coração.

Sorri, mesmo que ainda chorasse, e beijei seu peito esquerdo, por cima da tatuagem. Eu nunca o esqueceria.

Mas acontece que eu precisava ir. Precisava me despedir de Kiara e Grant e voar para Hollywood, onde teria uma nova vida e novos planos.

Então eu me levantei e me vesti, enquanto Damon me fitava. Seus olhos vermelhos e lacrimejantes me observavam. Olhei para ele uma última vez e, antes de pensar muito, fui embora.

***

Se eu ficar
Eu apenas estarei em seu caminho
Então eu vou, mas eu sei
Que eu pensarei em você em cada passo do caminho -Whitney Houston

Todas as suas ChancesOnde histórias criam vida. Descubra agora