18

56 10 21
                                    

Sou interrompida de meu choro excessivamente dramático quando minha mãe se enfia dentro do quarto. Ah não! Tudo o que eu menos quero é ter os olhares de pena queimando sobre minha pele.

Falho estupidamente ao tentar esconder meu rosto, porque como dizem, mães possuem olhos de águia.

- Meu Deus, menina! Toda vez que olho pra tua cara você ta chorando. – Senta-se na maca, com o olhar carregado de preocupação. – O que foi dessa vez?

Interessante que desde que BTS se esbarrou na minha vida, todos ao meu redor estão falando em coreano. Um ótimo exemplo disso é a mamãe, que praticamente durante o dia todo vem praticando a língua constantemente e que por um motivo desconhecido até em um momento frágil como este, continua a esquecer a existência do português como língua materna.

- Me de-deixa só! – Digo em meio a soluços, tentando me esconder com as mãos. Mesmo que eu tentasse explicar ela diria que aquilo era apenas uma paixonite boba, que daqui alguns anos já teria o esquecido ou algo do tipo.

- Vem cá, minha XingLing! – Abre os braços e logo me jogo neles de uma forma desajeitada. Talvez não importasse o quanto eu crescesse, minha mãe sempre faria questão de me chamar com aquele apelido bobo que havia criado quando eu era menor.

Deixo-me chorar em seu ombro por alguns minutos até que as lágrimas encontraram-se esgotáveis. Apenas aprecio o leve carinho em meu cabelo no meio àquele silêncio.

- Quer me contar agora? – Diz quebrando o silêncio.

Murmuro um "sim" e me desapego daquele abraço aconchegante, pronta pra ver a reação da minha mãe quando disser que era tudo por causa dele...

- Eu... – Vasculho em minha mente palavras certas. – Só me sinto mal por ter perdido quase tudo, mãe. Eu nasci pra poder ver aquele sorriso pessoalmente, eu amo muito aquele sorriso. Tudo ficou perfeito quando eu pude abraçá-lo e sentir seu cheirinho e me dói, me dói muito saber que daqui algumas horas ele vai voltar pra Coréia e nunca mais vou vê-lo. Até porque chances assim são únicas, e meu estoque de sorte já se esgotou sobrando apenas o azar.

Mal percebi que havia voltado a chorar, e tudo que eu menos queria naquele momento se transformou realidade. Minha mãe me encarava com pena, pena de uma filha fracassada que chora por um garoto que talvez nunca a notasse.

- Você realmente deve gostar dele, né filha? – Afirmo com a cabeça sentindo um vazio no peito.

- Então lute por ele! – Diz limpando uma lágrima em meu rosto. – Quanto mais você ficar aqui se lamentando, mais impossível vai ser.

- Você diz isso como se fosse fácil, mamãe. Ele vive ocupado e cercado de centenas de garotas que o desejam. O que sou eu perto disso tudo?

- Você é Kim Molly, minha filha! Tem coisa melhor que isso? – Rio soprado, às vezes eu queria ter um pouquinho da auto-estima da minha mãe.

- Olha, se você vai desistir ou não, a escolha é sua. – Diz já se levantando. – Eu no seu lugar não desistiria, aliás, a esperança é a última que morre e ela a qualquer momento pode bater à sua porta.

- Como assim? – Pergunto confusa. Aonde ela queria chegar com isso?

Mamãe estava realmente tentando falar um ditado? Acho que dessa vez ela o estragou de vez...

- Esquece! – E assim some do quarto, me deixando apenas com pontos de interrogações voando sobre a cabeça.

Bufo de frustração ao perceber que ela não voltaria para explicar aquilo direito. Deito-me sobre o travesseiro nada macio e fecho os olhos, na expectativa de tentar esquecer todo o desgosto em meu peito e dormir de vez.

Like a Dream ★ J-Hope ( Hiatus )Onde histórias criam vida. Descubra agora