Esta tinha sido uma noite repleta de sonhos, ou melhor, de pesadelos. A última vez que tinha ido verificar as horas ao telemóvel eram 5:57 da manhã e apenas tinha dormido uns quinze minutos seguidos. Podia jurar que sempre que fechava os olhos podia sentir o toque do André no meu corpo. Até o cheiro invadia os meus sentidos sempre que tentava descansar. Foi apenas mais perto do início do dia que o cansaço levou a melhor e fez com que conseguisse descansar um pouco.
Já era praticamente meio-dia quando acordei mais revigorada. Tanto o André como a Joana já não estavam na cama quando acordei. Fui até à cozinha ainda com um olho aberto e outro fechado e encontrei a Joana a cozinhar com o André a tentar montar um puzzle.
- Bom dia! - Anunciei.
- Bom dia, dorminhoca. - Respondeu a Joana. A cozinha encontrava-se num pequeno caos com várias panelas e louça já suja.
- Convidaste o exército para almoçar em casa? - Aproximei-me do meu filho que estava bastante entretido com o puzzle. - Então e o meu pequenote. Hoje a mamã não tem direito a um beijinho? - Sentei-me ao lado dele e apenas me dispensou uns segundos para me dar um beijo e voltou a atenção para o puzzle. - Isso é um beijo em condições? - Ele olhou lentamente para mim desconfiado. - Hoje a mamã precisa de muitos miminhos para ver se arrebita! - Puxou-me para ele com os seus pequenos braços e deu-me vários beijos na face abraçando-me no final. Retribuí o gesto e enchi-o de beijos. Não havia nada melhor do que isso para me sentir de coração cheio. Deixei-o a fazer o puzzle e levantei-me para ir junto da Joana.
- Como estás? - Questionou-me sem nunca tirar os olhos das panelas. - E não, não convidei o exército apesar de às vezes pensar que comemos as duas por um batalhão. Apenas aproveitei e já fiz a sopa para o André.
- Melhor agora que já recebi uma boa dose de amor. - Respondi olhando de relance para o André que continuava concentrado. - Obrigada por ontem teres passado o resto da noite comigo e por hoje teres tratado de tudo.
- Sabes que não tens de agradecer. Nunca te iria deixar sozinha depois de te ver acordar daquela maneira. Tens que me aturar para o bem e para o mal. - Vi-a enrugar o nariz o que era sinal de que vinha alguma notícia bombástica.
- Podes contar, Joana. Seja o que for não será tão mau como o meu pesadelo. - Insisti. Eu conhecia-a bem demais para saber que andara a magicar qualquer coisa. Ela é incapaz de estar quieta durante muito tempo e andava sempre a pensar em mil e uma coisas mirabolantes para fazer antes de morrer.
- Basicamente já organizei todo o nosso dia, ou pelo menos a nossa tarde e noite. Já tenho tudo combinado com certas pessoas por isso não podes reclamar nem recusar. - Começou. Se calhar desanuviar a cabeça e fazer alguns planos era uma boa ideia para me tirar de todo esta trama à minha volta.
- Isso é bom, onde é que vamos? - Perguntei curiosa.
- Achei que estavas a precisar de uma boa dose de relaxamento por isso temos sessão marcada num centro de massagens. - Esta rapariga quando pensa até tem boas ideias. - Depois vamos jantar e seguimos para o bar onde o Benny está a trabalhar nas férias. - Claro que os planos dela tinham de descambar eventualmente.
- Gostei muito da primeira parte e até do jantar. Mas esquece a parte do bar porque tenho o André e está fora de questão leva-lo. - Disse sem margem para discussão.
- Já sabia que ias dizer isso e porque também não era meu objectivo levar o meu afilhado para a noite, sou uma madrinha em condições. Aqui a tua excelentíssima amiga teve uma ideia espectacular que agrada a toda a gente. - Porque é que tinha medo do que poderia sair daquela cabecinha?