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- Gui, pára! - Reclamei com ele mas em vão. Ele continuava com aquele sorriso idiota pelo qual estava a começar a começar a ficar completamente rendida. - O professor vai mandar-nos para a rua se não parares com isto. - Estávamos a fazer o aquecimento antes de começar a aula de basquetebol. Apesar de ter sido mãe há poucos meses os médicos deram-me permissão para retomar as aulas práticas.

- O professor nem sequer está a olhar para nós. Além disso não vai ser ele que me vai impedir de beijar a minha namorada. - Antes que pudesse refutar os seus braços travam o meu movimento de corrida tempo suficiente para me beijar. - Agora se ficares aí parada com esse olhar perdidamente apaixonado por mim o professor vai reparar e vai expulsar-nos por conduta imprópria. - O loiro já se encontrava a alguns metros de mim e piscou-me o olho. Recomecei a corrida quando um colega de turma me tocou para que continuasse o aquecimento.

Tinha ficado perdida em pensamentos principalmente ao ouvir o "perdidamente apaixonado". Estava a dar a segunda oportunidade que a Joana tanto me chateava desde que saímos do Porto. Ao início não dei qualquer hipótese ao Guilherme quando começou a dar a entender que queria algo mais comigo. Ainda estava grávida quando o conheci e a última coisa que queria naquele momento era um relacionamento amoroso. As minhas últimas decisões ainda pesavam na minha consciência e não queria magoar mais ninguém há minha volta. Mas então ele conseguiu a proeza de invadir o meu espaço pessoal. Não sei como o fez nem quando mas quando dei por mim estava a ligar-lhe às quatro da manhã apenas para conversar sobre nada. Apenas para não me sentir no departamento amoroso tão sozinha. Ainda assim, será que estava perdidamente apaixonada?

Ele fazia-me rir, era um facto. Fazia sempre as coisas mais parvas e idiotas para me fazer rir. Para ele nunca existiam dias cinzentos. Conseguia encontrar sempre o lado bom de cada dia e principalmente de cada pessoa. Fazia-me esquecer todos os meus problemas era outro facto. Quando estava com ele conseguia aproveitar cada segundo como se fosse o último. Fazia-me sentir importante na sua vida. E acima de tudo estava mais do que há vontade com o André. Só me tinha perguntado uma vez pelo pai do André mas quando lhe disse que era um assunto complicado nunca mais me perguntou nada.

Mas isto tudo fazia de mim uma mulher apaixonada?

Dizem que devemos curar um desamor com um amor, mas será que realmente resulta? Principalmente quando uma parte de mim irá sempre amar o André. Será que tenho espaço para amar incondicionalmente outra pessoa sem ser o André? Será que posso amar alguém depois do que fiz?

Ouvi o apito do professor e nos reunimos à sua frente numa meia-lua. Ele começou a explicar o que iriamos fazer naquela aula e dividiu a turma em dois para fazer duas equipas. Eu tinha uma t-shirt vermelha vestida e por isso fui para a equipa colorida enquanto o Guilherme vestia uma t-shirt branca e foi para a equipa branca. Ele sorriu-me do outro lado do campo e tive a certeza que queria tentar. O meu coração não podia ficar pior pois não?




Claro que podia. Porque enganar uma pessoa sobre os nossos verdadeiros sentimentos nunca traria boas recordações. Realmente fui ingénua a achar que poderia esquecer o André com quem quer que fosse. A culpa nunca em momento algum foi do Guilherme, ele apenas se apaixonou pela pessoa errada.

Agora vê-lo aqui com o André ao meu lado soava como um murro no estomago. Continuávamos amigos mas não era a mesma coisa. Deixamos de conviver tanto e com isso acabei por me afastar de amigos em comum da faculdade. Acima de tudo ele não merecia que tivesse tentado esquecer uma pessoa com ele. Foi puro egoísmo da minha parte e nunca me perdoarei por isso.

André | André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora