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Encontrei o meu moreno à porta da minha escola com cara de poucos amigos. Tinha lhe pedido para me vir buscar para que me fosse levar aos meus treinos já que os meus pais não podiam. Ele aprontou-se a aceitar o pedido porque não incidia sobre o seu horário de treino. Isto de praticarmos os dois duas modalidades distintas punha-nos a cabeça em água com os horários mas lá nos íamos desenrascando. Havia dias que mal nos víamos mas aproveitávamos os outros para compensar. Antes de me dar um beijo retirou a minha mala de treino pesadíssima do ombro deixando-me ficar apenas com a raquete de ténis e a minha mala da escola.

- Que cara é essa, André? - Questionei quando me coloquei em bicos de pés para o cumprimentar. Os nossos lábios só se tocaram levemente antes de ele afastar a cabeça para trás. - Isso são modos de cumprimentar a namorada?

- Quem era aquele gajo que estava a falar contigo antes de saíres? - Enruguei a testa não percebendo de imediato do que estava a falar. Gajo? Foi então que na minha cabeça se fez luz e lembrei-me da conversa do Tomás.

- É o Tomás. - Informei e a carranca do moreno aumentou ainda mais. - Pára de fazer essa cara.

- O que é que ele queria? - Ele simplesmente ignorou o meu protesto e continuou com o seu interrogatório.

- Queria saber como podia inscrever-se em aulas de ténis. - Respondi contrariada. - Contente agora?

- Acreditas mesmo que era uma simples pergunta inocente? - É perfeitamente normal as pessoas de que gostam realmente terem ciúmes. Eu também os tinha mas quando são exagerados já não são saudáveis.

- O que isso importa? Não estou interessada nele caso não tenhas reparado porque tenho namorado e estou muito feliz com ele. - A expressão dele anemizou um pouco deixando-me um pouco mais leve.

- Estás mesmo feliz comigo? - Se havia coisa que me partia o coração era ouvir insegurança sobre nós na voz dele. Principalmente porque em momentos também podia sentir na minha própria voz. Estiquei-me novamente e uni os nossos lábios. Transmiti-lhe tudo o que sentia por ele naquele beijo para que não restassem dúvidas.

- Não podia desejar mais nada, André Miguel. És a única pessoa que desejo. - Finalmente toda a expressão negativa abandonou o seu rosto mostrando agora um enorme sorriso.

­- Nunca me canso de ouvir isso. - Os braços do moreno ladearam o meu corpo transportando-me para um abraço. Não havia sitio nenhum que superasse a segurança e o aconchego que transmitiam os braços dele ao meu redor. Podia facilmente morrer assim feliz.

- Esta conversa está muito bonita mas tenho treinos e também tens de estar no campo dentro de uma hora. - Relembrei. Ele colocou o braço esquerdo sobre os meus ombros puxando-me carinhosamente para junto dele e dirigimo-nos até ao carro do André. Dos pais do André, melhor.

Ele tinha tirado a carta há poucas semanas e a condução ainda era um pouco tremida. Sentei-me no banco do pendura depois de colocar toda a minha bagagem na mala do automóvel. O André apareceu ao meu lado instantes depois e meteu o carro a trabalhar iniciando a marcha. Quando chegamos à via rápida senti um peso na minha perna que me despertou do momentâneo transe provocado pela música que estava a tocar. Olhei em direcção à perna e encontrei a mão do moreno pousada nela.

- Tira a mãozinha daí, olha que temos um acidente. Ainda não tens destreza suficiente para só teres uma mão no volante. - Pousei a minha mão na dele e afastei-a da perna para que voltasse a focar na estrada.

- Sempre quis fazer isto, baby. - Ele sorria largamente e ainda me piscou o olho.

Este rapaz era a minha maior perdição.

André | André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora