Sabe quando você chega em casa depois de ter feito algo errado, e de repente, todo mundo fica quieto e te encara, apenas esperando por uma palavra ou explicação sua? Porém você não tem nada pra dizer, a não ser: "foi mal"? Conhece essa sensação? Esse acontecimento? Era exatamente o que estava acontecendo comigo agora.
A única diferença era que eu não havia entrado em casa. Eu tinha acordado na minha cama — como eu cheguei lá eu ainda não sei — e apenas Taehyung estava no meu quarto, me olhando com os olhos arregalados e o rosto mais pálido que o normal. Parecia amedrontado, preocupado, e me assustou um pouco acordar com ele me observando tão de perto, com os olhos inchados e vermelhos. Estava chorando?
— É... — murmurei, piscando um par de vezes. — Oi?
— Oi.
Ele continuou em silêncio, até engolir em seco.
— Tae...? — mostrei que queria uma explicação de algo, qualquer coisa.
— Primo, você... — ele suspirou alto. — Você se lembra do que aconteceu?
— Fui atropelado? — sentei na cama, ele me seguiu e se sentou ao meu lado.
— Não se lembra? — perguntou, encarando meu rosto atentamente e fui sincero, neguei com a cabeça e disse:
— Não me lembro.
— Do que você lembra? — pensei um pouco.
— Bem... Ahn... Eu lembro de comprar o doce da lojinha, e depois... Depois eu fui atrás de um garoto, mas você me atrapalhou e eu não consegui achá-lo.
— O garoto do álbum, não é?
— É... — entendi o olhar e os acenos como um incentivo para continuar. — Então você disse que iríamos em uma pizzaria. Depois... Hum... Oh. Puta merda.
Nossa, nossa, nossa!
— Lembrou? — o meu xingamento pareceu agitar ele. E me agitou também porque eu me lembrei da merda que havia acontecido.
— Lembrei! Caralho, eu vi aquele moleque que era super parecido com o ChimChim!
Ele se levantou e foi para perto da porta.
— Jeongguk... Eu acho melhor chamarmos os seus pais, talvez seja melhor a gente conversar sobre isso com eles... — ele estava saindo rápido.
Não, não, não! Ele não pode MESMO contar sobre aquilo para os meus pais!
— Ou! Espera aí. — eu me levantei rápido, agarrando seus braços. — Calma, deixa eu explicar!
— Explicar que você ainda vê o ChimChim?
Eu suspirei alto, apertando mais seu braço.
— Não. Eu não vejo, hyung. — o respondi, recebendo agora um olhar confuso . — Eu só vi um garoto muito parecido com ele. E eu fiquei nervoso.
— Era parecido? — ele franziu o cenho. — Como que você reconhece um amigo que não era real e que você não vê há sete anos? Por que está mentindo para mim?
— Não estou mentindo! — eu puxei-o para a cama e novamente nos sentamos. — É que, hyung, ele não era um simples amigo não real. Você sabe disso, é claro que eu reconheceria ele.
Tae suspirou frustrado.
— Então era parecido?
— Sim, era muito parecido. — confirmei. — Se lembra do que eu dizia sobre o ChimChim pra você?
— Que ele era loiro e que tinha olhos pequenos? — cerrou as pálpebras, parecia tentar lembrar de algo a mais. — E ele cantava... Ou ele tocava um instrumento? O que era mesmo?
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Meu amigo não tão imaginário {jikook} EM REVISÃO
Hayran KurguClínicas, psicólogos e sessões com os orientadores do colégio resumiam grande parte da infância de Jeon Jeongguk. Um garoto de dez anos com um amigo imaginário e nenhum amigo real era motivo de preocupação para seus pais e fonte de diversão para su...