Capítulo 12

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Mais tarde! 

Local desconhecido...

Emma já havia gritado tanto que suas cordas vocais doíam. Seus braços e pernas estavam em algemas grossas que lhe cortavam os pulsos e tornozelos toda vez que se mexia.

Sua mente girava, já estava ali a tanto tempo que já havia perdido a noção do tempo.

Ela tinha medo pois a cada segundo que se passava ela tinha mais certeza de que não sairia viva dali, ela estava com uma faixa nos olhos que a impedia de ver o lugar que estava, mas ela sentia seus olhos inchados de chorar e o direito provavelmente de um soco que recebeu.

O chão acima da sua cabeça rangeu, com uma pisada forte de seu torturador, que sempre a essa hora vinha vê-la. Ela não sabia o que ele fazia para confundir a cabeça dela, mas ela nunca se lembrava, para ela era sempre a mesma coisa, como se estivesse vivendo um lupe do tempo.

A porta que provavelmente estava enferrujada rangeu alto que doeu os ouvidos, e então ele se aproximou e Emma sentiu aquele mesmo arrepio na nuca, sabia que não era coisa boa.

Ele passa a mão sobre rosto marcado da jovem e ela se encolhe em um reflexo de medo.

_ Você devia ter fugido Emma. Devia ter desistido, devia ter escutado os avisos para fugir. _ Emma conhecia aquela voz tão bem, mas ela não conseguia associar a voz à pessoa, a pior dor era a dor da traição.

Sabia que já havia confiado nele inúmeras vezes, e podia jurar que até o amara um dia. Mas a imagem do seu rosto ainda não se formava, era estranho, pois a voz lhe era tão familiar.

_ P-por f-favor... me deixe... me deixe ir embora. _ Emma suplicou com a voz baixa e fraca.

_ Ah Emma. Você é linda sabia. Me encantei por você desde que te vi pela primeira vez. O brilho nos seus olhos iluminaria uma cidade inteira _ passa a mão pelo braço da jovem que tenta se afastar como um animal ferido _ eu não quero machucar você. Sua boca está cortada, mas eu já cuidei disso. O gosto dos seus beijos ainda estão em minha boca, queimando feito brasas.

Emma soluçava baixinho em decorrência ao choro que havia começado sem ela ao menos perceber. Era triste saber que havia sido um alvo fácil, ela fora avisada para fugir e não deu atenção.

Mas e se ela tivesse fugido?

Se ela tivesse desistido de tudo? Nada pelo qual lutou tanto valeria a pena, afinal seria como nadar, nadar e morrer na praia.

Ela queria mesmo era sair daquele lugar fétido. Era como se toda dor do mundo estivesse sobre ela, não pelo fato de estar sendo mantida em cárcere privado por um louco que a conhecia bem. A pior dor era saber que ela confiou o amou e entregou sua vida para ele.

_ P-por f-favor... _ pediu com a voz quase em um sussurro _ me deixe...ir embora. _ suplicou outra vez.

_ Ah meu amor. Minha doce menina. Eu não posso, ainda não. Logo você voltará, mas eu preciso de você aqui por enquanto. Você foi avisada para ficar longe, para fugir, mas mesmo assim você ficou e me desafiou, eu não pude resistir a sua afronta. _ sua voz era compassada, havia também traços de uma verdade assustadora.

_ Você não pode me manter aqui...pra sempre. Uma hora terá que fazer algo. Então se for me matar...faça agora. Por favor. Eu não aguento mais. _ podia parecer que ela estava sendo covarde por desistir tão rápido.

Mas talvez não tenha sido tão rápido quanto ela imaginava, mas ela já estava cansada de tentar lutar se no final ele acabaria matando-a mesmo, então ela só tentava passar a si mesma um conforto que ela sabia que não teria. Sua mente girava com a possibilidade de ser mais um corpo, mais uma vítima, mais uma filha de alguém, irmã, amiga, namorada, de ser só mais um número no meio de inúmeras tentativas falhas de encontra-lo.

_ Eu não posso matar você meu amor. Ainda não. Eu vou solta-la, mais cinco dias, passará rápido, eu prometo. Você tinha que ter me escutado Emma, você foi avisada inúmeras vezes para deixar o caso, Amber sabia, ela tentou te avisar, eu não queria que você fosse mais uma nessa lista, você não precisava estar aqui, mas você estava perto de me encontrar, estava perto. Seus toques sempre mexeram comigo, eu quis desistir de tudo por você, mas eu não consegui, e provavelmente eu não vou suportar que isso aconteça com você. Me perdoe. _ Ele fala e sai sem dizer mais nenhuma palavra.

Emma pensou durante muitas horas, incontáveis horas, pensou sobre o que ela não estava querendo ver, o que ela estava bloqueando.

A mente humana e o maior sistema operacional do universo, nesse sistema pode surgir diversas ideias e probabilidades, um sistema que ninguém além da própria pessoa era capaz de ter acesso, a arma mais letal. Pessoas armadas com esse sistema já fizeram um caos por todo o mundo. Adolf Hitler na Alemanha, Osama Bin Laden, líder da Al-Qaeda, organização fundamentalista Islâmica, que foi responsável pelo ataque às torres gêmeas no dia 11 de setembro de 2001.

Emma pensou que talvez a pessoa que estava mantendo ela presa tivesse o pensamento de querer pelo menos ser igual a uma dessas pessoas, que querem deixar o seu nome no mundo, sua marca. E ela seria só mais um efeito colateral dele.

Ela queria chorar, foi tão fácil prende-la, e ela nem sabia ao certo quanto tempo ejá estava presa, e nem se ainda estava em Seattle. Às vezes ela escutava Chuva, e todos sabem que Seattle chove quase que o tempo inteiro. Mas ela não tinha certeza. Nesse exato momento ela percebeu que estava tremendo de frio, e ainda havia pedras de gelo ao seu lado que só piorava tudo.

Algum tempo depois seus lábios pareciam estar congelados, os dedos estavam inchados e doíam, o corpo estava em pequenos espasmos de frio. Ela notou que estava chorando, e isso parecia muito normal para ela ultimamente.

A porta rangeu e ela escutou passos indo em sua direção no instinto ela fechou os olhos, mas logo se lembrou da venda em seus olhos.

_ Oi meu amor. Me desculpe por deixar você sentindo frio, fui comprar algumas coisas para você. _ Emma sentiu um calafrio no corpo.

Ao sentir o toque reconfortante do cobertor sobre sua pele fria ela quis agradecer, mas fez isso mentalmente, mesmo sem saber o porquê deveria agradecer. Não queria desenvolver uma síndrome de Estocolmo¹.

Ele não disse mais nada, apenas jogou mais um cobertor e saiu sem dizer uma só palavra.

Os dias passaram, e seu torturador levava sua comida e colocava lá, soltava ela e saia, era o único momento que ela tinha livre, já que seus últimos dias ela comia vendada e amarrada como se fosse um animal.

A porta rangeu e ela se preparou para se ver livre, estava fraca então ela nem arriscava lutar contra ele. Seria mais fácil mas ela não iria tentar a sorte.

_ Oi amor _ era essa mesma coisa todos os dias, ela já não suportava mais, por isso ficava calada _ hoje não vou soltar você _ ela se desespera _ mas fique calma, amanhã você sairá daqui. _ Emma sentiu seu corpo aliviar e logo se tensionar de novo.

O sequestrador se aproximou e tocou seu rosto com a ponta dos dedos, fazendo com que Emma se encolhesse.

Ela não queria sentir medo, fazia ela parecer fraca, e ela sabia que não era, ela lutou, ela buscou ele como se não houvesse amanhã, e ali estava ela, esse havia sido o resultado de investigar.

James, onde estaria ele que não a encontrou? Será que havia desistido dela? E Lucas? Por onde será que andavam? Ela queria acreditar que eles estavam buscando por ela, ela queria acreditar que eles não haviam desistido dela.

Seja como for ela sentia a angustia pesar em seu peito, sentia a dor lancinante em sua cabeça como se a qualquer momento fosse explodir.

Correr riscos é melhor do que passar o resto da vida arrependido por não ter tentado. Era essa frase que martelava a todo instante dentro de sua cabeça confusa e dolorida.

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Síndrome de Estocolmo é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade perante o seu agressor!

fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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