Capítulo 17

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A única coisa que Emma queria era sumir, ter força para jogar tudo isso fora e fugir, mas ela não é assim, como poderia deixar o James solto por aí feito louco fazendo o que ele bem quiser. Não é certo, mas estava complicado para ela continuar.

_ Tá calada meu amor. O que aconteceu? _ Francisco para ao lado da filha e pergunta já preocupado.

_ Não foi nada. Só foi estranho voltar e ver que todo mundo acha que eu sou a errada de tudo por culpar o James. _ Emma desabafa. É sempre bom conversar com o pai.

_ A culpa não é sua filha, ele é o psicopata e não você, e quando você desmascarar ele, todos vão reconhecer você minha filha. Acredite em mim. _ seu pai parecia estar mais conformado com a volta dela ao trabalho, mas a mãe ligava de cinco em cinco minutos, ela tinha que deixar a localização do celular sempre ativa e o celular está grampeado. Amber decidiu não ir embora, ela tinha medo, e Emma não a culpava. Agora ela dorme no quarto com Emma, por questão de segurança, segundo ela. Cada dia que passava mais certeza se tinha de que James era o responsável por tudo o que havia acontecido.

_ Como foi o primeiro dia de volta? _ a mãe pergunta.

_ Foi estranho, ninguém olhava para mim, eles cochichavam e me olhavam de volta, ou com pena ou com raiva.

_ Vai ficar tudo bem. _ meu pai a consola mais uma vez, tentando dar enfase que tudo ia mesmo ficar bem, não tem nada pior para um pai do que ver os filhos nesse estado.

_ Obrigada. Vou para o quarto tentar dormir, amanhã é um novo dia. _ abraça os pais e vai para o quarto se jogar na cama e tentar entender o que de fato estava acontecendo.

Estava tão cansada que nem percebeu ao certo quando dormiu, a intenção era não dormir, mas quando o despertador tocou percebeu que o plano de tinha sido em vão. E pela primeira vez em muito tempo dormiu e não teve pesadelos. Depois de fazer toda sua higienização e escolher uma roupa, alguém bate na porta. Amber ainda dormia tranquila na cama ao lado.

_ Bom dia meu amor _ a mãe fala sorrindo assim que ela abre _ tem alguém te esperando lá na sala.

_ Quem? _ pergunta curiosa.

_ Assim que descer vai ver. _ ela passa a mão no braço da filha e sai.

Emma terminou de se arrumar correndo e logo desceu, ela não sabia ao certo o que encontraria lá em baixo, o coração estava acelerado e as mãos suavam. Parte dela queria que fosse alguém que fosse tirar a culpa do James, ou que fosse até mesmo ele, mas só que se fosse ele a mãe nunca teria agido dessa forma.

_ Lucas _ ele estava sentado na poltrona ao lado da tv, estava tranquilo e bem vestido, uma pontada de decepção a atingiu em cheio. _ o que está fazendo aqui? _ pergunta tentando manter sua tristeza fora de percepção, Lucas é uma boa pessoa.

_ Vim te levar em um lugar, espero que confie em mim. Juro não te por em perigo, ligue seu rastreador por precaução. _ ele explica tranquilo.

_ Mas onde estamos indo de verdade? _ sua mãe a entrega um pote com algumas coisas pra ela comer até chegar lá e uma garrafa térmica com capuccino.

Lucas praticamente a arrastou para fora de casa, e ela tinha que confessar que estava curiosa para saber onde ele estava a levando.

Foram conversando coisas sem muito sentido no caminho, falaram sobre carros, casas, ensino médio, período de faculdade. Por um tempo ela até esqueci para onde era o suposto lugar misterioso que estavam indo.

_ Chegamos na primeira parada. _ aquilo parecia uma clínica. E realmente era, mais especificamente um lar de idosos.

Ele a pediu para esperar enquanto foi até a recepção, depois ele apresentou um papel, e poucos segundos depois retornou. A recepcionista os acompanhou e indicou o senhor de cabelos brancos sentado no jardim isolado. A recepcionista os deixou a sós e eles se aproximaram do senhor. Sentaram ao lado dele e ele sorriu para como resposta, Lucas pegou sua mão enrugada e calejada. Ele tinha uma aparência muito familiar, como Emma já tivesse visto ele em algum lugar, ou talvez fosse coisa da sua cabeça.

_ Papai _ ele disse sorrindo. Lucas havia a levado para conhecer o pai dele, e ela não sabia o que falar _ Oi, lembra de mim?

_ Não. _ o senhor continua sorrindo.

_ Sou eu, Lucas, seu filho. Eu estive aqui ontem, anteontem, semana passada e na outra. _ ele explica com paciência para o senhor.

_ Meu filho não chama Lucas. _ ele fala.

_ Sim, chama sim. Papai, estão te tratando bem?

_ Sim, meu filho. Tão sim. Você veio me ver ontem? Não lembro.

_ Vim, é que o senhor está com Alzheimer, então esquece as coisas, mas não tem problema _ Lucas passa a mão pelo braço do pai _ eu trouxe uma amiga para te conhecer, ela se chama Emma.

_ Você já me falou dela. Muitas vezes, eu lembro. _ Emma sorri sem jeito e Lucas também.

_ Sim, eu já falei dela. Que bom que lembrou.

Ficaram mais um tempo com o pai de Lucas, ele tem muito cuidado por ele e Emma via o quanto se preocupa com ele.

Depois que saíram de lá Lucas disse que a levaria a outro lugar, quando chegaram ela se surpreendeu. Era lindo, tinha uma vista maravilhosa e dava para ver Seattle linda como sempre.

_ Obrigado por ter vindo comigo. _ ele fala assim que se sentam em um banco improvisado.

_ Eu que te agradeço por me deixar conhecê-lo. Eu adorei a forma como você o trata. _ fala olhando para a vista de Seattle.

_ É minha única família. Eu faço tudo por ele, porque ele cuidou e deu a vida por mim.

_ Então você fala de mim para o seu pai. _ ele ri.

_ Desculpe _ ele ri sem jeito _ não tem como não falar de você Emma. _ ela abaixa a cabeça sem graça.

_ Você é a única pessoa que ainda acredita que eu não estou louca, todos agora me olham estranho sabe, meus pais têm medo de que eu desapareça de novo, minha irmã não desgruda de mim, e todos no CCIS me olham como se eu fosse uma criminosa. _ fala baixo.

_ Mas você não é Emma. Pare de dar ouvidos a essa gente, você vai provar isso pra eles. Nós vamos, eu quero que confie em mim tudo bem? Eu estou aqui com você, não precisa ter medo. _ ele pega a mão da colega para passar um pouco mais de confiança para ela.

_ Ah Lucas. Eu realmente não sei o que seria de mim sem você, tem horas que eu quero sumir. Você já quis sumir não já?

_ Quem nunca quis? É normal nos sentirmos assim, nós, seres humanos somos programados a não lidar muito bem com essas questões, tudo que é muito emocional nossos neurônios não processam muito bem. Qualquer hora que precisar de mim eu estarei aqui para você entendeu. _ balança a cabeça agradecendo mentalmente.

_ Obrigada por ficar comigo Lucas. Eu não sei nem como te agradecer. _ ele tem um sorriso lindo que faz com que qualquer um sorria junto.

Assim que saíram de lá foram para o CCIS, afinal ainda tinha trabalho a fazer. Ficar o dia todo separando papel, que bela investigadora ela era.

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