"SOZINHA"

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Eu... Sou... Estranha! Bom... Pelo menos era o que eu escutei a vida toda. Até eu tomar meu rumo e seguir a minha vida. Eu vim de uma família pobre. Até onde eu sei, era uma família pobre. Tanto é que nem tiveram condições de me criar e me jogaram num orfanato. Mas foi lá que eu criei a minha família, já que a minha família biológica me abandonou. Mas eu os entendo. Vai ver eu nasci para ser sozinha, pois sou estranha. Então eu aceitei. Simplesmente... Aceitei. Viver como uma abandonada, porém determinada.

Este capítulo será totalmente narrado pela Laila (Lian):

Tudo começa há alguns anos atrás. Eu nasci! Infelizmente. A princípio minha mãe parecia feliz pela minha vinda ao mundo.

— Minha princesa! — diz a mãe de Lian chorando de emoção.

— Já sabe qual será o nome dela? — perguntam.

A minha mãe pensou... Pensou... Aí então, ela disse:

— Laila! Vai se chamar Laila.

Laila! Esse foi o melhor nome que a minha mãe conseguiu pensar. Vai ver a emoção subiu a cabeça e não a deixou raciocinar direito.

— Vamos levá-la para a observação e em alguns dias a senhora poderá levá-la para casa.

Eu já tive que ficar no hospital uns dois dias até que finalmente eu fui para casa. Todos pareciam estar muito felizes com a minha presença, principalmente a mamãe e o papai.

— Você é a garotinha mais linda que já vi filha. Eu vou te amar pra sempre. — diz o pai de Lian.

— Nem mexe. Essa é MINHA filha. — ironiza a mãe.

— Mas eu ajudei a fazer. — ironiza o pai.

— Nossa, que desnecessário. — diz a mãe.

Realmente pareciam estar muito felizes. Como eu disse antes, a minha família, até onde eu sei, era pobre. Então minha casa não era muito bonita, mas pelo menos eu tinha uma. Então seria ali que eu seria feliz, que eu iria receber amor, carinho... Era o que eu achava até se passar um ano.

Um ano depois...

Eu ainda dormia no quarto dos meus pais, numa noite chuvosa eles estavam conversando sobre se mudar e ter uma casa melhor, mas aí a mamãe falou:

— Amor, eu quero ter outro filho!

O papai olhou pra ela e disse:

— É sério?

— Sim! Não quero a Laila sozinha em casa sem uma companhia, se for uma menina melhor ainda. A gente precisa tentar. — diz a mãe.

Ter uma irmãzinha. Não parecia ser uma má ideia. Eu não iria ficar sozinha e teria uma companheira para conversar o dia todo. Então eu desejava muito ter uma irmã. E finalmente o papai e a mamãe iriam me dar. Eu dormi. Simplesmente dormi.

Nove meses depois...

Ela nasce! Cerca de dois anos depois do meu nascimento a minha irmãzinha veio ao mundo. Mas por algum motivo, mamãe e papai não estavam muito felizes. Eles viviam brigando por tudo, chegaram a ficar com fome para me alimentar. A situação era muito ruim e ainda veio mais uma filha para aumentar as despesas. Foi quando eu os ouvi conversando durante outra madrugada chuvosa.

— Não dá pra continuar assim. — diz o pai.

— Nós precisamos sair para trabalhar. Mas aqui nessa cidade não dá. — diz a mãe.

— Nós temos que sair da cidade então. — diz o pai.

— Mas e as meninas?

— Nós só temos condições de criar uma. Não temos como cuidar das duas e ter algo para comer no almoço. — diz o pai.

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