No quarto, o médico começa a tirar as faixas de Manuela. Ela abre os olhos fantasiada, estava descobrindo um mundo novo com seus olhos que agora podiam ver.
-Está enxergando?-médico
-Perfeitamente, que maravilhoso!-Manuela
-É só para checar mesmo, pois 10% dos casos de pessoas que fazem essa cirurgia não recuperam a visão totalmente, ficam vendo embaçado, sabe, nesses casos é necessário outra intervenção cirúrgica, o que não é o seu caso, pelo que vejo sua visão está ótima-médico
Janaína entra no quarto.
-Amiga, eu posso te ver -Manuela muito feliz
-Vamos ver, qual a cor da minha blusa?-Janaína
-Rosa-Manuela
-E da minha saia?-
-Preta
-Ah, você está enxergando mesmo -Janaína -Parabéns, Manu
-Você quer se ver no espelho agora, Manuela?-médico
-Quero sim-Manuela e o médico lhe entrega o espelho
-Vou deixar vocês à sós-médico
Manuela se olha no espelho, como era bom poder se ver no espelho, mas ela não sabia dizer se era bonita ou feia. Apenas observava seu rosto cheio, seus grandes olhos castanhos, sua boca definidamente desenhada e seu nariz largo, e arrebitado
-Tá vendo como você é linda, amiga -Janaína
-Eu Não acho-Manuela-Você que é linda
-Você é sim, Manu, deixe de modéstia-Janaína
-Queria tanto que a Anastácia tivesse aqui conosco para eu poder vê-la -Manuela
-Se você quiser, a gente pode ir no cemitério abrir a cova dela e desenterrar ela, assim poderá ver ela-Janaína rindo
-Meu Deus, Jana, não diga besteira
-Tô brincando, que Deus a tenha -Janaína
-Mudando de assunto, cadê o Afonso? Ele pediu para ser o último a entrar, quer conversar à sós com você -Janaína -Vou chamar ele
Janaína sai do quarto e Manuela fica esperando Afonso balançando suas pernas inquietas na cadeira. Até que um belo homem alto com os olhos azuis entra na sala trazendo flores.
-Oi, Manu
-Oi-diz Manuela se levantando rapidamente da maca e corre para abraçar e beijá-lo.
-Manu, são para você-Afonso
-Obrigada, meu amor-Manuela lhe dando um beijo rápido
-Afonso, posso te fazer uma pergunta?-fala Manuela insegura
-Claro-Afonso-Pode falar
-Você me acha bonita?-Manuela
Um sorriso encantador se projeta nos lábios de Afonso.
-Acho-Afonso faz uma pausa -Você é a mulher mais linda que já conheci
-Sério?-Manuela
-Sério, mas não é por causa da sua beleza física que estou com você e sim pela sua beleza interior -Afonso
Manuela sorri e beija Afonso intensamente.
No apartamento de Caio, Pérola e ele estavam no sofá da sala conversando.
-Caio-Pérola pega na mão do namorado -Eu te amo muito e sabe... a gente tá namorando há um ano e sabe... eu acho que a gente poderia formalizar o nosso compromisso, eu, você e o Caio Filho nos tornaríamos uma família
-O que você quer dizer com isso?-Caio
-Quero dizer que.... poderíamos planejar que daqui a um ano ou dois nos casemos -Pérola
-Eu discordo-Caio-Acho muito cedo para isso, há um mês atrás eu te apresentei minha família, não quero apressar as coisas
-Você tem toda a razão, desculpa por eu ter tocado nesse assunto, eu que sou uma tonta mesmo -Pérola
-Ei, amor, você não é uma tonta de jeito nenhum -Caio-Não é que eu não queira casar com você, é que eu não quero me casar com você agora, ainda é muito cedo -Caio a abraça
No apartamento de Afonso, Manuela e ele chegam do hospital. Ela parecia uma criança observando a paisagem no carro felicíssima. Pela primeira vez pôde observar a fachada do prédio e a decoração do apartamento. Agora Manuela era plenamente feliz. Ninguém poderia tirar essa felicidade dela. Será que nem mesmo uma verdade omitida?!
No dia seguinte, Manuela vai visitar sua mãe biológica no abrigo. A primeira vai contar a segunda todas as novidades e outras coisas.
Manuela a encontra no seu quarto sentada na cama. Eram quartos simples os do abrigo, mas bastante aconchegantes.
-Boa tarde, mamãe -Manuela
Os olhos da mulher se enchem de alegria ao ver Manuela.
-Como a senhora está?-Manuela-Trouxe um bolinho de laranja para a senhora
Manuela puxa uma cadeira e senta-se à frente de Maria Leda. Hoje ela estava afim de papear, mesmo que não houvesse resposta.
-Mamãe, tenho que contar algumas coisas para a senhora -Manuela -Eu era cega, já contei isso para a senhora, mas eu fiz uma cirurgia para voltar a enxergar. Minha cegueira é devido um acidente que sofri quando tinha 8 anos e o mau caráter que estava dirigindo o carro me atropelou, não prestou socorro e eu fiquei cega, mas graças a Deus, o meu namorado que é um bom homem pagou a cirurgia para eu voltar a enxergar, eu o amo muito.
-Sede, sede-a mulher fala
-A senhora quer água? Eu vou buscar -Manuela
Ela vai até a cozinha do abrigo pegar água para a mãe. No caminho vê um pai chamando o filho para ir embora. Aparentemente, o pai levou o filho para visitar a avó. Devido a isso, ela se lembrou do pai biológico, gostaria muito que Maria Leda falasse dele, mas não custava tentar . Trouxe o copo e a garrafa d'água. A mulher bebe a água.
-Mãe, você pode me falar um pouco sobre meu pai?-Manuela
Maria Leda fica tão assustada com a pergunta que acaba soltando o copo de vidro no chão fazendo quebrar-se.
-An-an-tô-tô-nio Mu-mu-nhoz es-es-tá mo-mo-morto-fala Leda gaguejando
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Anos de Solidão
RomanceManuela é uma menina que tem tudo, mas ela sofre discriminação pelo fato de ser cega. Para o bem dela, sua família achou melhor levá-la a frequentar um grupo de apoio. Durante essa narrativa, ela vai descobrir coisas sobre sua vida e sentimentos que...