7 Anos Depois

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Faz 7 anos desde que adotei o Taehyung.

E honestamente, eu deveria ter entregado-o para alguém melhor que eu.

Começou no ano seguinte à adoção dele. Eu e minha omma fomos registrar Taehyung num cartório, porque querendo ou não, ele também era meio humano. Eu me surpreendi ao saber que adotei Taehyung no aniversário dele.

- Hyung foi o meló plesente de anivesáio que Taetae zá ganhou! - Ele me abraçou e sorriu, e eu me senti meio culpado por não ter dado nada para ele. Mas ele insistiu que meu presente para ele havia sido uma família.

Compramos roupas normais para Taehyung, mas ele quase não as usava porque preferia as de Chaerin. Ele insistia que gostava mais de rosa e que as roupas de Chaerin lhe davam boas lembranças, então nós não nos preocupamos em deixar. Até a própria Chaerin gostava de emprestar suas roupas para ele.

- Nya! A noona é tão legal! - Ele abraçava Chaerin sempre que esta lhe enprestava algo.

- Taetae, eu vou te apertar tanto... - Ela ria.

Até meu pai havia se aquietado. Ele quase nunca voltava pra casa bêbado, sempre cumprimentava todos quando chegava em casa e até fazia coisas conosco. Mas mesmo acreditando que Taehyung havia amolecido seu coração, eu não me deixava enganar. Sempre que ele chegava, Taehyung subia para meu quarto, me obedecendo sobre o aviso que eu havia dado. Então eu sempre inventava uma desculpa e levava o jantar de Taehyung para meu quarto, onde ele sempre dividia comigo.

Nosso convívio estava ótimo até que minha omma morreu.

Minha omma morreu jovem, mas não era nenhum problema mental, e sim a descoberta de um tumor maligno silencioso em seus cérebro, que havia corrompido-o por completo. Não havia chances de cura. Porém minha omma permaneceu feliz conosco durante seus últimos 6 de vida. Quando ela morreu, eu tinha exatamente 13 anos.

Taehyung era a única coisa que animava a mim e Chaerin, dizendo que nossa omma (ele havia começado a chamá-la assim também) estava junto com os anjinhos agora, e ele tinha certeza que ela também estava nos olhando.

Mas pior que a morte de minha omma, foi no que meu appa se tornou logo depois da descoberta do câncer de minha omma.

Eu estava voltando da escola quando senti a falta de Taehyung na casa. O procurei por todos os lados, o encontrando miando desesperado no porão, preso em uma minúscula gaiola de ferro.

- Taehyung! Quem fez isso? - Eu tentei o libertar, mas a grade estava acorrentada e presa com três cadeados fortes.

- Fui eu. - Meu pai apareceu lá, levando um minúsculo prato de comida. - esse animal está piorando o estado da sua mãe.

- Mas ela adora ele! E como ele pode estar piorando? - Fui cortado com um forte tapa desferido contra meu rosto, e ouvi Taehyung miar alto, em pânico, enquanto a dor consumia meu rosto.

- Não me questione. E você que vai cuidar dessa aberração aí. - ele pôs a comida no chão, e eu percebi que ele estava completamente bêbado.

A partir disso, nossa relação ficou cada vez mais difícil. Taehyung nunca foi solto dali, e eu sempre aparecia machucado por culpa de meu pai. Chaerin, que havia começado a namorar, nos pediu desculpas mas ela própria não queria mais ficar ali. Eu disse que estava tudo bem e que dava razão a ela, mas depois que ela se foi, meu pai começou a agir cada vez pior comigo.

E já faz tempo demais, na minha opinião.

Hoje estou com 16 anos, e Taehyung com 13. Ele aprendeu a falar em primeira pessoa e só sabe ler e escrever porque eu o ensino. Além de nunca ter ido à escola, Taehyung não consegue mais andar. A gaiola dele era muito pequena para ficar de pé, e ele ficava engatinhando dentro do pequeno espaço dela. E por culpa daquele estúpido, Taehyung tem problemas de saúde por causa da falta de sol.

Mas nem por isso Taehyung deixava de ser feliz e carinhoso comigo. Sempre dizendo palavras de conforto para mim, me consolando.

- Vai ficar tudo bem, hyung. - Ele sorriu acariciando minha bochecha. Ele havia emagrecido muito, mal parecia aquele garotinho saudável de pouco tempo atrás. - Nós vamos sair daqui e viver felizes numa casinha só nossa.

- Eu espero, Taetae. - depositei um beijo em sua testa, aproveitando que ele estava feliz.

- Hyung... eu me pergunto se devo lhe chamar de "mestre". - Ele fez um biquinho, e eu ri.

- Por quê?

- Porque você sempre cuidou de mim... e nas histórias que eu leio, alguns animais chamam os donos de "amo" ou "mestre". - ele me olhou com aqueles maravilhosos olhinhos cor de mel, sempre brilhantes. - acho que é uma forma de respeito...

- Ok, então... se isso te deixa feliz, por que não? - Eu sorri acariciando suas orelhinhas, fazendo-o ronronar. Só aí notei que Taehyung estava extremamente sujo. Aquele homem estúpido só dá banho no Taehyung a cada dois meses, e nem um banho era. Ele só enchia um balde com água gelada e jogava nele, sem o mínimo cuidado. Eu ficava surpreso em como Taehyung ainda conseguia agradecer a ele pelo "banho".

Eu dei um pulo ao ouvir o portão do porão ser aberto pelo meu pai, que estava completamente bêbado dessa vez, com uma garrafa de cachaça pura na mão.

- Cadê aquele maldito gato? Eu preciso dar uma porra de um banho nele.

Eu imediatamente me pus à frente de Taehyung.

- Deixa que eu faço isso. Você não está em condições. - Eu imediatamente senti sua mão contra meu rosto, mas dessa vez eu revidei. Havia me cansado de apanhar e só chorar.

Afastei sua mão de mim com violência, e ele caiu pra trás.

- Quem você acha que é, Min Yoongi? Desafiando o próprio pai? - Ele se levantou e desferiu um tapa contra mim novamente, e eu ouvi Taehyung miar em pânico.

O ódio que eu já sentia dele começava a se mostrar presente.

- Você nunca foi meu pai. Você não é digno nem de existir, seu merda! - Eu o chutei na barriga, e ele bateu as costas na parede, e ergueu os olhos pra mim em fúria.

- Não devia nem ter te posto no mundo. - Ele puxou uma pistola do além, e eu fiquei pálido.

- MESTRE! - Taehyung gritou em pânico, balançando sua gaiola. Isso fez meu pai sorrir.

- Como o mestre ia ficar sem seu gatinho? - Ele apontou a pistola diretamente para a testa de Taehyung.

- NÃO! - Eu não sei de onde retirei tanta coragem, mas consegui chutar a arma para longe da mão dele. - NÃO OUSE ENCOSTAR UMA PATA NO TAEHYUNG, SEU DESGRAÇADO!

Num momento, fui consumido totalmente pelo ódio. Não ia deixar ele tocar em Taehyung nenhuma vez sequer.

Aproveitando sua desnorteação, não medi esforços para acertar um soco bem no meio de sua cara horrível, fazendo o nariz dele sangrar.

Taehyung estava ainda mais pálido que eu, mas viu o que eu vi ao mesmo tempo.

As chaves da gaiola.

Não tive tempo de pegá-las porque aquele homem cruel se levantou novamente, e se jogou em cima de mim, impossibilitando meus movimentos.

- É finalmente hoje que eu vou ter o prazer de acabar com a sua raça, Min Yoongi! - Ele novamente pegou a arma, e eu fiquei totalmente pálido. -Vá pro inferno!

- Solta ele!

Quando eu menos esperava, um Taehyung totalmente em desespero afundou as garras naquele homem desprezível.

Ele gritou de dor e imediatamente empurrou Taehyung com força no chão. Ele não conseguia se mover, então se arrastava com os olhos esbugalhados enquanto tentava sair do alcance dele.

- Quem você acha que é para tocar em mim, sua aberração horrenda? - Ele levantou a mão para bater em Taehyung.

- NÃO SE ATREVA A TOCAR NUM FIO DE CABELO DELE! - Eu peguei a arma e apontei para ele. - Volte para o inferno que é de onde você veio, seu maldito demônio!

E apertei o gatilho. 

Kitten? (myg + kth)Onde histórias criam vida. Descubra agora