Capítulo 4

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- Herbert!- Ava acorda, gritando e banhada de suor.- olha para o teto do quarto e se vira de lado, se perguntando quando isso vai cessar.

Ela vinha sonhando com Herbert todos os dias, nas poucas horas que conseguia dormir de dia, já que trabalhava todas as noites no hospital.

Mesmo depois de três meses, a dor ainda persistia, apesar da sua rotina não lhe dar tempo para pensar.

Trabalhava de segunda a sexta, pegava às oito da noite no hospital e saia às seis da manhã, tinha os finais de semana livres, mas para ocupar seu tempo, trabalhava de voluntária em uma clinica de idosos, como Clínica Geral.

Fazia academia também, depois que saia do trabalho, se cansava ao extremo para poder chegar em casa e conseguir dormir. Sentia muito a falta de Herbert, de dormir com ele, de sentir seu corpo aconchegado ao dele.

- Droga.- esmurra o travesseiro e se levanta. Olha no relógio e vê que ainda é cedo para ir para o hospital. Mas mesmo assim decide tomar um banho, se arrumar e sair para jantar fora, para depois ir para seu plantão.

Seu celular toca e ela vê que é Phoebe.

- Oi Afilhada.- atende sorrindo, está morta de saudades dela.

- Oi Prima, saudades de você, te acordei?

- Não, vou me arrumar, comer algo e ir para o meu plantão. E Zac, as crianças, seus pais?

- Estão bem, todo mundo com saudades.

- Eu também.

- Ava tenho que te falar algo, seu apartamento está fechado há meses, tem um monte de carta acumulada na portaria, eu queria saber se você se incomodaria se o abríssemos com um chaveiro, eu e sua mãe, e o arrumássemos pra você até você decidir o que fazer com ele.

- Quero vende-lo Phoebe. Já tinha ponderado esse assunto, é a melhor coisa a fazer.

- Você tem certeza?

- Sim, não pretendo voltar, meu trabalho é ótimo, esse apartamento em que vivo também, faça isso, chame um chaveiro, o abra, separe todas as minhas coisas pessoais, roupas, sapatos que deixei aí, mande para a casa de minha mãe. – ela suspira para tomar coragem- as coisas de Herbert, roupas e sapatos, mande para doação, fale com meu pai, peça para ele colocar a venda, quando estiver tudo resolvido, vou até aí para assinar.

- Então está bem e a correspondência?

- Separe o que interessa, e me envia, o resto jogue fora.

- Ava, você poderia vir nos ver, Vó Grace sempre pergunta por você, ela já está de idade.

- Me deixa pensar um pouco mais, criar coragem, e vou ver vocês. – Ava solta um suspiro, pensando se vai conseguir fazer isso. Tem lutado todos os dias para se esquecer do que viveu, e ir para Seattle é a mesma coisa que uma visita ao passado. Tem medo até de convidar Phoebe para vê-la em Portland, com medo de que ela traga a mãe a tiracolo e desestabilizar de novo.

- Ava, pensa com carinho e saiba que rezo todos os dias por você, seus afilhados te adoram, e estamos te apoiando em tudo, mesmo longe, você tem uma família.

- Eu sei disso e isso me mantem em pé, Phoebe, pode ter certeza.

- Está bem, fico feliz por você estar bem, vou ver sobre o apartamento com seus pais e te ligo depois, bom trabalho.

- Pra você também, com sua pequena creche.- ela sorri ao imaginar a Prima lhe fazendo careta, ela sempre ficava irada quando se referiam aos seus filhos assim.

- Só não te acerto por que você está longe, mas tudo bem te desculpo, por que te amo.

- Eu também te amo, beijos.

- Beijos.- Phoebe desliga o celular e encara o marido.- Ela está bem, ao que parece.

- Ela vai superar ela é forte.- Zac fala a abraçando. -Força é uma características das mulheres da sua família.

- É, mas Ava sempre foi a mais forte de todas nós, que sempre aguentou tudo e segurou as pontas de todo mundo e agora não quer ninguém segurando a dela.

- Ela vai superar.-  a afasta e olha para ela, demonstrando sua alma em seu olhar.- Perder alguém que se ama, por mais que doa, um dia passa e todos temos direito a uma segunda chance, foi o que aconteceu comigo, mas temos que abrir os olhos dela se essa segunda chance surgir, ela está tão fechada em si, que é capaz de não ver.

- É você tem razão, ela nunca vai esquecer Herbert, mas talvez encontre alguém para fazê-la feliz de novo.

- Como VOCÊ fez comigo, Phoebe Mitchel, eu te amo.

- Eu também, Zachary Mitchel.- e se joga nos braços dele o enchendo de beijos.

Ava passa na Administradora de seu apartamento e faz uma proposta de compra, sai de lá com a promessa de que vão estudar a proposta dela e depois darem uma resposta. Ela janta na lanchonete do hospital e começa seu turno.

- Boa noite, Betsy, alguma novidade?- fala para a Técnica de Enfermagem ao chegar à UTI, que lhe passa tudo o que aconteceu durante o dia.

Ava pega seu tablet e sai para fazer as visitas aos pacientes.

Acaba a visita na UTI e vai visitar os pacientes dos quartos, função que Nicholson lhe designará também.

Já havia acabado as visitas, dado altas para alguns pacientes, quando seu nome é chamado pelo sistema de alto falantes do hospital:

"- Dra Grey comparecer a emergência."

Ela apressa o passo até chegar a emergência, dois paramédicos estão descendo uma maca da ambulância, ela para ao lado e o paramédico fala:

- Homem de 40 anos, acidente de carro, suspeita de traumatismo craniano, costelas e tíbia.

- Vamos leva-lo para a sala de Tomo, e depois fazermos uma ressonância, - passa pelo balcão de enfermagem e fala para uma recepcionista:- Chame Dr Wilder, peça para ele me acompanhar na sala de Tomo.

Fazem a Tomo no homem e Ava fala:

- Ele está com uma hemorragia no cérebro, tem que ser operado, leve ao centro cirúrgico, depois Dr Wilder o examina, o principal é conter essa hemorragia.

Encaminha-se para o Centro Cirúrgico para se trocar e se preparar, enquanto os enfermeiros conduzem o homem.

Ela opera o homem e a cirurgia corre bem, Ava o manda para a UTI para ficar em observação e o Dr Wilder o examina lá mesmo e constata que ele fraturou duas costelas e teve fratura na Tíbia, necessita colocar uma haste de metal para fixar o osso, mas tem que esperar devido a operação do cérebro.

Ava sai para a recepção, para preencher o relatório médico sobre o paciente e pergunta para a recepcionista:

- Entraram em contato com a família?

- Com um irmão, ele mora em Washington, estará chegando amanhã.

Ela lê o nome do paciente: Joshua Lancaster.

- Ele estava sozinho no carro?

- Não, estava com a esposa, ela teve morte instantânea, devido aos ferimentos e esmagamento do tórax.

Ava sente um aperto no peito, pensando que esse homem é mais um para sofrer a dor de perder o ser amado.

50 Tons - Ava e sua EstóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora